❥𝟐.𝟕 • problemas com o papai

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⚠️possível gatilho: suícidio, agressão.
theo's pov

Talvez se eu tivesse me matado antes quando eu tive a oportunidade. Assim eu não precisaria estar passando por tudo isso agora.

As vezes fico me perguntando porquê as coisas sempre costumam a dar errado comigo.

Eu cresci perdendo todo mundo ao meu redor. Eu perdi minha irmã, perdi a minha mãe, perdi todos os meus "amigos" de Londres apenas por conta da minha sexualidade, e agora talvez eu esteja perdendo Liam.

Liam foi a segunda pessoa para quem eu que eu realmente me assumi. Allie foi a primeira. Eu não consegui acreditar no que eu estava falando. Não estava acostumado em pronunciar aquelas palavras, mas me senti tão livre? Poder ser sincero com alguém sobre essa questão de sexualidade, é tão libertador. Quando eu contei para Liam, acabou acontecendo na emoção, mas depois senti um orgulho imenso de mim mesmo por ter conseguido falar para outra pessoa que sou gay. 

☆★

A relação que eu tinha com a minha família sempre foi muito boa, mas isso durou até a Tara morrer. Ou seja, até os meus dez anos de idade.

Tara faleceu em um acidente de carro, aos 13 anos, e tudo isso porquê ela não quis colocar o cinto de segurança, e ainda ficou zombando da minha cara por eu ser tão "certinho".

Me lembro de mandar ela colocar aquele cinto e ficar quieta inúmeras vezes, mas ela não me escutou. Enquanto ela ria e falava para mim "Eu não vou morrer só porquê estou sem sinto", um carro desgovernado em alta velocidade veio na direção do carro em que estavamos. Nesse dia íamos ao shopping com a nossa tia. Ela não conseguiu desviar, foi tudo muito rápido. O carro capotou, e eu vi minha irmã mergulhando de cabeça no vidro. Ouvi seu grito. Seu único grito ao perceber o que estava acontecendo.

Minha tia desmaiou. Fui eu o responsável por ligar para a polícia. Que chegou extremamente rápido no local do acidente, mas não o suficiente para socorrer a minha irmã. Havia muito sangue. Ela já tinha morrido antes de chegar no hospital. Minha tia teve que fazer uma cirurgia, mas acabou sobrevivendo. Mas eu, com ferimentos leves sobrevivi. E se eu pudesse, escolheria a minha morte ao invés da sua.

Depois disso tudo mudou. Minha mãe passou a me olhar com desprezo. Entendia ela, entendia o motivo de seu luto. Ela estava convivendo todos os dias com uma cópia masculina de sua primeira filha morta. Já meu pai não ligava pra mim, ele não tava nem aí. Só queria que eu fosse o melhor jogador de lacrosse e tivesse o futuro brilhante como ele sempre planejou.

Comecei a ter crises de pânico e ansiedade aos 11 anos. E toda as vezes que eu tinha uma dessas crises e minha mãe via ela me trancava no quarto e falava para eu engolir  o choro, e que só sairia dali se fizesse o isso.  Eu obedecia, que criança de onze anos quer ficar trancada em um quarto escuro até controlar crises que nem ele sabia o que eram na época. Eu chorava baixinho todos os dias, com o mão na boca para abafar o barulho. Aos 13, escondido comecei a ir na  psicológa da escola. Fui diagnosticado com depressão e ansiedade. Até que um dia desses em que eu estava voltando de uma consulta dessas vi a porta de entrada da minha casa antiga aberta. Entrei desesperado em casa, logo pensando que alguém havia invadido o lugar, mas quando entrei tudo parecia vazio e silencioso. Mas o barulho baixo de chuveiro vindo do segundo andar chamou sua atenção. Ao abrir a porta do banheiro, que não estava trancada, Raeken deu de cara com sua mãe dentro da banheira segurando uma pistola.  Quando tentei me aproximar de minha mãe ela apontou a arma para mim. Ela parecia fora de si. Seu rosto estava inchado, os olhos vermelhos e o corpo todo tremendo. "Fique aí, ou eu atiro" Ameaçou e eu me afastei. Perguntei o motivo de ela estar fazendo isso e ela apenas me olhou com um olhar de apatia e sorriu, cuspindo palavras maldosas em seguida. Cuspindo palavras que ficarão marcadas para sempre em mim.

₊🥍 i wanna be yours ‧₊ - thiam fic ᥫ᭡Where stories live. Discover now