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Guilherme – as avelãs que me viciam

28/07/2019 

Durante minha escolaridade no ensino médio, eu sempre preferi não exceder meu entusiasmo e me tornar um brincalhão na sala de aula, aquele que sempre arranca sorrisos de seus colegas, dessa maneira acabei ficando conhecido como o garoto silencioso do fundão. Não que isso seja algo ruim, eu até gostava, estar atrás de todos me dava privilégio de observar cada aluno ocupando aquele espaço, principalmente: Cecilia.

Nesses três anos que estudamos na mesma turma, sempre a vi como uma colega sorridente. Vivia com seu pequeno grupo de amigas para lá e para cá durante os intervalos, eu apenas conseguia vê-la durante os horários de aulas e quando caímos no mesmo grupo de venda de lanches para arrecadar dinheiro para a formatura do terceiro ano.

Apesar que no segundo ano, acabamos nos aproximando para estudarmos, nesses poucos dias que conversamos, pude notar os traços divertidos que ela possuía, Cecilia conseguia arrancar naturalmente um sorriso meu.

Quando finalizamos o ensino médio, acabou que era raro os momentos em que eu a via, por coincidência, em uma passada pelo centro ou em alguma festa que meus amigos me arrastaram. Até que a faculdade começou e eu pude finalmente observa-la novamente e uma coisa é certa: Cecilia Pereira sempre fora bonita.

Foi então por insistência do meu melhor amigo Gabriel, acabei instalando o famoso aplicativo de relacionamento usado por muitos jovens, e de repente me deparei com sua foto e então eu me perguntei "Qual seria a probabilidade de darmos match?". Na minha perspectiva, era zero porcento em todos os cálculos feitos. Porém, para mostrar que eu estava cem porcento errado, lá estava a tela de combinação.

Existe aquela famosa frase "tudo o que é bom, dura pouco" e estranhamente faz muito sentindo, pois logo que tomei coragem para chama-la, o seu perfil havia sumido e o resto da minha chance havia se evaporado.

Porém, na vida tudo acontece de uma maneira que não esperamos e por conta de uma felina que fez ter um ataque de espirro, me fazendo tomar um antialérgico que fez meu corpo amolecer e uma irmã hiperativa, observei pela primeira vez após minha formatura, Cecilia em minha frente com o rosto espantado, carregando tons avermelhados em sua pele cor de cuia por conta do frio. A sorte havia me entregado limões e eu não pensei duas vezes em preparar uma limonada doce.

— Eu gosto dessa praça, sempre gostei – comenta enquanto caminhávamos pela praça dante observando a paisagem. — Quando criança, mamãe sempre me trazia para passearmos.

Encaro as órbitas avelãs que possuíam pigmentos esverdeados envolta da íris passearem com calma pelo ambiente, registrando cada momento. O tom azul que coloria a extensão acima de nós estava dando espaço para um alaranjado, alertando que o por do sol já iria surgir para nos cumprimentar.

— Eu raramente vinha para cá, minha mãe sempre me levava para praças com brinquedos para me entreter – recordo revirando as preciosas memórias que carregava em meu peito. — Hoje em dia sou eu que levo Juliana para se divertir enquanto meus pais trabalham.

— Ela é uma criança radiante, gosto de tê-la por perto – elogia enquanto sorria para o horizonte. — Ela é o oposto de ti.

— Toda minha família diz isso, é estranho porque eu sou o único calado, enquanto meus parentes são tagarelas – murmuro encarando a tela do meu celular onde uma mensagem de minha mãe havia chegado, questionando se eu chegaria tarde. — Já quer ir para o ponto de ônibus?

Cecilia apenas assente com a cabeça e me acompanha pelo entardecer que caia pela cidade. De relance, observo-a silenciosa como se estivesse encaixando algumas engrenagens em sua mente.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now