Revelations

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20.10.2019 - 07:10
Los Angeles, California

Joshua

Pisco algumas vezes, perplexo pelo que acabo de ouvir. Ainda estou tentando assimilar cada palavra. "Eu já fui como você.", Sr. Paliwal disse. "Fui", no passado, mas isso não faz o menor sentido.

Sei de anjos que sucumbiram à maldade e, consequentemente, caíram, passando a agir sob os comandos do Inferno, mas humanos? Um anjo não pode deixar o Céu para tornar-se humano! Ao menos não por tantos anos quanto o pai de Any tem e muito menos permanentemente. Acho que eu saberia se pudessem.

Imagino que a expressão em meu rosto seja cômica, pois o homem a minha frente sorri enquanto meu cérebro é tomado por pensamentos e dúvidas. Eu o assisto por algum tempo, questionando-me internamente sobre a possibilidade de tudo não passar de uma brincadeira. Talvez ele esteja apenas se divertindo às minhas custas, para logo em seguida rir na minha cara e dizer que sou maluco.

Ainda em dúvida, reflito sobre o que foi dito anteriormente. Edward afirmou ter estado na presença de outros anjos, pareceu saber muito sobre nós e a naturalidade com que reagiu ao me ouvir contar quem realmente sou só comprova o fato de que acredita mesmo em mim.

Pensando bem, ele não tem porquê mentir. Não ganharia absolutamente nada com isso. O problema é que sua verdade implica na mentira de Gabriel e, bem... Por que um arcanjo mentiria?

— Imagino que tenha muitas dúvidas. — ele chama minha atenção, começando a se afastar em direção ao carro. — É melhor nos apressarmos caso queira tirar todas antes de irmos embora. Esse não é um assunto que podemos continuar na presença das minhas filhas, durante o almoço.

— Claro, tem razão. — apresso-me em acompanhá-lo. — Aonde vamos?

— Ao lugar que serve uma torta de limão incrível e o melhor cappuccino da cidade. — diz, abrindo o porta-malas. — Não se preocupe, você vai gostar.

Guardamos os equipamentos de pesca em silêncio, eu mais rápido que ele devido à ansiedade crescente em mim. Tenho tantas perguntas! Entramos no carro em seguida, ocupando os mesmos assentos de antes e prendendo os cintos de segurança. O rádio não é ligado dessa vez. Nós apenas seguimos rumo ao destino determinado pelo motorista, que dirige calmamente pela cidade, enquanto meus pés tremulam no assoalho.

Durante todo o percurso não posso evitar pensar em Any, no relacionamento que estamos começando e em quanto desejo permanecer ao seu lado, ainda que o meu tempo na Terra acabe. Pela primeira vez, sinto um fio de esperança em meu peito, uma pequena chama levando-me a crer que nós podemos, sim, ficar juntos. Tudo indica que seu pai tem as respostas que venho buscando há algum tempo. Caso ele diga exatamente o que preciso saber, talvez eu não tenha que partir quando chegar a hora.

Suspiro aliviado quando estacionamos em frente a uma modesta cafeteria. A placa com os escritos Cafe Los Feliz leva-me a deduzir que finalmente chegamos ao nosso destino. Olho o relógio em meu pulso quando saltamos do carro. Foram apenas oito minutos do lago até aqui, porém, meu anseio em dar início à conversa faz com que a breve viagem tenha parecido bem mais duradoura.

Apresso-me em acompanhar Sr Paliwal quando ele segue em direção ao estabelecimento. Logo que entramos, vejo-o acenar para a senhora dispondo tortas de morango no balcão expositor, levando-me a crer que vem frequentemente ao local. Ela acena de volta, dando um sorriso simpático a nós dois e eu apenas retribuo, amigavelmente.

Touching Paradise • BeauanyWhere stories live. Discover now