𝙄𝙑

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o destino (im)perfeito

25/07/2019

O dia havia amanhecido gélido e chuvoso, carregando consigo um vento forte pela cidade nublada, gelando completamente nossa pele. As gotículas da chuva se acumularam e deslizavam lentamente pelo vidro da janela da cafeteria, através dela podia se observar distintos guarda-chuvas colorirem a calçada.

Enquanto uma melodia calma ecoava pelo ambiente barulhento, pego-me pensando nas órbitas escuras que pareciam uma noite de inverno, fria e escura. Minha mente viajava em todos os momentos e travava quando o olhar incompreensível do garoto calado surgia diante de mim.

Para ser sincera, eu não estava realmente acordada, apenas cinquenta porcento do meu cérebro estava funcionando por conta de uma xícara cheia de café forte que tomei ao chegar na cafeteria. A mensagem que recebi logo após chegar em casa, havia causado um curto-circuito no meu sistema nervoso, obrigando-me a fechar os olhos e adormecer, o que não ajudou, afinal em meus sonhos a cena se repetiu.

A madrugada parecia que nunca iria passar e eu sentia que ficaria uma eternidade apenas olhando para o teto de madeira, escutando a ventania sacudir a janela de madeira do meu quarto. Quanto mais eu ansiava pela manhã, maior era meu sofrimento.

Quando finalmente meu celular despertou, reuni coragem para desbloquear a tela e finalmente responder à mensagem, a qual foi rapidamente correspondida por um bom dia. Não vou mentir que desde então estamos trocando mensagens pelo aplicativo, eu me sentia empolgada e ao mesmo tempo com medo, às vezes sinto que toda essa cena, é apenas uma brincadeira de mal gosto e eu sou o alvo de risadas.

15:35 Guilherme Peixoto — Eu não tinha teu número, logo quando nós formamos, sai do grupo da turma, então João acabou me enviando.

Devo anotar que quando encontrar com meu ex colega de sala de aula, vou enterra-lo vivo.

— Esperando mensagem de alguém? – escuto Ana Beatriz se aproxima do balcão fixando seus olhos na tela do celular em cima da superfície de madeira.

— N-Não... Eu estava olhando as horas – respondo limpando a garganta.

— Mas temos um relógio imenso na parede – argumenta e eu encaro o objeto redondo branco rendida. — Acha que eu nasci ontem?

— E-Eu estou conversando com um ex colega meu... – murmuro suspirando. — Acabamos dando match no tinder e eu descobri ontem que somos vizinhos, então ele acabou me mandando uma mensagem.

— E o que está te incomodando?

— E se for uma brincadeira? Nunca que sairia ou falaria comigo...

— Ei! Não Ceci, não se rebaixe dessa forma! – exclama agitada passando pela porta do balcão e ficando em minha frente, as órbitas acastanhadas carregando tons esverdeados fixaram em meus olhos. — Tu é uma guria incrível, aposto que tem uma fila imensa de pessoas querendo sair contigo! Se ele te curtiu e te chamou, é porque tu chamou atenção dele querida.

— Eu sei...

— Então! Pare de confusão e apenas continue conversando com ele – aponta posicionando suas sobre meus ombros de forma carinhosa. — Confie.

— Irei, mas... – no mesmo instante, fixei meus olhos na porta de vidro, onde o dono da nossa conversa adentrou com uma expressão seria no rosto acompanhada de uma guria um pouco mais baixa que ele. — E-Ele...

— O quê?

— Ele, o guri que eu estou conversando, acabou de entrar – murmuro atropelando todas as letras.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now