Sechs.

185 19 4
                                    

Em uma hora de conversas aleatórias, Marco constatou que, talvez, tivesse tido uma opinião errada em relação à Toni. Claro, não totalmente, ele realmente estava envolvido com coisas que Marco "não ia querer saber". Fora isso, Reus descobrira bastante sobre sua personalidade. Ele era gentil e atencioso, uma pessoa extremamente próxima de sua família, e seus amigos eram tudo para ele.

Toni era um homem de muitas palavras e em poucos minutos, havia contado uma boa parte de sua vida para Marco. Ele tinha se formado em engenharia mecânica — mesmo que apenas para tocar a oficina para frente — em uma faculdade renomada no sul da Alemanha, tinha sido casado — como já havia relatado — e seus planos sempre envolveram sair do País. E no fim de seus relatos, Reus se pegou totalmente interessado na pessoa sentada à sua frente. Não somente no homem de vestes escuras, trabalhos ilegais e segredos sem limites, mas principalmente, no cara com o sorriso radiante demais para quem já parecia ter conhecido as partes mais obscuras do mundo.

— Tudo bem, — Toni murmurou, bebendo sua cerveja. Era sua segunda, trazida por uma garçonete sorridente demais, sem que o loiro nem ao menos tivesse pedido. Estavam em um restaurante tranquilo no norte da cidade, onde todos pareciam conhece-lo e à seus gostos. — Me fale de você.

— Eu já respondi à essa pergunta. — Marco riu sem graça, tentando desconversar. Mas após dar uma breve olhada para Toni e vê-lo erguer sua sobrancelha em expectativa, o ruivo soltou um suspiro. — Nasci em Dortmund e fui criado lá. — apertou os lábios, pensando em quais partes adicionar e quais deixar de lado. — Meus pais são... rígidos, por assim dizer.

Kroos assentiu, pousando a garrafa sobre a mesa. Naquela altura, Marco já tinha desistido de brincar com o que sobrara de sua carne assada.

— É deles que você tem fugido?

A pergunta era inocente e casual, mas Reus não pode evitar o choque em seu rosto e nem o frio em seu estômago. Toni era observador, percebia até mesmo as pequenas coisas à sua volta.

— Eu...

O loiro negou com um aceno, estendendo sua mão sobre a mesa, para tocar a de Marco. Um toque singelo e quente, sem qualquer vestígio de contenção.

— Sinto muito, não quis ser evasivo.

Marco arriscou um sorriso, assentindo brevemente. Seus dedos ainda presos entre os de Toni, despertando nele uma paz que não deveria existir. Marco os manteve lá, porque talvez aquilo tornasse mais fácil o ato de se abrir com o loiro.

— Você não foi. — afirmou, descendo os olhos para suas mãos juntas. Mordeu o lábio inferior, tentando colocar as palavras em ordem. — Minha vida em Dortmund era complicada.

Complicada. Não era apenas isso, Marco poderia fazer uma lista com todas as coisas que poderiam descrever sua vida em sua antiga cidade, mas, complicada, parecia a mais simples para descrever.

— Não precisa falar sobre isso. — Toni o tranquilizou, acompanhando suas palavras com um sorriso confortante. — Pode me falar sobre você. Você e não sua vida.

Marco riu, relaxando seus ombros. Haviam muitas coisas que ele poderia contar para Toni, mas todas o levariam por um caminho que ele não queria mais percorrer.

— Você já sabe sobre mim. — deu de ombros, afastando o toque de Toni para alcançar a garrafa de cerveja que o loiro bebia. Havia optado por um suco de morango — contradizendo toda sua criação quanto a jantares — por ser meio de semana e ter de levantar cedo no dia seguinte, mas precisava do gosto amargo da cerveja, mais do que imaginava. — Me formei na Inglaterra, tenho família lá. Sempre quis fazer algo que ajudasse as pessoas de alguma forma, e por muitos anos, pensei em ser professor.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt