Achtzehn.

176 18 12
                                    

Greifswald tinha seus encantos. E ficava ainda mais bonita, quando Marco a via através dos olhos de Toni.

Depois que Reus ligou para o hospital — com a desculpa mais esfarrapada que já deu na vida, e recebeu o passe livre para passar o dia em casa e um pedido para que ficasse bom logo — ele tomou um banho e se enfiou na caminhonete de Toni, tendo como destino o outro lado da cidade. Kroos estava falante como sempre era, mas tinha uma fisionomia mais relaxada, o que Marco descobriu ser por conta das boas memórias que tinha do lado noroeste de Greifswald.

— Meu pai morava aqui. — Toni comentou, apontando com o dedo em direção à uma pequena casinha. Ainda estavam dentro do carro, mas ele tinha diminuído a velocidade. — Ele se mudou, quando conheceu minha mãe. — completou com um riso baixo. Marco estudou a estrutura da casa, se perguntando quantas coisas boas tinham acontecido com os Kroos ali, depois, voltou seus olhos para Toni, esperando que ele prosseguisse. E ele o fez, completamente nostálgico. — Minha mãe e ele, bem, eles eram de mundos bem diferentes. Mas ela gostava da forma com a qual ele via as coisas, acho que por isso se casaram.

Marco sorriu. Tinha compartilhado uma parte negra de sua vida com o loiro e estava recebendo flores em troca.

— E como ele via as coisas?

Toni deu de ombros.

— Ele queria um mundo melhor. — revirou os olhos. — Por isso, fundou o clube.

Marco franziu a testa, tentando absorver tudo o que recebia.

— Eu achei que vocês...

— Sim. — Toni o cortou, sabendo exatamente ao que ele se referia. — Mas não eram os planos de meu pai. — afirmou, umedecendo os lábios enquanto acelerava o carro aos poucos. — Ele só queria andar de moto por aí, com os melhores amigos, e ser útil em coisas banais. A complicação veio depois.

Marco assentiu. Não sabia até qual ponto podia fazer perguntas sem ser inconveniente, preferia arriscar e deixar que Toni despejasse tudo quando se sentisse confortável o bastante com aquilo.

— E quanto à você?

— Eu? — Reus ecoou, soltando uma risada nervosa em seguida. — Acho que já falei bastante da minha vida em Dortmund.

— Aposto que sua vida não foi tão entediante, como você diz.

— Bom, eu era um bom aluno. — Marco respondeu, se distraindo com a paisagem. — Passava minhas noites estudando para provas, que só ocorreriam dali um mês. — apertou os lábios, fazendo um muxoxo quando olhou para Toni. — Então, acho que entediante é a palavra certa.

Kroos pareceu surpreso. Marco era totalmente seu oposto, o que ficava mais óbvio à cada minuto.

— Sem diversão?

— Meus pais não eram flexíveis. — Reus deu de ombros, como se dissesse que aquilo não importava mais. — A vida da classe alta, não é tão luxuosa quanto parece.

Toni emendou uma risada alta, entretido em seus pensamentos.

— Você é o garoto de ouro deles. — prosseguiu, batucando no volante. — Se me conhecesse na adolescência, não teria se aproximado de mim.

— Bom, eu tentei não me aproximar de você no presente e falhei miseravelmente. — Marco riu, sendo acompanhado pelo loiro. — Acho que a história se repetiria no passado.

Toni sustentou o sorriso, espiando Marco pelo canto do olho, mesmo quando sua risada tinha cessado. Não tinha medo de como se sentia à respeito de Reus, mas temia o que aquilo poderia acarretar com o clube. Relações homossexuais não eram do tipo preferido dos Cães, assim como uma lista imensa de pré-conceitos, e ele já tinha visto aquilo acontecer antes e sabia como terminava. Julian e Roman tinham tido sorte, e o clube tinha chegado ao veredito de que talvez fosse hora de se livrar de pensamentos tão retrógrados, mas era diferente quando o assunto era Toni. Seria ele quem se sentaria na ponta da mesa, quando Joseph se aposentasse, e aquele fardo era tão pesado, que Toni já podia senti-lo se alojando em seus ombros.

Dogs of War. {Kreus Ver.}Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang