Neun.

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— Minha mãe quer conhecer você.

Era domingo de manhã, pouco mais de sete horas e Toni parecia desperto demais. Ele havia, simplesmente, aparecido ali e quase arrancado o botão da companhia com os dedos. Depois dos beijos que trocaram no sábado e das mensagens engraçadinhas de Toni no domingo, ele tinha simplesmente desaparecido do mapa por uma semana inteira. Marco não ligara e Toni também não o tinha feito, parecia algo que o loiro fazia com frequência, sumir e reaparecer quando Reus menos esperava.

Marco franziu o cenho, coçando seus olhos. Tinha tido uma noite péssima, resultado de uma semana longa demais.

— Você não dorme?

Toni sorriu, curvando-se para depositar um selinho em seus lábios, antes de passar por ele e entrar no apartamento. O beijo roubado foi suficiente para despertar Marco, que abriu os olhos em choque. Era a primeira vez que Toni entrava ali, e era a primeira vez que o cumprimentava daquele jeito.

— Isso é um convite? — Kroos murmurou, encostando-se contra o balcão que dividia a cozinha da sala. Reus revirou os olhos, fechando a porta. — Estou sendo evasivo?

Marco passou por ele, dando a volta no balcão. Precisava de um café e quem sabe assim, entenderia um pouco o que Toni falava.

— Está. — murmurou, ligando a cafeteira. Virou-se para o loiro, vendo-o se virar e apoiar os cotovelos sobre o mármore. O queixo apoiado sobre as mãos e um sorriso descarado entre os lábios. — Onde esteve?

Toni aumentou o sorriso, provavelmente maquinando uma resposta que não responderia nada.

— Ficou preocupado?

Marco voltou sua atenção para a cafeteira, bufando. Não tinha como não se preocupar, Kroos parecia ignorar todos os sinais de avisos e limites.

— Não precisa ficar preocupado. — o loiro voltou a murmurou, erguendo seu torso do balcão, adentrando a cozinha. Marco sentiu suas mãos circularem sua cintura e o nariz de Toni deslizar por sua nuca. Apertou os olhos, sentindo toda sua pele se arrepiar. — Rápido demais? — acenou em negação, virando seu corpo, ficando de frente com o loiro. Tinham quase a mesma altura, mas Toni parecia bem maior que ele. — Estive em Wackerow. — Toni sussurrou, aproximando seu rosto do de Marco. Era difícil raciocinar, quando ele ficava tão perto. Marco fechou os olhos. — Sentiu saudades?

Saudades. Parecia uma palavra tão forte e ainda assim, a única que conseguia explicar seu sentimento durante toda a semana. Não conseguia disfarçar seu mal humor e tinha dito à si mesmo — dezenas de vezes — que não era por conta do sumiço do loiro.

Negou com a cabeça, ouvindo o riso baixo de Toni. Kroos firmou as mãos, apertando-o contra o armário. O corpo duro e firme, pressionando-o contra a superfície de madeira.

— Tem certeza?

Reus voltou a negar, erguendo seus braços para tocar os ombros de Toni, antes de encaminhar suas mãos para a nuca do mesmo e trazer seu rosto para mais perto. Beijar Toni era como mergulhar em um mar turbulento e escuro, ao mesmo tempo que parecia-se com o ato de se agarrar à um bote salva-vidas. Era confuso e aliviador, e Marco não conseguia se manter afastado.

Deixou que a língua de Toni encontrasse a dele e aprofundasse o beijo, mantendo suas mãos firmes para não despencar. Os dedos de Toni apertando a pele de seu quadril por cima da camiseta fina, esquentando todo seu corpo. Nada de bom poderia sair daquilo, mas seria delicioso errar.

Permitiu que as mãos do loiro se tornassem mais ousadas e ajudou-o nos movimentos para senta-lo sobre o armário. As mãos firmes contra suas coxas, curiosas e famintas, enquanto seus lábios pareciam desesperados por mais. Toni o beijava com a mesma intensidade de antes, mas à cada toque, ele desfazia os nós que existiam em Marco e tornava tudo novo, como se jamais tivesse sido sentido.

