Sensations (+16)

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23.10.2019 - 21:20
Los Angeles, Califórnia
Música: Veneno (Anitta)

Joshua

Raiva. Muita raiva! Foi o que se apossou de mim no momento em que entendi o que Bailey pretendia fazer com Any. Era repulsivo, tão sórdido que não pude me conter. Algo dentro de mim implorava para que eu lhe desse uma lição. Quase o agradeci quando o punho direito acertou meu rosto. Era o que faltava para que eu explodisse e fizesse o mesmo sem culpa, ainda que estivesse ciente de quanto a represália poderia — e ainda pode — me custar.

Embora estivesse disposto a fazê-lo sentir toda a minha fúria, logo me lembrei de onde estávamos, que inúmeras pessoas assistiam a cena e que eu estava fazendo exatamente o oposto do que um anjo deveria. Meu desejo era feri-lo, enquanto minha essência gritava o contrário, por isso cessei os ataques e passei a apenas me defender.

Por mais depravado que fosse, May ainda era só um garoto com muito o que aprender. Eu devia querer ensiná-lo, sim, mas não dessa forma. Aliás, Sabina devia. E onde ela estava, afinal? É sua reponsabilidade observá-lo de perto, antecipar as ações e auxiliar para que não faça besteira. Quando ela ficou tão negligente? Quando nos encontrarmos, teremos uma longa e séria conversa.

Apesar de ter recuperado o juízo a tempo, não lamento a briga. Parte de mim encontra-se estranhamente satisfeita. Meu único arrependimento é não ter sido ágil o bastante para desviar dos golpes sofridos. Foram desferidos com força descomunal, tanto que, se não fossem os poderes, teriam me machucado pra valer.

Pensando melhor agora, os socos não foram um grande problema, mas sim Any Gabrielly ter notado o estrago causado por eles instantes antes da cura acelerada agir. Isso poderia facilmente tornar-se um empecilho, considerando todo o meu esforço, desde o princípio, em parecer um garoto normal. 

Em contrapartida, me pergunto se essa não seria uma boa oportunidade de me revelar, de deixá-la me conhecer de verdade. Pode ser que me compreenda e aceite. Talvez, saber que estive ao seu lado, apoiando por toda a vida a faça gostar ainda mais de mim. Mas o que eu faria se ela se sentisse enganada? Se me odiasse por estar fingindo ser o que não sou desde o dia em que me viu pela primeira vez? De qualquer forma, devo pensar bem antes de uma decisão. Não posso pôr tudo a perder. Não quando tê-la comigo parece tão necessário quanto respirar.

Meus pensamentos são interrompidos quando noto a velocidade do carro diminuir e avisto a casa azul pela janela. Menos de dez segundos se passam até que Any encoste. Eu a olho furtivamente. Não nos falamos desde que saímos da festa e nem preciso ler sua mente para saber que está chateada comigo. A raiva que ainda me atingia no momento, aliada ao medo de ser descoberto levou-me a dizer o que não devia. Reconheço que fui idiota. Agora não sei bem como agir. Será que um simples pedido de desculpas basta?

— Não vai descer? Eu preciso ir. — ela diz, impaciente. O olhar está no volante, onde as mãos repousam. Checo meu relógio de pulso.

— Na verdade, você sabe que não precisa. Ainda é cedo. Seu pai nem deve esperar vê-la antes das onze.

— Mas eu quero ir. — enfatiza. — Não tem clima para mais nada, Josh, então prefiro ir para casa. Aliás, imagino que seja meio incômodo ficar tão perto de uma maluca.

Comprimo os lábios ao ouvir a confirmação que eu nem precisava. Ela está chateada. Solto-me do cinto de segurança e viro meu corpo em sua direção, ainda em meu assento. Talvez por reflexo, os olhos castanhos se voltam a mim.

— Não foi o que eu quis dizer. Não de verdade. Só queria encerrar o assunto e fui infeliz na escolha das palavras. Por favor, me desculpe. — levo minha mão à lateral de seu pescoço, pouco abaixo da orelha esquerda.

Touching Paradise • BeauanyWhere stories live. Discover now