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Eu tentei te salvar, mas não consigo encontrar a resposta
Estou me agarrando a você, nunca vou te soltar
Preciso de você comigo enquanto adentro as sombras.

Red - Shadows

Os dois caminham, já vestidos com o disfarce dos Surdos

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Os dois caminham, já vestidos com o disfarce dos Surdos.

Lúcio marcha quieto, ouvindo um leve murmúrio escapar da máscara do outro, que caminha à sua frente. Ele esfrega as mãos, que suam frio, com medo de falar.

- O captain, my captain... Our fearful trip is done... – sussurra Dantálion consigo mesmo.

- Você disse alguma coisa?

O vulto negro olha em sua direção.

- Nada.

- Você disse alguma coisa, eu ouvi.

- É só um poema.

O som dos passos sobre as folhas mortas é o único audível na floresta deserta e escura. Em meio ao frio da estação chuvosa, o mundo parece em luto.

- Sobre o que é? – pergunta o Sacerdote, aliviado por encontrar qualquer assunto mais leve.

- Sobre a glória... E a morte.

- Por que está pensando nessas coisas?

Não há resposta.

- Você quer me dizer algo, não quer, Moloque?

Lúcio suspira. Como poderia um ser humano normal enxergar todas as suas intenções daquela maneira, mesmo estando escondido por uma máscara?

- Os Auxiliadores fizeram outra reunião hoje de manhã. – responde quase inaudivelmente.

- É mesmo? E sobre o que falaram?

Ele encara os próprios pés enquanto caminha.

- Eles vão iniciar as buscas amanhã.

Dantálion continua a andar sem virar-se para vê-lo.

- E o que mais? – questiona sua voz metálica – Com certeza você não está nervoso assim só por causa disso.

Lúcio suspira mais uma vez, perturbado com a capacidade do outro de ler seus pensamentos.

- Anton quer ser meu Auxiliador pessoal.

Dantálion interrompe o passo bruscamente, fazendo os dois esbarrarem.

- Por favor, me diga que você não o aceitou.

- Eu não decidi nada ainda, eram só sugestões.

- Não faça isso.

- Talvez fosse uma boa ideia.

- Não faça isso, Lúcio.

- Por que não? Pelo menos, ele deixaria de ser Auxiliador da Justiça, e não teríamos mais que lidar com ele.

- Errado. Eu não teria que lidar com ele. Você teria que estar com ele por perto a cada segundo, e isso seria muito estúpido.

- Tente pelo menos considerar que...

- Não faça isso! – grita o outro de repente, virando em sua direção – Anton é a última pessoa que você deve ter como Auxiliador pessoal! Escolha qualquer imbecil, menos ele! O cretino arrancaria tudo de você em menos de cinco minutos!

- Como você pode ter tanta certeza?

Dantálion retoma a caminhada, sem responder à última pergunta.

- O que mais você tem a me dizer, Moloque?

- Era só isso.

- Não era, não.

- Como você pode saber?!

- Eu sei quando você está mentindo.

- Eu não estou mentindo.

- Está cada vez pior, garoto. Pare de tentar me enrolar e fale logo.

Lúcio respira fundo, trincando os dentes.

- Eles sugeriram que eu... Elegesse uma... Esposa.

- E o que você respondeu?

- Eu aceitei.

Ele percebe os punhos de Dantálion se cerrarem sob as mangas da túnica.

- Pensei que seria uma boa oportunidade – emenda o Sacerdote – de distraí-los e, quem sabe, colocar alguma integrante dos Surdos no Palácio. Está sendo muito difícil ficar sozinho.

- Devia ter pensado nisso antes de matar seu pai. – ataca com irritação - Os dois, aliás.

Lúcio para de caminhar.

Incapaz de responder à afronta, mantém o rosto baixo.

O outro percebe, parando também e voltando para se aproximar dele, colocando a mão em seu ombro.

- Me perdoe.

Lúcio tenta engolir as lágrimas que começam a umedecer sua máscara. Um estremecimento, porém, o denuncia.

- Você está chorando?

Ele não responde.

Inesperadamente, Dantálion o abraça, colocando a mão sob sua nuca para puxá-lo para perto de si.

- Perdão. Eu não queria te fazer chorar. Eu não devia ter dito aquilo. Foi um impulso idiota...

Tomado por uma explosão de raiva, o Sacerdote o empurra com força.

- Fique longe de mim! Eu não quero que você me abrace! Eu não quero que você me toque! Eu não te dei essa liberdade. Você está se esquecendo de quem eu sou, por acaso?! Quem você pensa que é?

Dantálion o solta e retoma a caminhada, assumindo um tom impessoal e frio, como se fosse novamente um desconhecido.

- Discutirei essa questão com os Surdos, e tomarei as decisões necessárias a respeito.    

"Capitão, meu Capitão, nossa jornada medonha chegou ao fim", é um trecho do poema de Walt Whitman, escrito em 1865, em ocasião da morte de Abraham Lincoln, presidente americano

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"Capitão, meu Capitão, nossa jornada medonha chegou ao fim", é um trecho do poema de Walt Whitman, escrito em 1865, em ocasião da morte de Abraham Lincoln, presidente americano.

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