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Minha maldição

27/09/2019

Nossos pensamentos são sem sombras de dúvidas, uma fonte ilimitada de ideias e raciocínios, sempre armazenando detalhes. Ao mesmo tempo que podem ser considerados heróis por responderem rapidamente uma questão considerada difícil, também podem serem responsáveis por nos destruírem com apenas uma lembrança estúpida.

Fragmentos de acontecimentos que nos machucaram, não desaparecem como um passe de mágica, eles apenas ficam resguardado em um ponto solitário da mente, esperando um momento propício e assim, causando uma guerra em nossa mente. E é aí, que o perigo se esconde.

Se puder, silencie o mais rápido possível as vozes tenebrosas e irritantes.

Por mais que eu tente correr e deixar de lado a pequena sombra, eu não consigo abandona-la e como recompensa, ela apenas me traz inseguranças e medo de um futuro. Como consequência, desde segunda-feira – vinte e quatro de setembro, um número par, mas que, infelizmente, trouxe má sorte –, acabei carregando um pequeno baú invisível sobre meus ombros, o que acabou me tornando entristecida e enfurecida, me fazendo pronunciar poucas palavras.

Não seria fácil de existisse uma maneira de retirar os sentimentos ruins que esmagam o peito? Como no livro de Harry Potter, onde o diretor Dumbledore com o auxílio da varinha, retirava as lembranças na parte da têmpora e colocava dentro da penseira – uma bacia de pedra –, invés de revive-las, eu apenas poderia esquece-las dentro do armário. Porém, o mundo é dos trouxas e eu devo apenas seguir adiante com esse fardo.

Através de um sonho, onde relacionamentos fardados que tive em meus dezoitos anos de vida, surgiram para afetar minha cabeça, perpetuando que eu jamais conseguiria seguir em frente, me deixando ser amaldiçoada pelos meus próprios pensamentos. E uma pessoa não era culpada nessa história: Guilherme.

Eu tenho o evitado desde o início da semana, inventando desculpas fajutas em todos horários que ficávamos juntos, desde da saída na universidade até quando ficávamos conversando perto do muro. Eu apenas me calei e senti sua ausência. Por mais que meu coração implorasse por sua atenção, eu não conseguia encarar em seus olhos e dizer o que me incomodava.

— Tu está bem Ceci? – Thari questionou ao meu lado, enquanto estávamos na aula de desafios complementares, desenvolvendo nosso projeto que era sobre jogos didáticos do reino animal para ensino fundamental e médio. — Na verdade, desde segunda tu está quietinha e estranha... algo aconteceu? Questionei as gurias e elas também estranharam...

— Está tudo bem... – murmuro evitando olhar em suas órbitas esverdeadas, encarando a folha rabiscada. — Obrigada por se preocupar, mas está tudo bem.

— Tem certeza? – insiste. — Caso quiser conversar, só nos chamar.

— Já se sentiu insegura? Em quesito de relacionamentos, com medo de não terminar muito bem... e acabar se machucando – confessei, notando-a colocar a atenção em mim, mordiscando os lábios em seguida como se estivesse procurando palavras certas.

— Claro que sim, somos humanos, o que mais somos é inseguro..., mas Ceci, não pode deixar isso te afetar, por mais que tua mente diga algo, tu deve com todas as forças tampar os ouvidos e continuar caminhando – comenta, parando para pensar ao mesmo tempo que ajeitava seu piercing no lábio inferior. — É sobre o Guilherme?

— Sim... eu não sei exatamente o que pensar, eu acabei me distanciando e não deixando uma abertura para ele entrar – murmurei desviando o olhar para a parede amarelada. — Eu só não sei o que pensar... eu só não consigo conversar com ele agora.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora