𝙑𝙄𝙄𝙄

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Encontro além da esquina

01/08/2019

Dependendo da situação que estamos, uma semana seria suficiente para terminar um trabalho acadêmico, seja por pressão ou por hora vaga. Como também, não seria suficientemente, necessitando de mais horas para encerrar as últimas linhas.

Em sete dias, como uma investigadora em um caso, desvendei pequenos detalhes existentes em Guilherme, o que me fez parar para analisar o enorme mural que eu havia construído em minha mente e questionar: Por que nunca dei uma chance para conversamos?

Eu ficava tão imersiva rebobinando o mesmo pensamento que as pessoas cochichavam sobre ele pela sala de aula, que perdi uma grande oportunidade de me aproximar. Por conta de comentários de terceiros, acabamos não nos dando uma chance de conhecer o outro lado e de alguma forma, iremos nos arrepender futuramente.

Durante esse período, decidimos sempre nos encontrar – não em um encontro completamente planejado em algum lugar bonito –, mas sim em minha casa ou para ser especifica, o muro que nos separava. Meu meio-irmão acabou estranhando sua presença insistente toda a noite, o que nos fez perder algumas horas debaixo da luz lunar.

E quando achei que não nos veríamos com frequência, as aulas finalmente haviam retornado e o mesmo acabou propondo que nos encontrássemos no ponto de ônibus uma esquina antes da universidade, para podermos ir juntos para casa.

— Hoje é o primeiro dia da universidade Ceci? – Leticia questiona enquanto anotava em um pequeno bloco de notas ingredientes que estavam faltando na cozinha.

— Sim... – respondo soltando um longo suspiro em seguida, eu estava sentada em uma mesa desocupada recém limpa, afinal estávamos prestes a fechar. — Eu estou com sono, mal consegui pregar o olho essa noite.

— Deve ser por causa do pretendente – Ana Beatriz cochichou perto de sua esposa, em um tom que eu poderia escutar, fazendo-me revirar os olhos. — Ele é legal contigo?

— Deve ser, já viu a expressão que ela faz quando pensa nele? – a loira aponta soltando um riso pelo nariz.

— Eu vou indo pegar meu ônibus... Até amanhã – concluo levantando e pegando minha mochila, onde meus materiais já estavam colocados.

— Manda um beijo para ele! – a mulher de cabelo castanho exclamou, fazendo-me rir.

Em passos rápidos, caminho até a porta de vidro, puxando-a pela maçaneta comprida e retangular, notando o entardecer se identificar na extensão do céu alaranjando.

Como sempre, caminho pela calçada observando as inúmeras lojas iluminadas, escutando alguma música em minha playlist pelos fones de ouvidos até chegar no ponto de ônibus e finalmente, descer na PUCS.

Talvez pela falta de atenção ou até mesmo pela dormência que a música acabou trazendo para minha mente, a viagem até o campus da faculdade fora rápida. O ônibus estacionava sempre na esquina, em frente do pub 65 aclamado pelos universitários ao final de uma semana acadêmica exaustiva – ou durante a semana após assistir uma hora de uma cadeira cansativa.

A fachada prateada da universidade contendo as siglas e a denominação ficava presa ao lado esquerdo na parede cinzenta, ao seu lado um grande portão avermelhado estava aberto para trás, dando espaço para os estudantes entrarem no saguão, onde pufes variando entre laranja e vermelho, preenchiam o meio do ambiente. As paredes do interior eram recheadas com cartazes sobre a universidade e eventos.

Ao entrar, e olhar para a esquerda, a central do aluno ficava em um cômodo suficientemente grande contendo algumas cadeiras presas umas nas outras e em frente várias mesas de madeiras com computadores, onde alguns funcionários trabalhavam, ajudando em matriculas, atestados e entre outros.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now