You're not the only one

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20.10.2019 - 06:00
Los Angeles, California

Joshua

Tranco a porta de casa e sento-me na calçada para esperar a carona que está prestes a chegar. Enquanto aguardo, observo a rua totalmente deserta, a não ser por três pequenos pássaros em uma árvore da casa vizinha. Também pudera, são seis da manhã de um domingo. Nem eu estaria de pé à essa hora se Edward Paliwal não insistisse tanto que eu o acompanhe em sua pesca semanal. Sendo sincero, eu adoraria estar no aconchego da minha cama neste exato momento.

Recusei o convite de todas as formas possíveis ao longo da semana. Não me parecia boa ideia passar tanto tempo com o pai de Any Gabrielly, ainda mais sem a garota por perto. Apesar de ser um homem bom, sei que suas intenções em relação a mim podem não ser das melhores. Pelo menos não depois da situação constrangedora em que ele me encontrou com a filha na ultima segunda-feira. Bem, e que situação... Ainda não sei o que me deu para deixar que as coisas com Any chegassem aquele ponto.

Simplesmente me deixei levar pelo calor do momento. A cada beijo e carinho trocado, eu a queria mais e mais. Era como explorar um mundo totalmente novo e eu ansiava pelas descobertas. Quando a morena começou a erguer a blusa lentamente, sequer pisquei. Me vi paralisado, incapaz de impedi-la ou de desviar os olhos. Eu poderia dizer que estava apavorado, mas a verdade é que, naquele instante, desejei que ela prosseguisse, desejei poder tocá-la sem qualquer barreira. Parecia tão certo, então por que fugir? Mas então, Sr Paliwal entrou no quarto, nos chamando de volta à realidade.

Apesar do vexame, tivemos um jantar agradável depois. Ao menos agimos como se estivesse sendo. Any ainda estava envergonhada, mas comportava-se com naturalidade, ignorando por completo os olhares quase assassinos de seu pai sobre mim. Eu adoraria que eles fossem motivados unicamente pelo trauma de ter pego a filha em meu colo, mas minha intuição dizia que havia algo mais. Meus pensamentos foram até Noah e o que houve na delegacia instantaneamente. Era isso, ele sabia. Ao menos era o que eu achava.

Esse foi o principal motivo de eu ter dito "não" quando o primeiro convite para a pescaria surgiu e para todos que surgiram nos dias seguintes. Usei como desculpa o fato de nunca ter segurado uma vara na vida, mas a verdade é que eu não queria ficar sozinho com Sr Paliwal e sua insistência não ajudava. Eu podia estar sendo paranoico, claro, mas o medo de que esse tempo juntos fosse um pretexto para colher informações e, consequentemente, me mandar para a cadeia fez com que eu ficasse em alerta. Nunca se sabe.

No fim das contas, quem convenceu-me a sair com o pai foi a própria Any. Ontem à tarde, durante um tempo na praia com Lamar e Sofya, conversamos sobre isso. Ela disse que Edward só queria me conhecer um pouco mais e que passou toda a semana perguntando se eu havia mudado de ideia sobre ir ao lago. Estranhei o comportamento, mas ao ouvir da garota que, no fundo, a intenção do homem era criar laços comigo, decidi dar uma chance. Porém, agora, nos minutos que antecedem sua chegada, não estou certo de que escolhi corretamente.

Ainda perdido em pensamentos, tenho um pequeno sobressalto ao ouvir o som da buzina. Viro a cabeça em direção ao acostamento e avisto o carro prata, usado pelos Paliwal quando o pai não está a serviço do Departamento de Polícia de Los Angeles. Respiro fundo e me levanto, indo em sua direção. A cada passo, rezo internamente para que o programa não se torne um problema. Imagino que Gabriel já não esteja contente com minha conduta. Se eu me meter em encrenca, então! Ouço as portas do veículo serem destravadas quando me aproximo.

— Joshua! Bom dia! — o policial diz quando me sento ao seu lado, no banco do carona.

— Bom dia. Como vai? — apresso-me em colocar o cinto de segurança.

Touching Paradise • BeauanyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora