Neunzehn.

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Marco acordou atrasado no dia seguinte. Tinha passado a maior parte da noite acordado e no demais, alguns cochilos foram tirados. Se sentia agitado e mal tivera tempo para pensar na conversa que teve com Toni — haviam coisas maiores acontecendo e sua mente custava para entrar em foco.

Saiu de casa apressado e chegou no hospital ofegante, sendo recebido por cumprimentos gentis e perguntas sobre sua saúde — nunca fora o melhor mentiroso e levou alguns segundos para se lembrar de que tinha dito que estava doente. Enquanto caminhava até a sala do pronto-socorro — como fora pedido — Marco aproveitou os segundos vagos para enviar uma mensagem à ele. Não tinha ligado na noite anterior, por ter optado ficar bem longe de seu celular, mas não queria preocupa-lo ainda mais. Porém, como nos minutos seguintes, Toni não respondeu, Reus foi obrigado a guardar o celular e caminhar até onde um paciente já o aguardava. Seus atos foram mecânicos, assim como suas falas, mas ele se esforçou para fazer o trabalho direito. Sua mãe sempre dizia que não importava como você se sentisse, nunca poderia deixar isso refletir em sua vida profissional, mas também, sua mãe não sabia de um terço de sua história.

Marco gostava da emergência, pelo simples fato de as horas passarem mais rápido e não restar tempo para pensar em sua vida fora dali. Ao meio-dia, com seu melhor sorriso, o ruivo caminhou pelo refeitório até Mario. Ele poderia ter se sentado com outra pessoa ou até mesmo sozinho, o que evitaria Götze de cutuca-lo, mas o outro parecia nervoso demais com seu próprio celular, para ser deixado sozinho.

— Oi. — Marco chamou, deixando sua bandeja sobre a mesa para sentar na frente do amigo. — Você não parece bem.

É claro que ele não estava, mas Mario gostava de conversas como aquela. Ele, ao contrário de Marco, não via problemas em desatar a falar e botar tudo para fora, ao invés de ficar remoendo por todo o dia. Reus tinha muito o que aprender com ele.

— Acho que vou me divorciar. — Mario murmurou, desistindo do que fazia, jogando o celular de qualquer jeito sobre a mesa. Ergueu seus olhos para Marco, parecendo extremamente cansado. — Pelo jeito, não fui só eu quem tive uma péssima noite.

Reus anuiu, bebericando seu suco. Mario não estava almoçando e tudo indicava, que não pretendia fazê-lo.

— O que aconteceu?

— Ann quer filhos. — o moreno riu, revirando seus olhos. Ele fazia pouco caso do assunto, mas Reus apostava que aquilo estava corroendo-o por dentro. — Eu também quero, mas... Mal tenho tempo para ela, Marco.

Marco entendia, já havia passado por aquele mesmo problema em seu casamento. Quando você se forma em medicina, tem que ter em mente, que o resto de sua vida vai ficar em segundo plano, não importa o quanto você tente não deixar que isso aconteça. Se Marco trabalhava muitas horas por dia, Götze fazia o dobro, pegando todas as horas extras e turnos que podia. Ele estava exausto e Reus não podia culpá-lo.

— E falou isso para ela?

— É claro que sim. — Götze grunhiu e depois suspirou, se acalmando. — Foi o motivo da nossa briga, sempre é. Eu sabia que mudar de cidade seria difícil, mas estou demorando mais do que imaginava para me estabilizar.

— Deveria pegar alguns dias de folga, Mario. — o ruivo tentou, tomando cuidado por onde pisava. — Digo, eu sei que as coisas tem sido difíceis, mas precisa tentar salvar seu casamento.

Götze assentiu em silêncio. Todas as coisas que Marco falava, já tinham sido pensadas por ele. E por mais que concordasse, não era assim tão simples quanto parecia.

— E você? — perguntou em meio a um longo suspiro. — Continua se encontrando com Kroos?

Reus tomou um tempo, mastigando com calma seu lanche. Ele não costumava almoçar, por conta dos dias corridos, por isso, seu velho lanche de presunto era a pedida perfeita.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Onde histórias criam vida. Descubra agora