"Quando eu morrer, você promete que vai continuar o que comecei, Lúcio?"
Todos olham em sua direção, à espera de suas palavras.
Eu prometo.
Agora ele é o Sacerdote, e também o líder dos Surdos.
O rei dourado e o rei negro, prontos para se aniquilarem mutuamente.
A ironia o faz rir em silêncio debaixo da máscara, um riso que não carrega nenhum traço de humor.
- As investigações foram encerradas. – diz – Isso significa que estaremos seguros, por enquanto. Ocorreu qualquer incidente com algum de vocês que possa nos colocar em risco?
Todos sacodem a cabeça.
- Muito bem, então prosseguiremos.
Ele se levanta, tomando um longo fôlego e caminhando em círculos enquanto formula os pensamentos, esforçando-se para imitar os jeitos de Dantálion.
- A situação não está boa, e precisamos agir imediatamente, ou seremos descobertos em breve. Gostaria que todos vocês se preparassem.
- Preparar para quê? – questiona um dos membros com mais influência, provavelmente Malphas.
- Para a guerra. – continua, apertando o encosto da cadeira vazia à sua frente - Durante a próxima Audição, vocês devem estar com as máscaras e permanecer escondidos atrás das árvores que rodeiam o palanque. Vocês receberão um sinal, e então deverão atacar os Auxiliadores.
- Você enlouqueceu, Dantálion?! – grita alguém – Isso é suicídio!
- Deixe-me explicar melhor. – ele retoma, erguendo as mãos à frente do corpo para pedir silêncio – Antes que tudo isso possa acontecer, nós teremos que espalhar boatos sobre os Surdos terem voltado, e vocês terão que espalhar boatos usando meu nome.
Mesmo escondidos sob as máscaras, a surpresa de cada um dos Surdos é perceptível.
- Vocês devem falar sobre Dantálion, e espalhar o boato de que fui eu quem matou o antigo Sacerdote.
- Você está querendo morrer? – interrompe outro.
Buer, até então pensativo, ergue a voz acima das outras:
- Ele está certo. Eu compreendo onde ele quer chegar, e faz muito sentido.
Todos se voltam para ele, aguardando a explicação.
- O povo não confia em nós, e essa é a única dificuldade que temos em tomar o poder. O que ele quer é que o povo nos reconheça como os assassinos, e assim estejam dispostos a lutar ao nosso lado contra os Auxiliadores. Estou certo, Dantálion?
- Exatamente.
- E o que faremos?! Matamos todos os Auxiliadores e o Sacerdote?! – pergunta uma voz levemente mais fina – E depois? Como ficam as coisas?
Lúcio reprime um tremor.
- Não. Nós apenas nos defenderemos caso eles nos ataquem de volta, o que eu duvido. São todos velhos e despreparados para a luta, eles se renderão fácil assim que aparecermos sobre o palanque. Além do mais, estamos quase em mesmo número que eles. O único mais perigoso é...
- O Auxiliador da Justiça. – corta Buer.
- Exato. Por isso eu pensei em cuidar dele pessoalmente enquanto vocês cercam os demais Auxiliadores. Não matem ninguém, a menos que seja estritamente necessário.
- Como saberemos quem você é? – pergunta a mesma voz fina de antes.
Ele abaixa a cabeça, medindo cada palavra com cuidado.
- Eu estarei no palanque.
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Dantálion [COMPLETO]
Science Fiction[DISTOPIA GAY] Lúcio está prestes a dar o passo mais importante de sua vida: assumir o lugar de seu pai como Sacerdote. Dias antes de sua iniciação, porém, as coisas começam a desandar... Dúvidas e medos de infância reaparecem. A insegurança em sua...