Dantálion [COMPLETO]

66.

Lúcio! Lúcio! Você precisa respirar!

Alguém chama seu nome. Alguém sem rosto. Apenas uma voz. A Voz...

Merda, respire!

Ele está em um corredor escuro, abafado, sem ar...

Olhe pra mim!

Algo abala a estrutura do corredor, comprimindo-o, doendo.

Lúcio! Você precisa lutar!

Um novo abalo. Uma dor seca reverbera pelo corredor. Que corredor é esse?

Por favor, Lúcio, não me abandone! Eu preciso de você! Por favor!

Um novo abalo atinge as paredes, fazendo uma corrente violenta de ar entrar, queimando. Aquilo começa a incomodá-lo. Precisa fazer algo para a dor parar.

Você está me ouvindo? Olhe para mim!

Precisa de luz. Precisa ver.

Abra os olhos, merda!

Os olhos. Não sabe exatamente onde ficam, mas sabe que estão em algum lugar. Precisa abrir os olhos...

Algo é então puxado, e o corredor inteiro arde com uma luz intensa que o atinge em cheio, dissipando a escuridão.

Um gemido de incômodo reverbera pelas paredes do corredor, que não são pretas, são vermelhas, como o sangue, e como a carne...

Você está me enxergando? Pisque para eu saber que está me ouvindo.

A luz começa a ficar suportável, uma figura tomando forma à sua frente.

Uma lanterna.

Uma lanterna e Dantálion segurando a lanterna contra seus olhos e esmurrando seu peito com a outra mão.

Ao ver que volta a reagir, Dantálion o solta, levantando-se e puxando os cabelos enquanto xinga, chutando tudo que vê em seu caminho.

Lúcio pisca algumas vezes, recobrando aos poucos os sentidos.

O garoto estaca no lugar, aflito.

- Que merda foi essa, Lúcio?!

- O quê? – pergunta, a voz soando rouca e fraca.

- Eu é que pergunto o quê! Você parou de respirar! Achei que fosse morrer na minha frente!

Lúcio pensa em responder, mas tem sua atenção atraída para a luminosidade alaranjada que começa a surgir no horizonte. Dantálion capta seu olhar.

- Precisamos correr. Agora.

Eles se levantam apressados e seguem na direção do Palácio.

- Corra sem olhar para trás. - comanda Dantálion – Eu estarei a dez metros de você. Se encontrar alguém em seu caminho, mate.

Lúcio olha para trás com um sorriso de escárnio.

- Eu não estou brincando. Rápido!