𝙄𝙄𝙄

130 28 16
                                    


Se eu morrer, será por conta do coração

24/07/2019

Enquanto observo o movimento calmo da cafeteria sentada em uma cadeira estilo banqueta, balanço meus pés conforme o ritmo da música que ecoava no rádio pendurado na parede branca, meus lábios cantarolavam baixinho acompanhando a letra que o artista jão cantava. Algumas pessoas conversavam ao redor das pequenas mesas de madeiras redondas, desfrutando os maravilhosos doces. O aroma de café beirava no ar, o que fez meu estômago embrulhar e reclamar querendo apenas uma xícara para bebericar.

A cafeteria doce sabor passava uma atmosfera de aconchego para qualquer pessoa que atravessasse a porta de vidro, mesas pequenas rústicas, música tocando pelo ambiente e saborosos doces feito pelas minhas chefes.

Já havia se passado três dias que eu estava em um novo lar, e para ser sincera, eu não conseguia distinguir diferenças, era como se minha rotina ainda fosse a mesma, apenas mudando os moradores da casa.

Na segunda de manhã, mamãe havia comentado no horário do almoço que Juliana passou o resto da manhã embaixo da garagem aberta sentada em um tapete felpudo com alguns brinquedos juntamente com Safira, que acompanhou sem reclamar a pequena.

Eu gostava de sua essência, ela sempre ia até o muro antes de eu sair ou chegar do centro, com vários assuntos na ponta da língua, ela conseguia retirar informações de minha vida naturalmente.

— Cecinha – escuto uma voz doce chamar minha atenção.

Durante o segundo ano do ensino médio, eu sempre observava uma guria baixinha perambular pelos corredores do colégio juntamente com seu grupo de amigos, toda vez que meus olhos miravam na mesma, a cor do cabelo mudava, eu a denominava "menina do cabelo colorido". Na minha perspectiva, ela aparentava ser um incrível e amigável, sendo aquele tipo de amiga que aconselha e cuida como mãe. Quando o terceiro ano finalmente chegará, eu me deparei com a mesma sendo minha colega de sala de aula. E por acaso, acabamos virando grandes amigas.

— Olá Nanda – sorrio na direção da ruiva que estava acompanhada por seu namorado, Carlos Barros. — Olá calo do pé.

— Viemos comer um docinho que tem a cara da Hello Kitty! Parece ser gostoso – comenta recheando os lábios com um sorriso gigantesco, fazendo seus pequenos olhos se fecharem.

— Eu cheguei a provar e é muito bom! Tem de morango e chocolate ao leite – comento lembrando que a dona Letícia me fez provar antes da cafeteria abrir.

— Vou ir lá pegar e me sentar nessa mesa aqui – comenta apontando para o lugar desocupado em frente do balcão.

Apenas concordo e volto minha atenção para a tela do computador onde alguns pedidos estavam visíveis. Suspiro e posiciono meu olhar para a enorme janela ao meu lado, que dava acesso para a rua movimentada.

O céu completamente nublado trazia consigo um vento forte, acompanhei no jornal do almoço que uma chuva forte cairia por Caxias do sul, diminuindo ainda mais a temperatura, obrigando-me a usar uma touca avermelhada.

— Voltamos! O cheiro está divino! – Nanda exclama se sentando na cadeira de estofado macio e me encarando com dúvida no olhar. — O que há Ceci? Está muito silenciosa hoje...

— Hum... – coço minha nuca tentando pensar em uma resposta lógica, mas apenas solto o que está entalado em minha garganta. — Eu dei match com o Guilherme.

— Guilherme? – pergunta franzindo as sobrancelhas ruivas.

— Nossa ex colega – respondo observando as órbitas avelãs duvidosas. — O caladão.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now