The truth (parte 2)

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26.10.2019 - 19:35
Los Angeles, California
Música: Iris (versão Boyce Avenue)

Any Gabrielly

Pisco repetidas vezes, atônita. Confusão invade os meus sentidos. "Any, eu não sou quem você pensa", Josh disse. Mas o que isso quer dizer? Está se referindo à sua personalidade, conduta, identidade? Ajeito-me no assento, sentindo um súbito desconforto. Preciso de respostas.

— Como assim? — questiono em um fiapo de voz. O garoto une as mãos em punhos, sustentando o próprio queixo, enquanto me observa.

— O Josh que você conhece, bem... não é exatamente quem, ou melhor, o que eu sou. — explica.

Respiro fundo, atordoada. Meu sangue gela, sinto um frio incômodo na barriga e, por não saber exatamente ao que o loiro se refere, temo as próximas revelações. Então ele mentiu sobre quem é? A falta de informações concretas atiça os meus nervos.

— O que está dizendo? Seja mais claro, por favor. — peço.

— Desde que nos conhecemos tenho ocultado minha verdadeira identidade, minha origem, meus motivos para estar aqui...

— Não... — abraço a almofada em meu colo, como se ela pudesse me proteger. — você não pode estar falando sério.

— Mas estou.

— Não! — balanço a cabeça em negativa. — Eu me recuso a acreditar nisso. A menos que você faça parte de algum programa de proteção à testemunha, eu me recuso. — declaro. Joshua jamais me enganaria assim, isso não faz o menor sentido.

O garoto ao meu lado suspira e volta a olhar o céu. Eu encaro os meus próprios pés, perplexa demais para qualquer outra coisa. Mergulhamos em longos minutos de silêncio, tendo os sons da cidade como única melodia. Quando a ausência do diálogo começa a pesar, Josh decide prosseguir. Permaneço de cabeça baixa, porém, atenta ao que ele diz.

— Any, eu não sou um ser humano.

— Ah, claro! — solto uma risada nervosa. Era só o que me faltava! — Ok, Josh, já deu dessa brincadeira.

— Any! Eu. Não. Sou. Humano. — repete pausadamente e sinto como se estivesse sofrendo uma pane no sistema. Nada passa pela minha cabeça além do fato de que ele não pode estar falando sério. TEM que ser uma piada.

É isso, essa conversa não passa de uma tentativa boba de me trolar. Deve haver uma câmera escondida por perto ou coisa assim. Não há outra explicação. Relaxo um pouco, sentindo-me menos pilhada. Eu poderia me levantar, xingá-lo pelo susto e declarar a noite como encerrada, entretanto, decido apenas esperar para descobrir até onde isso vai. Confesso que estou curiosa.

— Certo, então o que você é? Um lobisomem? Vampiro? Apoiador do Donald Trump? Um alienígena?

— Nada disso. E só para você saber, os dois primeiros nem existem. — pontua, franzindo o cenho.

— Tá, então você é um alien ou apoia o presidente? Pense bem na resposta, porque uma delas pode destruir o nosso relacionamento. — ergo o dedo indicador enquanto falo. — É bom você ser um alien.

— Any! — ele bufa, impaciente.

— O quê?

— Você pode, por favor, me levar a sério?

— Desculpa! É um pouco difícil quando você me diz que é um alien. — rebato, tentando aliviar o clima.

— Eu não sou um alien, Any Gabrielly! — diz, tomando minhas mãos entre as suas e me olhando nos olhos. O semblante atormentado evidencia que não há espaço para gracejos. — Preste bem atenção no que vai ouvir, ok?

Touching Paradise • BeauanyWhere stories live. Discover now