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Porque estamos nessa igreja?

9/11/2019

A lição que eu aprendo hoje, é de pensar duas vezes antes de viajar com Guilherme. O mesmo questionou inúmeras vezes se eu estava esquecendo algo, insistiu em levar um cooler com água, refrigerante e suco para Juliana. Além de uma cesta com alguns sanduíches e pastéis, para caso sentir fome durante o trajeto. O que não posso reclamar, pois acabei comendo alguns pastéis de soja com brócolis, que deliciaram meu estômago.

Apesar do trajeto equivaler quase duas horas, minha mente conturbada reclamava internamente da bunda dormente, quase quadrada, do rádio que tocava apenas músicas desconhecidas e que não era do meu estilo. A única coisa que salvava, era Juliana conversando toda a viagem, falando sobre a paisagem dos campos esverdeados do Pampa, dos gados que passeavam ou pastavam livremente, das nuvens que se movimentam mais rápido do que o normal. Está bem, até a voz de Ju traumatizou meu cérebro.

Pude agradecer ao universo, quando notei a fisionomia da cidade de gramado, que ficava cerca de 68,8 quilômetros de distância de Caxias do Sul, o que permitia uma viagem de carro sossegada pela estrada. Por conta dos descendentes dos alemães, que eram e são chamados colonos no Rio Grande do Sul, Gramado ganhou um destaque por suas ruas floridas – principalmente na primavera e verão –, enfeitadas por casas rústicas feitas de madeiras, muitas vezes com detalhes em pedras, transmitindo um toque de aconchego. O mês de dezembro se tornava admirado por turistas tanto de dentro do Brasil, quanto fora pela decoração natalina – o famoso natal luz –, festivais, estabelecimentos e até mesmo se concentrava uma boa parte dos visitantes em parques. O inverno não ficava para trás, por conta do clima frio e seco, a atmosfera europeia corria solta pelas ruas – e até nevava em certos períodos, enchendo as calçadas com um tapete esbranquiçado e gélido.

A primeira parada foi numa rua enfeitada, no centro da cidade, com arbustos floridos ao redor da calçada, apesar de ser início de novembro, o trafego se mantinha movimentado. Peixoto estacionou o carro de seu pai – que insistiu em emprestar –, um pouco perto do nosso destino, aproveito para procurar minha mochila pequena atrás do banco do automóvel e segurar a mão de Juliana, que olhava fascinada pela avenida.

— Ceci, parece que entramos em um conto de fadas! Olha, aquela é pequeninha – escuto Ju exclamar fascinada ao meu lado, admirando as construções com as órbitas castanhas brilhantes. — Parece casas onde uma princesa moraria... será que tem princesas por aqui?

— Podemos dizer que Gramado é a cidade dos contos de fadas Ju – argumento segurando o celular que Guilherme estendeu em minha direção —, então, tecnicamente, estamos dentro de um... qual tu gostaria que fosse?

— Hum... deixa eu pensar Ceci – murmura batendo levemente com o indicador nas bochechas rosadas. — Já sei! A branca de neve, é bem parecida com as casinhas dos setes anões!

— Tu também irá ser envenenada por uma maça e ser acordada por um beijo do príncipe? – Peixoto questiona ficando ao nosso lado e ativando o alarme do carro.

— Não! Primeiro que não se deve aceitar comida de estranhos Gui – responde colocando as mãos na cintura —, e também não se pode beijar pessoas que nunca viu!

— Exatamente Ju – encorajo notando meu namorado soltar um riso pela boca, mas permanecendo sério.

Segurando minha mão e a do seu irmão, Ju se manteve entre nós dois e assim, atravessamos a faixa de perdeste, caminhando pelo chão de concreto detalhado, que permitia o acesso a Igreja Matriz São Pedro.

Permanecendo no coração da cidade de Gramado é uma das atrações mais chamativas pelos visitantes por sua arquitetura. Pelo lado de fora é possível notar os tons acinzentados pelos tijolos que formaram as paredes da construção. Na ponta, em formato triangular, uma cruz esbranquiçada se destacava, brilhando por conta da luz do sol. Entre a porta principal, duas janelas retangulares arredondadas na ponta se mostravam presentes, permitindo a visualização de dentro do ambiente.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now