Seja Minha.

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Kendell Marano Parker.

Nesse exacto momento estou sentada no tapete chique da sala com os pestinhas, que não estão me ligando nenhuma. Estão mais interessados em jogar sei lá o quê na TV com o Loan.

- Então você vai começar a estagiar na empresa dos Louis? - parece mais uma pergunta retórica do avó dos pestinhas, e eu assinto.

- Hamn, estou me recordando do Gregory agora, eu disse que eu já tinha visto o artigo dele publicado na Forbes. - a Karine diz exaltada com alguma coisa que se lembrou.

- Mãe, o homem é filho do Dain Louis, está cheio de artigos dele na Forbes. - a Jenny diz, enquanto responde algo no celular dela.

- Houve um polêmico. - ela diz. - Aquele da esposa com morte súbita, que encerraram a investigação repentinamente.

- Ele era casado? - questiono curiosa.

- Era! - ela diz certa.

- Hamn, estou lembrando. - é a vez da Jenny.  - A esposa dele morreu repentinamente no dia seguinte após o casamento.

Deu até um aperto no coração.

- Desde então, nunca mais apareceu com ninguém. - a Karine diz.

A conversa seguia ignorando os gritos dos pestinhas, e dos pestinhas grandes.

Nem encaro o chefinho, nem por um momento.

- Mas ele parece já estar de olho em alguém. - a Jenny comenta me encarando toda perversa.

Sinto olhos me queimando.

- Nada disso, minha cunhadinha não vai para lado nenhum. - o Loan grita me deixando com a cara fervente.

Deixo, enfie sua filha em um buraco.

- Parem, com isso vocês dois. - a Karine chama atenção.

Respirei fundo.

- Mas nada, me deixaria tão feliz. - ela diz e eles começam à rir.

E assim foi decorrendo o meu dia.

Os pestinhas já foram dormir, as meninas foram para o quarto da Sara assistir o programa e eu estou no meu quarto tentando escolher algo para o estágio amanhã.

Tenho de ir elegante, quem sabe, depois do estágio acabar me contratam definitivamente.

Seria um sonho!!!

Peguei verniz da Joana emprestado, porque nem as minhas pirigas do morro gostariam de ver minhas unhas assim.

- Você não, é muito curta. - digo olhando para a minha saia.

Fico ali matutando até que ouço alguém bater na porta.

- Entra. - digo esperando ouvir a voz de uma das meninas, mas o cheiro já diz que me equivoquei.

O chefinho, no andar dos quartos dos seus funcionários, à essa hora e no meu quarto?

Vocês estão assim como eu né?

Porque eu estou como eu.

Me viro rapidamente para ele, enquanto ele fecha a porta atrás de si.

Fui eu que disse para entrar, não posso reclamar.

- O meu horário de expediente já terminou. - digo o encarando, e ele suspira passando a mão calmamente pelo seu cabelo.

- Vamos voltar a estaca zero? - ele questiona meio que retóricamente.

Me chamem de louca, mas esse homem tem alguma coisa, não precisa fazer charme, seduzir, agarrar, mas consegue acender minhas maluquinhas de maneira louca.

Mas hoje, eu estou furiosa. E não serei mais uma de suas bonecas de prazer não.

- Vamos! - respondo cruzando os braços e ele ri.

- Você está com ciúmes, Kendell? - ele questiona se aproximando.

- De você? Nunca. - respondo.

- Não é o que está parecendo. - responde colocando uma mexa de cabelo atrás da minha orelha e eu imediatamente o afasto.

- Não toque em mim. - falo e ele se afasta, e vai em direcção a parte livre de roupa na minha cama e se senta.

- Tudo bem. - ele diz e olha por instante o relógio no seu pulso. - Eu tenho tempo, quando você quiser falar decentemente, estarei apto a ouvir e explicar o que você quer saber. - ele diz me encarando.

- Ah, você não vai sair? - questiono irritada.

- Não vou. - ele confirma com a maior calma.

- Tudo bem, mas fique sabendo que não ouvirá uma palavra sequer saindo pela minha boca. - falo.

- Eu tenho paciência. - ele respondo.

Idiota!

Tento o ignorar completamente, e continuar meus looks.

Estou em dúvida, acho que fico com as minhas calças brancas de tecido pesado, parece kaki, uma blusa preta com bolinhas brancas, ou uma preta com decote simplesinho.

Acho que vou ficar com as bolinhas.

- Essa blusa não vai combinar. - a voz de trovões ressoa, chamando minha atenção.

- Dispenso a sua opinião. - respondo e ele sorri.

- Experimente para ver. - seu olhar era malicioso, e um malicioso que fez queimar todo meu corpo em um instante.

- Não me atrapalhe. - digo, e decido pegar a outra blusa.

- Bela escolha. - ele diz me fazendo levantar o olhar para ele.

- Eu já ia escolher isso, sem a sua opinião. - respondo, pegando às outras roupas para guardar.

- Não tenho dúvida alguma. - ele responde sarcástico e eu ignoro, guardando a roupa que vou usar amanhã.

Me volto e paro vendo que ele continua com a cara lavada e bonita dele.

- Eu preciso dormir. - falo o encarando.

- Durma. - ele respondo calmamente me fazendo suspirar já impaciente.

- Qual é o seu problema? Você já não teve aquilo que queria? - questiono já sem paciência.

- E você ainda não entendeu, que eu quero você. - alguém me segura para eu não cair.

- À mim, a Alicia e sabe-se lá mais quem. - eu respondo e ele suspira frustrado passando a mão pelos seus cabelos.

- Kendell, qual foi a parte que você não entendeu? - questiona frustrado.

- Escuta, eu não quero saber de mais nada. - falo com meu coração reprimido. - Faça o que você bem entender com as pessoas que você quiser. Não tem porquê eu saber de nada da sua vida particular mesmo. - digo enquanto ele me encara.

- Isso é por causa do tal Gregory? - ele questiona se levantando.

- Simplesmente não quero ser mais uma boneca. - respondo. - Agora se me der licença eu quero dormir. - ele se levanta da cama assentindo.

- Como você quiser. - ele responde e não espera um segundo sequer para sair.

É melhor assim!

É bem melhor eu voltar a minha ideia do velho rico, com problemas de coração.

Ao menos, será o meu velho. Não me dará cabeçadas.

Eu devia tirar essa fantasia que um homem como aquele um dia se interessaria por mim de outra maneira, à não ser pelas minhas pernas.

Vou para a minha cama, agora com o cheiro dele, e acabo adormecendo matutando nas minhas paranóias.

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