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Você me queima, você me quebra,

Você sempre quer me arrastar para baixo com você

O que você quer de mim?

Eu não quero ter medo, eu não quero fugir

Eu não quero estar desaparecendo aqui,

É mais do que posso aguentar.

Eu nunca serei o mesmo,

Eu joguei tudo fora.

Apenas me solte!

Você me ama, você me odeia.

Você sempre quer me derrubar com você.

O que você quer de mim?

Apenas me solte!

LET GO - RED

Lúcio retira a túnica e a máscara com alívio

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Lúcio retira a túnica e a máscara com alívio. O ar gelado da madrugada sopra sua pele suada, permitindo-lhe finalmente respirar com facilidade. Só então percebe que Dantálion o observa fixamente.

- O que foi?

- Eu estou me perguntando como você está se sentindo agora.

Seus olhos negros estão anuviados, quase ausentes.

- Estou me sentindo ótimo, – responde o Sacerdote, ironicamente – principalmente depois das coisas bacanas que você disse a meu respeito.

Dantálion sacode a cabeça.

- Você ainda não entendeu mesmo, não é? – ele pega uma das máscaras e a mostra – O que foi que eu disse que acontece quando você coloca isto?

- Eu me torno Moloque. – responde, tentando imitar o tom de voz do outro.

- Muito bem. Então por que motivo você ficou chateado por eu ter falado mal do Sacerdote, Moloque?

Os dois se encaram por um momento mais longo do que deveriam, os olhos faiscando.

O Sacerdote vira as costas, resmungando para si mesmo:

- Nem todos são frios como você, Dantálion.

O outro finge que não escuta, e muda de assunto, sem perder seu tom severo:

- Antes de meu ilustríssimo soberano ir embora, preciso te dizer uma última coisa.

- O que foi? – fulmina.

- Depois de amanhã, na Audição, diga que a Voz pediu uma nova oferenda.

Ele arregala os olhos, incrédulo. Chocado com o comando, não consegue conter a raiva em sua voz:

- Quem você pensa que é para me dizer o que fazer? Para me dizer o que a Voz tem que dizer, inclusive?!

Dantálion se torna sombrio.

- Eu sou aquele que, no momento, vai garantir que você não seja morto. Além do mais, você concordou em me obedecer. Não seja estúpido agora.

- E você teve esta brilhante ideia sozinho?! De que, para continuar vivo, eu tenho que ser tão ruim quanto os Auxiliadores e tomar o pouco que o povo tem? Pensei que você estivesse do lado deles!

Dantálion se aproxima, fixando o olhar no seu.

- E qual a sua brilhante ideia, Sacerdote? Ser bonzinho e deixar os Auxiliadores acabarem com você, ou ser o pior que puder para nos ajudar a incitar uma rebelião e ficar livre de suspeitas?

- Esse é seu plano, Dantálion? Me usar para atrair o ódio de todos?! – ele pressiona um dedo contra a testa do garoto - Já passou por essa sua cabeça que eu serei o alvo de todos eles? Do povo? Dos Surdos? E, muito em breve, dos Auxiliadores?!

Dantálion afasta sua mão com um tapa. As palavras caem de sua boca como se pesassem uma tonelada:

- Eu sinto muito, sinto muito mesmo. Eu te avisei que se passasse daquela porta você só teria dor.

- Não! – grita o Sacerdote – Isso é pior do que ter dor! Você está me pedindo para causar dor aos outros em nome de seus objetivos estúpidos! Está me pedindo para agir com crueldade e ser odiado por todos, apenas para conseguir o que quer! Você quer ser o herói enquanto eu tenho que ser o seu vilão! Você é a pessoa mais egoísta e mais insensível que eu já conheci em toda minha vida, Dantálion! Aposto que você gosta de observar enquanto os outros sentem dor para livrar sua pele!

Numa explosão de raiva, Dantálion salta sobre ele, agarra a gola de sua roupa e o empurra com força para o chão, quase o jogando sobre as brasas ainda quentes da fogueira que tinham acendido. Insatisfeito, ele o agarra novamente, encostando a testa contra a sua para fuzilá-lo com os olhos transbordando de fúria.

- Você! Nunca ouse dizer isso outra vez! Está entendendo?! – ele o sacode, batendo sua cabeça contra o chão – Nunca mais diga o que você acabou de dizer! Você não sabe de absolutamente nada, está ouvindo?! Nada!

Descontrolado, ele larga o Sacerdote no chão e pega suas coisas, preparando-se para partir.

- Faça o que quiser amanhã! – cospe com fúria, sem nem ao menos virar-se para vê-lo – Mate a todos nós, se quiser! Se mate, se quiser! Eu não me importo comigo, nem com você! Você não passa de um idiota, Sacerdote! Você nunca vai entender nada! Eu errei ao achar que você seria capaz de fazer alguma coisa que não fosse apenas para seu próprio benefício! Volte para seu palácio e para os braços dos sanguessugas que vivem com você! É isso que você é! É essa a vida que você merece, seu verme nojento! E não volte aqui nunca mais! Se você aparecer no meu caminho de novo, eu mesmo te mato e resolvo essa situação!

Dantálion então lhe lança um olhar de profundo desprezo.

- Você e eu não somos iguais. Você é apenas mais um deles. Você é o inimigo.    

    

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Dantálion [COMPLETO]Where stories live. Discover now