Dogs of War. {Kreus Ver.}

Zwanzig.

A semana passou depressa, pelo simples fato de Marco não ter tido tempo para pensar em sua própria vida. Mario tinha tirado o restante da semana de folga e Reus aproveitou para pegar seus horários no plantão.
Era mais fácil sobreviver aos dias, tendo com o que ocupar a cabeça e as mãos, além de ser bem melhor do que passar as noites em claro em seu apartamento, sendo completamente inútil.

Toni tinha sumido por alguns dias, tendo mandado apenas algumas mensagens para Marco, apenas para acalma-lo e se certificar de que ele estava bem. Na sexta, o loiro apareceu na hora do almoço, com a desculpa de que sua mãe tinha cozinhado e mandado-o até ali. Mas foi bom vê-lo e foi bom passar aqueles minutos com Toni, antes de ter que voltar para sua rotina.
Tinha confirmado com Kroos a festa no dia seguinte e recebido um aceno positivo, mesmo que à contra-gosto. Ele não insistira em saber os motivos de Toni — apesar de saber que não era apenas pura implicância — porque sabia que se o fizesse, iria entrar em um assunto que não seria agradável para nenhum deles.

O resto do dia foi agitado, ao contrário da noite que parecia se arrastar aos poucos. Às cinco da manhã, Reus bateu seu ponto e caminhou até em casa. Estava cansado, o que renderia-lhe algumas horas de sono, que era exatamente o que ele precisava.

Toni chegaria às 20:00 em ponto, por isso, Marco prolongou seu sono e o colocou em dia, até que escureceu e ele se obrigou a levantar da cama.

Às sete já estava devidamente vestido e aproveitou a hora vaga para retornar a ligação que Yvonne tinha-lhe feito naquela manhã. O telefone chamou algumas vezes e quando Marco pensou que ela não atenderia, ouviu a voz da irmã soar do outro lado da linha.

— Você ligou. — um riso contido, seguido por um suspiro de alívio. — Pensei que não ligaria.

Seu peito de apertou um pouco mais, assim como seus dedos ao redor do telefone.

— Estive ocupado, sinto muito. — Marco se esforçou para falar. Era complicado falar com Yvonne, sem realmente poder contar com ela. Sua irmã merecia mais do que palavras ao vento, mas ele não sabia até que ponto tinha o que oferecer. — As coisas estão corridas por aqui, temos poucos médicos.

— Eles tem sorte em ter você. — sua voz soou orgulhosa. — Escute, falei com alguns amigos da polícia. — sua família era cheia de amigos na polícia, principalmente, quando se levava em conta que sua mãe e Yvonne eram advogadas — uma de defesa e a outra de acusação, era engraçado se sentar à mesa para jantar com ambas — e foi essa proximidade também, que fez com que Marco conhecesse Robert. — Ele continua na cidade e subiu de cargo, mas foi só isso que consegui descobrir.

— Recebi flores no começo da semana. — Marco rebateu imediatamente, confidenciando em um suspiro. — Orquídeas roxas.

— Acha que foi ele? — sua irmã perguntou em um sussurro. Marco ouvia a voz de Nico ao fundo, brigando com seu pai por não querer ir para a cama. Ele sorriu, porque em meio à tantas coisas, algumas nunca mudavam. — Marco, não falamos nada sobre você, desde que você foi embora.

— Eu nunca pensei nisso, Yv. — Reus garantiu. O som da campainha dando-lhe coragem para encerrar a ligação.— Preciso desligar.

— Mais trabalho?

— Um pouco de diversão.

Marco desligou. Não apenas porque Toni estava do outro lado da porta, mas porque preferia o silêncio à mentiras e não havia porquê alarmar Yvonne. Sua família nunca entendeu o real motivo da separação, mesmo que Yv tivesse dado a entender, várias vezes, que não era tão difícil assim saber.

Pousou o telefone no gancho e caminhou até a entrada. Kroos estava alguns minutos adiantado, algo que Marco não estava esperando para aquela noite, e estava certo em não esperar, porque ao abrir a porta não foi o rosto do loiro que encontrou. A ponta de seus tênis — o único que ele tinha e que parecia ser a pedida certa para aquela noite — esbarraram em uma pequena caixa de sapatos. Reus moveu os olhos pelo corredor, antes de se abaixar e tocar o objeto com as mãos trêmulas, para pega-lo e entrar depressa em casa.