Marco suspirou contra seus lábios, antes de afastar sua boca da dele. Toni permaneceu com os olhos fechados, mesmo quando as pontas dos dedos do ruivo traçaram sua pele. Ele continuava com a fisionomia exausta, como se não dormisse há séculos, como se nunca descansasse. Seus ferimentos já tinham desaparecido, mas Marco tinha certeza que encontraria novos, se procurasse por eles.

— Você precisa dormir. — soprou, deslizando seus dedos pelos lábios do outro. Finos e ressecados, deixando óbvio o quanto o cansaço o abalava.

— Está falando como médico? — Toni riu, abrindo suas pálpebras. Suas mãos ainda descansavam sobre as coxas de Marco, mas ele parecia ter recobrado o controle sobre si mesmo.

— Estou falando como quem se preocupa com você. — respondeu, segurando o rosto de Toni entre suas mãos. Aproximou novamente seus rostos, deixando um beijo em seus lábios antes de se afastar. — Meu sofá está livre essa noite.

Toni soltou um muxoxo, escondendo um sorriso em sua careta.

— Nada de cama? — perguntou, vendo Reus negar com uma risada. Ajudou o ruivo a descer do armário, dando-lhe espaço para sair e encostando seu próprio corpo por lá. — Eu daria minha cama para você.

Reus riu, quebrando dois ovos na frigideira. Toni podia imaginar seu rosto, sem nem ao menos vê-lo.

Adorava os momentos com Marco, por parecerem simples, por se sentir vivo de uma forma pacífica. Jamais imaginou que seria daquela forma, quando o viu no bar em seu primeiro dia na cidade. O ruivo, sentado ao lado de Tom, parecendo delicioso em suas roupas claras, parecia muito mais apetitoso agora que o conhecia. A inocência contida em olhos que já pareciam ter sofrido demais por uma vida inteira. Toni queria compartilhar com ele a paz que Marco dava-lhe, queria que ele se sentisse daquela forma. Leve e livre.

— Com você nela? — Marco perguntou, sua voz saindo brincalhona em palavras tão ousadas. Toni jamais podaria suas assas.

— Você adoraria. — resmungou, incapaz de barrar seus pensamentos, entrando na brincadeira. Estalou a língua, descendo seus olhos pelo corpo de Marco. A curva perfeita de sua bunda. Toni lambeu os lábios, antes de suspirar e desviar o olhar. — Então...

— Então... — Marco repetiu mecanicamente, fazendo Kroos rir.

— Quando pode jantar com a gente? — perguntou, sendo rápido e direto. Marco virou o rosto para ele, apertando seus olhos. — Hoje?

Reus voltou sua atenção para o que fazia. Toni parecia não ter medo de pisar no acelerador, mas ele tinha.

— Não acha cedo demais?

O loiro conteve o riso, desligando a cafeteira. Marco voltou a olha-lo, indicando a mesa com a cabeça. Toni se sentou, levando a jarra de café consigo.

— É um jantar de amigos, doutor, não de noivado.

Marco não respondeu imediatamente, demorando-se em colocar os ovos com o bacon em seus pratos. Soltou o suspiro, se sentando.

— Parece importante.

Toni deu de ombros, partindo o omelete com a faca. Estava faminto, não conseguira se sentar para comer com calma nos últimos dias.

— É porque você ainda não conhece minha família. — murmurou, ainda com a boca cheia. Marco quis rir. Mesmo que aquele ato fosse contra todas as regras de etiqueta que aprendera durante toda sua vida, não pudera deixar de achar adorável. E um pouco nojento. — Além do mais, Leon e os garotos vão estar lá.

Leon e os garotos. Toni falava com ele, como se Marco estivesse totalmente por dentro de tudo. Mas tudo bem, seria mais fácil se tivesse um rosto conhecido por lá.

— Como está Sérgio? — perguntou, tentando ganhar tempo enquanto mastigava.

— Dramatizando. — Toni respondeu, rindo baixo. — Isso é um "sim, Toni, irei"?

Marco revirou os olhos. Toni não desistiria — ele, não queria que Toni desistisse. Apertou os lábios; assentindo.

— É, é um sim.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Where stories live. Discover now