12.

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Ele acorda com os raios de sol incomodando seus olhos, vira o corpo para o outro lado, na esperança de conseguir mais alguns minutos de descanso. Assim que se vira, porém, ouve uma batida fraca em sua porta.

Ainda tomado pelo sono, solta um grunhido irritado. Uma voz abafada surge por detrás da porta:

- Senhor Sacerdote, desculpe-me acordá-lo, mas preciso lembrá-lo que a Audição deve começar em uma hora. Todos já estão lhe esperando.

Ele arregala os olhos, repentinamente desperto, e salta da cama, se vestindo apressado. Em menos de cinco minutos já está saindo do quarto, Vero esperando do lado de fora.

O Auxiliador lança um olhar que o Sacerdote não sabe identificar muito bem.

- O que foi?

- Deixe-me ajudá-lo. – diz o velho, ajeitando sua túnica com as mãos trêmulas - O senhor não deveria sair desarrumado dessa forma. O senhor é o Sacerdote, e precisa inspirar mais confiança e...

- Vero, o que eu te disse sobre me chamar de senhor? – interrompe.

O Auxiliador dá um passo para trás. Sua estatura baixa faz seu olhar parecer mais assustado do que é na realidade.

- Perdoe-me, senhor, é que...

O Sacerdote não espera pelo resto, virando as costas com um suspiro de impaciência. Ele caminha rapidamente pelo corredor de pedra, a túnica dourada produzindo um leve chiado ao se arrastar pelo chão do Palácio.

Todos os Auxiliadores já estão sentados no salão principal, comendo. O murmúrio de suas vozes é subitamente interrompido por sua entrada brusca.

Sentado ao centro da mesa, o antigo Sacerdote olha para o filho, com um misto de reprovação e riso, gesticulando para que ocupe a cadeira vazia ao seu lado. O Sacerdote se senta e devora com pressa qualquer alimento que passe por perto, nem mesmo prestando atenção ao que seja.

Menos de uma hora depois, já está sobre o Púlpito.

O céu está coberto de nuvens, e o clima mais ameno, embora o calor do sol esteja aumentando a cada instante. Ele profere palavras vazias, sem pensar no que significam, tentando reproduzir os discursos genéricos que sempre ouvia seu pai dizer. Há certa agressividade e irritação em sua voz. Seus estados de humor, porém, passam despercebidos pelo povo, já que esta é apenas a segunda vez que o ouvem falar.

Ao acabar seu discurso, vira-se em direção às portas do Templo, que quase imediatamente começam a se separar, enchendo o ar com seu ruído pétreo e assustador.

O ar lá dentro, assim como da outra vez, é frio e antigo. Ele caminha para o interior, esperando as portas se fecharem atrás de si. Então se volta na direção delas e solta um longo suspiro.    

    

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Dantálion [COMPLETO]Where stories live. Discover now