Touching Paradise • Beauany

Dinner invitation

14.10.2019 - 12:20
Los Angeles, California

Any Gabrielly

Ao terminarmos o almoço, Sofya, Lamar, Josh e eu seguimos para a área externa da escola. Temos bons minutos antes que as aulas recomessem e não imagino nada melhor do que aproveitá-los com eles, ao ar livre. Então nos sentamos juntos no gramado, à sombra da mesma árvore onde já estive com Josh outras vezes. O tempo está levemente nublado e um vento leve circula, mas isso não afeta em nada a beleza do dia e a agradável atmosfera a nossa volta.

Passamos os primeiros minutos conversando sobre as coisas mais aleatórias possíveis, de teorias conspiratórias sobre a Área 51 aos novos lançamentos da Netflix. Confesso que me divirto. Meus amigos são maluquinhos e constatar isso me faz lembrar do motivo pelo qual nos tornamos inseparáveis anos atrás. A única coisa a me intrigar é o fato de que Josh mal participa da conversa. Ele se limita a sorrir e a assentir, parecendo absorto em pensamentos a maior parte do tempo. Isso me preocupa, mas prefiro não questioná-lo a respeito agora. Talvez mais tarde ou quando estivermos sozinhos.

Quando o primeiro sinal toca, Lamar não hesita em se levantar. Ele precisa pegar um livro que emprestou a alguém antes de ir para a aula, então, após se despedir de nosso pequeno grupo, o garoto segue seu caminho. Sofya também volta para a parte interna da ESLA logo em seguida, mas não sem antes entregar a mim uma cópia dos exercícios que perdi por faltar à aula de álgebra. Ao ouvir um "Obrigada!" de minha parte, ela sorri e, descaradamente, avisa que eu lhe devo uma grande barra de chocolate pelo "favorzinho".

— Mercenária! — grito ao vê-la se afastar. Mesmo a uma distância considerável, ouço sua habitual risada nos segundos que precedem seu desaparecimento pelo corredor. Balanço a cabeça em negativa, mas também rio.

— Vocês têm uma amizade e tanto. — Josh comenta, ao meu lado. Há certa diversão em sua voz, o que poderia ser facilmente confundido com ironia, mas sei que essa não é a intenção. É realmente um simples comentário.

— É, nós temos, sim. — entrelaço nossos braços e apoio a cabeça em seu ombro esquerdo, enquanto dou uma rápida olhada nas atividades. — Mas que merda! — reclamo.

O conteúdo deve ter sido explicado hoje, quando eu estava na biblioteca, porque não entendo absolutamente nada. Há tantas expressões complexas que posso sentir meu cérebro prestes a derreter. Droga! Como vou resolver tudo isso sozinha?

— Qual o problema? — o garoto envolve meus ombros, puxando-me mais para perto.

— Minha falta de conhecimento sobre isso. — mostro a página a ele, emburrada. — Não tenho ideia de como resolver essas coisas.

— Provavelmente teria se não tivesse faltado à aula. — o ouço dizer. Não gosto de como suas palavras soam, então me afasto alguns centímetros para fitar seu rosto.

— Eu não faltei por diversão. — me defendo.

— Sim, você disse. Não me leve a mal, não estou julgando. — ele pega a folha em minha mão e a observa atentamente. — É só que, bem, você assumiu alguns riscos quando decidiu faltar. Perder a explicação era o menor deles.

— É, eu sei. — suspiro. — Tenho certeza que o meu pai vai receber uma ligação da escola, comunicando minha ausência nessa disciplina. Sei que ele vai entender meus motivos, mas não sei o que pode acontecer até que eu me explique... — faço uma careta.

— Era exatamente a isso que eu estava me referindo. — ele volta a me olhar. — Posso te ajudar com as atividades se quiser. Acho que sei como resolvê-las.