Siebzehn.

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Marco se sentou na cama abruptamente, sentindo seu coração bater com força contra seu peito e o eco das batidas ressonarem em seus ouvidos. Tentou controlar sua respiração e conter as lágrimas, esfregando os olhos para espiar o relógio sobre o criado mudo: 03:04. Soltou um suspiro, apertando os olhos com força, enquanto alcançava seu vidro de remédios as cegas e o engolia a seco.

Era comum ter pesadelos, mas já fazia um bom tempo que não eram relacionados com aquilo. Engoliu em seco, levando as mãos trêmulas até o próprio abdômen. Precisava superar, mas parecia tão difícil esquecer.

Em um lapso de lucidez, esticou as pernas, pondo-as para fora da cama e tocando os pés no chão com cuidado, tentando adquirir um pouco de equilíbrio. Era improvável que conseguisse voltar a dormir, mesmo que o sono ainda estivesse deixando-o zonzo.

Abriu a porta em silêncio, segurando a respiração quando a madeira rangeu. Não queria acordar Toni, mas precisava de um copo de leite quente, porque se ao menos não fosse voltar a dormir, seria bom ter algo com o qual ocupar as mãos.

Caminhou lentamente pelo pequeno corredor, parando na entrada entre a sala e a cozinha. Toni estava deitado de bruços, ressonando de leve, totalmente alheio à todo o resto. Marco sorriu para a cena, antes de seguir até a cozinha.

Aquele era um ritual praticamente diário nos seus últimos meses, principalmente em Dortmund. Ele sonhava com aquela noite com frequência nos primeiros meses e depois do sonho, bom, havia a insônia. Tinha feito terapia, escondido de Robert e de sua família, mas seu tratamento tinha sido interrompido depois que Marco deixou tudo e fugiu. Ele já tinha planejado abandonar Robert, antes de tudo acontecer, mas o ex marido parecia determinado a tentar de novo e agir de maneira diferente. E ele se esforçou, do jeito dele e o quanto pôde, mas não foi o suficiente. Mesmo depois da boa notícia, Marco não fora capaz de impedir que ele fizesse o que costumava fazer quando algo não o agradava.

Com um bocejo contido, Marco colocou o leite na panela e o assistiu começar a borbulhar. Aquela era uma receita simples e antiga de sua mãe, algo que Marco a vira fazendo com frequência, quando seu casamento não andava sendo dos melhores. Mas ao contrário de Marco, ela suportava e sorria quando falavam com ela. Uma felicidade fingida, uma máscara moldada, que Reus nunca soube como usar.

Apagou o fogo, enchendo sua caneca favorita — o melhor tio do mundo — até a borda, depois, se apoiou no balcão e levou o conteúdo quente até os lábios. Tinha optado por manter a luz apagada, pelo simples fato de que o feixe iria diretamente para o rosto de Toni, mas com a luz do luar Marco pode ver quando ele se movimentou contra o estofado e se permitiu pensar em Kroos. Aquilo vinha sendo sua válvula de escape, porque era mais fácil pensar no loiro, do que no resto de sua vida. Toni era sua rota de fuga, uma complicação bem-vinda, a única coisa que fazia sentido. Enquanto todo o resto estava uma total anarquia, Kroos jazia silencioso no sofá e na vida de Marco.

Reus terminou o leite, sentindo seu corpo reclamar do frio da madrugada, voltando a pedir o calor de sua cama. E foi pensando nisso, que ele largou a caneca na pia e andou na ponta dos pés até sair da cozinha, mas foi impedido no meio do caminho pela voz rouca de Toni. Seus planos de não atrapalha-lo, tinham sido frustrados.

— Marco?

Reus parou, apertando os olhos. Não tinha feito barulho, mas Toni parecia sempre atento à tudo. O que era compreensível, devido a vida que ele levava. Estar sempre alerta, era fundamental.

— Me desculpe. — o ruivo chiou, tão baixo quanto o loiro. — Volte a dormir.

Contrariando seu pedido, Toni se sentou no sofá, espiando por cima do encosto.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Where stories live. Discover now