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Guilherme – Teus trejeitos.

17/10/2019

Encaro o semáforo alternar a cor avermelhada, para uma esverdeada, apontando que eu já poderia ultrapassar a rua pavimentada, caminhando em direção a instituição onde vários acadêmicos caminhavam na direção do portão aberto, era possível ouvir da esquina o burburinho rodar os grupos amontoados. Mas, apenas um ponto em movimento conseguia toda a minha atenção.

Os fios encaracolados balançavam conforme a brisa do entardecer envolvia-a, um sorriso se mostrava esbanjado nos lábios perfeitamente desenhados. Enquanto meu olhar seguia sua caminhada, suas esmeraldas se fixaram sobre mim, deixando cada pelo do meu braço arrepiado. Cecilia podia não saber, mas ela tinha um grande efeito sobre mim, desde a pele eriçada até os batimentos descompassados dentro do meu peito.

— Tu não aprende né? – questiona envolvendo os braços em minha cintura, me privilegiando de sentir o perfume de suas madeixas acastanhadas.

— O que eu não aprendo molinha?

— Não sabe ir direto para tua aula.

— Meu anjo, tu é meu colírio, sem te ver, minha visão não funciona cem porcento – murmuro vendo-a rir sobre o tecido da minha blusa.

— Tu realmente não presta Guilherme – argumenta.

— Como se tu não gostasse minha querida flor.

Observo-a negar sorridente e me presentear com o olhar intenso, era possível ver a imensidão dentro das órbitas esverdeadas iluminadas pela luz do entardecer. Os raios solares em tons alaranjados entravam em contrastes com os tons de verdes de sua íris, contraindo sua pupila, que muitas vezes se mostrava dilatada.

— Vai para tua aula – pede encaixando sua mão na minha, balançando-a.

— Mas, molinha¸ hoje eu fico aqui.

— Fica? Por quê? – questiona franzindo o cenho, até que seus lábios formam um perfeito "o". — Irá participar da palestra também? Achei que era só o curso de ciências biológicas.

— Irei, como é a importância de santuário para a preservação da fauna, acaba entrando arquitetura – respondo notando-a concordar com a cabeça e exibir um sorriso animado. — O que foi molinha?

— Poderemos sentar juntos! Vamos, as gurias estão esperando, sentaremos todos juntos – anuncia, me puxando pela mão em direção a entrada.

Cecilia me guiou pela calçada, desviando de pessoas distraídas que caminhavam em nossa frente, até adentrarmos o saguão principal nem um pouco silencioso. Invés de seguirmos até o corredor, apenas dobramos a direita, parando em frente a uma porta preta com duas maçanetas, que dava acesso ao auditório.

Um grupo de meninas se posicionava atrás dos bancos, esgueirando o pescoço a procura de alguém, até que três pares de braços abanaram em nossa direção.

— Elas estão ali – murmura segurando ainda minha mão, até alcançarmos as garotas sorridentes. — Como vocês estão?

— Super bem! Nos encontramos lugares ótimos, estávamos te esperando – Amanda responde apontando para os seis lugares desocupados, na quarta fileira, tendo uma melhor vista da palestra. — Sorte que tem um lugar a mais, não sabia que teu namorado viria Ceci.

— Eu também não, mas pelo visto é do curso de biologia, veterinária e arquitetura – comenta.

Conversando, as quatros garotas se direcionaram para as cadeiras que eram grudadas umas nas outras. Apenas permaneci observando-as enquanto dialogavam sobre a possibilidade de conseguir um estágio ou vaga em um zoológico ou santuário. A cacheada ao meu lado, acariciava com o dedão minha mão entrelaçada na sua, ao mesmo tempo em que seu olhar fixava na garota de cabelo azulado, sorrindo em meios as palavras.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now