Did I screw it up?

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27.10.2019 - 02:32
Los Angeles, California

Joshua

Sento-me no tapete, ao lado da cama, tomando cuidado para não fazer barulho. É madrugada e nesse horário qualquer ruído pode soar como um verdadeiro estrondo. Felizmente, posso contar com a discrição de Gaya, que me observa quieta enquanto divide a cama com a dona. Preciso me lembrar de recompensá-la por não ter feito um escandalo quando, em um ato totalmente impulsivo, decidi me materializar no meio do quarto de Any Gabrielly. Eu precisava vê-la. Não conseguiria dormir se não o fizesse.

A mera possibilidade de perdê-la de uma vez por todas faz meu peito se apertar e a tristeza ressurgir. Pensar que essa situação poderia ter sido evitada com uma conversa sincera faz com que eu tenha vontade de socar meu próprio rosto. Não acredito que estraguei tudo. Logo eu, que sempre tento ser tão correto. Merda! Any nem quer mais me ver. E agora estou aqui, nesse estado deplorável, invadindo sua casa no meio da noite para saber como ela realmente está e, com isso, tentar acalmar meu coração aflito.

Direciono a atenção ao rosto da garota que dorme serena. A respiração lenta e profunda indica um sono tranquilo, o que, apesar dos pesares, me alegra. É um sinal de que minha presença está surtindo efeito, ainda que agora ela me deteste. Fico feliz em saber que ainda posso lhe fazer bem. Depois de um tempo, um pouco menos preocupado, levo a mão até o abajur sobre a mesa de cabeceira e o apago. Coloco-me de pé em seguida, já me preparando para ir embora. Apenas me inclino brevemente e deixo um beijo leve entre os cabelos da morena antes de partir.

— Josh? — sua voz baixa, em meio à escuridão, me paralisa. Por um segundo mal respiro, torcendo para que ela esteja sonhando e não realmente notando minha proximidade. — Josh, é você? — insiste, acendendo o abajur que acabei de apagar e confirmando se tratar da segunda opção. Praguejo baixinho, prevendo o quão brava Any ficará por mais essa invasão de privacidade. Eu sou mesmo um idiota. 

— Hmm, oi! E aí? — arrisco, embora saiba que a melhor solução no momento é, literalmente, desaparecer.

— Como você entrou? — ela se senta na cama e olha o visor do celular sobre a mesa de cabeceira. — São quase três da manhã.

— Sei disso, desculpe. Eu não queria te acordar. Apenas pensei em você e me teletransportei.

Após passar um bom tempo na praia, tentando relaxar depois de nossa conversa, voltei para casa. Tentei dormir, confesso, entretanto, minha mente turbulenta não permitiu. Diante da situação, eu soube que apenas uma coisa me acalmaria: ver minha protegida pessoalmente e saber seu estado. Então foi o que fiz. Me conectei a ela com o intuito de descobrir se seria seguro fazer uma visita e, ao constatar que Any estava beirando a exaustão, dei um empurrãozinho para que dormisse logo e eu pudesse entrar sem ser pego. Parecia o plano perfeito até eu mesmo estraga-lo.

— O que veio fazer aqui?

— Não consegui ficar em paz sem saber como você estava depois de tudo, então... — encolho os ombros, sentindo-me culpado por desrespeitar o pedido de distância. Dou alguns passos em direção à janela. — Desculpe, eu vou indo.

— Espera! — diz, antes que eu possa erguer a mão e estalar os dedos. Fito seu rosto, confuso, e aguardo pacientemente até que ela prossiga. — Como meu guardião, é seu dever me ajudar, certo?

— Certo. Assim como cuidar de você e te proteger. Por que a pergunta?

— É que eu estava com uma insônia horrível, demorei a pegar no sono e de repente apaguei, mas agora estou acordada novamente, graças a essa sua invasão. — ela cruza os braços sobre o peito, parecendo irritada.

Touching Paradise • BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora