𝙑𝙄

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Um beijo adocicado

28/07/2019 

Mesmo adorando o inverno e o clima frio que ele trazia, despertar em uma manhã de domingo era um pesadelo, enquanto poderia estar adormecendo enrolada em pelo menos duas cobertas grossas que traziam um calor aconchegante, eu estava sentada ao redor da mesa bebericando café – ainda para completar, acabou ficando morno por conta da minha demora.

Mamãe estava encostada no balcão da cozinha, enquanto despejava água quente dentro da cuia marrom, com detalhes bordados, contendo erva-mate e umas folhas de chá, enquanto comentava que estaríamos saindo daqui a pouco para ir até a casa da vovó. Biel estava na sala de estar olhando para a televisão como se fosse ter um derrame no sofá, já Geovane estava na garagem limpando a sujeira dentro do carro.

Volto minha atenção para a mulher esbelta a minha frente, o que me fez lembrar que eu tinha um encontro hoje à tarde, não que eu tenha esquecido, afinal estava martelando na minha cabeça desde da madrugada de sexta-feira.

— Mãe – chamo-a baixinho, largando a xícara vazia em cima do prato de vidro sujo de farelo de cacetinho. — Eu vou sair à tarde.

— Aonde irá? Vai ir com a Luara? – questiona puxando um ultimo gole de chimarrão e deixando a cuia sobre o balcão.

— Não será com ela... Eu vou sair com o Guilherme – murmuro, percebendo meu rosto esquentar gradualmente, aproveito para olhar para meu meio-irmão, apenas para verificar se o mesmo não havia escutado algo.

— Guilherme? O amigo do Biel?

— Sim.

— Tudo bem, só não volte tarde.

Apenas concordo e aproveito para retirar a louça suja da mesa e lava-los, deixando escorrer a água no escorredor. Retorno para meu quarto afim de terminar de organizar minha mochila pequena com meus pertences importantes. Ontem à noite, eu havia avisado ao meu parceiro de encontro que eu iria pegar um ônibus e encontra-la no nosso lugar marcado.

Aproveito para direcionar meu olhar para o espelho grudado na porta do meio do guarda-roupa, analiso o sobretudo preto com alguns pelos brancos, tapando a básica de gola alta vinho. Combinando com a calça jeans escura que cobria minhas pernas cheinhas e em meus pés, meus all-star bordo inseparáveis.

Eu conseguia sentir o nervosismo tomar conta de cada extensão do meu corpo, por mais que eu já tenha encontrado com alguns caras e saiba como funciona um encontro, parecia que eu havia voltado a estaca zero e iria sair pela primeira vez. Guilherme era uma medusa perto de mim, apenas em olhar em suas orbitas escuras, imediatamente me petrificaria.

Suspiro e me forço a sorrir para o meu reflexo no espelho, no intuito de me encorajar. Com meus dedos avermelhados por conta do frio, alcanço a alça de minha mochila pequena e caminho pelo corredor estreito, indo até a garagem aberta, onde meus familiares já estavam prontos.

— Olá Ceci! – a familiar voz infantil chamou minha atenção por trás do murro, aproximo-me da mesma e aproveito para varrer o olhar em busca de um rosto conhecido. — Vai passear?

— Irei visitar minha avó.

— Ah! E a Safira irá junto? – pergunta cabisbaixa.

— Irá Ju... Safira é como um neném, sempre vai para os eventos – respondo bagunçando seus cabelos escuros.

— Está bem... Vou esperar por ela! – responde e no mesmo instante virou a cabeça para trás, percebendo uma presença se aproximar. — Bom dia mano!

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now