Ups and downs

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20.10.2019 - 09:30
Los Angeles, California
Música: Human (Christina Perri)

Any Gabrielly

Enrolo uma toalha em meus cabelos molhados depois de me vestir e encaro meu reflexo no espelho do quarto. Estou horrível. Definitivamente, um filme de terror. Sinto vontade de chorar. Por que tenho que estar assim justamente hoje, quando Josh vem almoçar com a minha família?

Merda, eu nem sei se conseguirei recebê-lo quando chegar. A dor irritante, bem na região inferior do meu abdômen, se encarrega de me lembrar disso a cada três segundos. Seco uma lágrima que rola involuntariamente e abraço meu próprio corpo, inconformada.

Sigo para a minha cama em seguida, onde me deito em posição fetal e começo a torcer para que a morte me leve. Deve ser melhor do que a tortura de sentir meu útero se contrair como se quisesse expelir minha alma juntamente ao fluxo todo santo mês. 

Ah, Deus, por que complicar tanto? Já sei que não existe um bebê dentro de mim — não teria como existir, de qualquer forma —, então por que ainda preciso sentir essa dor dos infernos e sangrar por, pelo menos, mais uns três dias? Péssimo momento para ser eu, péssimo momento...

Coloco uma almofada na barriga como se isso fosse amenizar meu sofrimento e me viro para o outro lado do quarto, fitando a porta branca. Ela faz com que eu volte a me lembrar de que, em breve, Josh estará aqui. Será que devo ligar e pedir que não venha? Se bem que ele não vem só por mim. Foi meu pai quem o convidou, afinal. 

E por falar no meu pai, pergunto-me como deve estar indo a pescaria dos dois. Confesso que adoraria ser uma mosquinha para saber. Espero que, no mínimo, estejam se dando bem. Eu odiaria que ele incorporasse o "Oficial Paliwal" e transformasse o momento em um verdadeiro interrogatório, deixando Josh desconfortável e pensando que, talvez, relacionar-se com alguém como eu não valha a pena.

Balanço a cabeça em negativa, tentando afastar a paranoia. Sr Edward preza muito pela felicidade de suas filhas, jamais faria algo que magoasse a mim ou a Shiv. Está constantemente buscando meios de nos animar e sei que ele já percebeu que o loirinho canadense é quase como minha dose diária de endorfina.

Se não tivéssemos nos conhecido, eu, provavelmente, ainda estaria recolhida em minha concha, escondida de tudo e todos. Josh foi a pessoa que, mesmo despretensiosamente, me fez sair dela. Sua chegada foi um verdadeiro divisor de águas e meu pai sabe disso.

— Gabrielly? — ouço a voz abafada de Shivani do outro lado da porta, seguida de leves batidas. 

Penso em ignorá-la e fingir que ainda estou dormindo, mas me lembro de que ela pode ser útil em meio a tormenta do mar vermelho e decido dar sinal de vida.

— Não sei onde a alma dela se encontra, mas o corpo está aqui. Entra! — respondo, puxando um cobertor para me aconchegar melhor. Minha irmã entra no mesmo instante, rindo por minha fala.

— O que deu em você? — ela se aproxima, os olhos escuros fixos em mim.

— Cólica. Ainda não está tão ruim, mas sinto que vai piorar. Aliás, você tem algum remédio para me dar? Esqueci de comprar e não tenho a menor condição de ir agora.

— Hm, desculpa! O meu acabou semana passada. — a morena se senta ao meu lado com uma expressão de "sinto muito" no rosto. — Quer que eu ligue pro papai? Posso pedir que ele traga quando estiver voltando.

Ou você poderia sair e comprar para mim! — penso, mas não digo nada. Odeio dar trabalho.

— Quero. Por favor, faça isso! — choramingo.

Touching Paradise • BeauanyWhere stories live. Discover now