Drei.

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Marco se remexeu na cama, virando-se para o lado oposto à janela. Era segunda-feira e o sol brilhava forte lá fora, um despertador natural para quem gostaria de ter o privilégio de dormir até o meio dia. Mas ele não podia mais se dar aquele luxo, não quando era seu primeiro dia de trabalho e um hospital precisava dele para funcionar.

Com um suspiro, abriu seus olhos, encarando o despertador sobre o criado mudo. Sete da manhã. Ainda não estava atrasado, mas ficaria, se não tratasse de se levantar. O diretor do Hospital Geral St. Jude, tinha sido bem claro em questão de pontualidade — não que isso fosse problema para Marco, ele nunca se atrasava. Para nada.

Mas naquela manhã, em particular, se sentia exausto. Passara o final de semana todo, fazendo os últimos ajustes da mudança, tentando deixar o apartamento com mais cara de seu. E além disso, se pegara pensando na visita de Toni e em tudo o que ele falara. É claro que tinha se crucificado, por fazê-lo com tamanha frequência, mas simplesmente não pudera evitar. Havia anos que não se sentia daquela forma, aquela ansiedade que se remexe no seu estômago quando você fala com alguém, que nunca imaginou que falaria com você. Era apenas isso, a excitação de ter sido olhado da forma com a qual Toni Kroos o olhou. Não significava mais nada.

Com um esforço necessário, Reus se levantou, caminhando em passos rápidos até o banheiro. Tinha alguns poucos minutos para se aprontar e sair de casa, e não despedaçaria nem um pensando em coisas banais.

Deixou que a água levasse o cansaço físico embora, esfregando seus músculos doloridos com delicadeza. Contrariando o que seu corpo pedia, Marco foi rápido no que fazia. Assim como foi rápido em fechar o chuveiro, correr para o quarto e colocar sua melhor roupa. A combinação do jeans claro com a camiseta preta, dando-lhe um ar mais jovial e deixando sua aparência menos cansada, tudo perfeitamente calculado.

Pegou sua mochila — que passara o final de semana todo, jogada na poltrona — e saiu do apartamento. Era cedo, mas a cidade já estava parcialmente desperta, cheia de pessoas que corriam em direção ao seus compromissos, mesmo quando tudo o que queriam era ficar em casa. Marco sabia como elas se sentiam, mas encontrara uma forma de ignorar o desânimo. Faziam meses desde que ele andara por uma rua tumultuada, sem receios. Estava grato por finalmente poder fazê-lo.

O caminho até o hospital foi curto, assim como Marco observou que seria quando chegou na cidade. Seu apartamento era próximo do St. Jude, o que permitiria-lhe fazer pequenas economias todos os meses. Mais um ponto à favor de Greifswald.

Vislumbrou o prédio que seria o lar de seu trabalho por um tempo e admirou-se pela beleza pacata. Não era luxuoso, mas era familiar, e isso era tudo o que Marco precisava.

Permitiu-se sorrir enquanto checava o relógio e constatava que estava cinco minutos adiantado. E foi portando esse sorriso orgulhoso, que Reus debruçara-se no balcão de vidro e sorrira para a enfermeira.

— Chegou cedo, doutor. — o sorriso fora correspondido pela mulher — alguns anos mais velha que ele — enquanto ela entregava-lhe os papéis para assinar sua chegada. — Espero que tenha um bom primeiro dia.

Marco também esperava. Assinou a folha com tranquilidade, sentindo-se ansioso em relação aquele dia. Só tinha trabalhado em um hospital, em toda sua vida, e seu chefe era, bem, seu pai. Entregou as folhas para a mulher — Rita, pelo que pode ler em seu crachá — e se afastou com um sorriso, segurando a ficha de seu primeiro paciente, entre os dedos.

Marco era um homem de muitas palavras, mas não sabia como emprega-las em uma frase quando se encontrava nervoso ou ansioso — naquele momento, os dois. Caminhou até o vestiário, passeando seus olhos por todas as mínimas coisas que constituíam o hospital, se agradando com o que via.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Where stories live. Discover now