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Esconde-esconde nunca foi tão divertido

03/08/2019

As gotículas que caiam fortemente, acumulavam-se na madeira esbranquiçada da janela, deslizando pela superfície de vidro, uma atrás da outra, formando linhas tortas. Meus olhos cansados os via como uma pequena corrida, afim de esquecer as folhas de resumos sendo imprimidas na pequena impressora ao lado do meu computador, que de vez em quando travava, principalmente em momentos que eu mais necessitava.

Desde que o dia amanheceu, a chuva decidiu tomar conta da cidade de Caxias, descolorindo o azulado do céu e deixando as ruas enevoadas. Trovões ecoavam sem parar pelos céus, o que me faziam pular da cadeira que acabei pegando emprestado da sala de jantar, por estar tão concentrada em taxonomia e sistemática animal.

Por conta do calendário da cafeteria e as horas extras que eu possuía, consegui tirar um dia de folga e assim, pude passar algumas horas de sábado estudando, o que me fazia tomar pelo menos duas xícaras de café forte e ter uma dor de cabeça insuportável.

Mas o silêncio que rodava pela casa, sinalizando que não havia sequer uma alma presente, era aconchegante. Afinal mamãe estaria trabalhando na loja e Geovane ocupado no fórum de advocacia da cidade, nem mesmo Gabriel estava jogado pelo sofá assistindo suas séries ou gritando em seu quarto por conta de perda em um jogo, meu meio-irmão estaria de serviço no quartel.

Apenas Safira me acompanhava deitada sossegadamente sobre os edredons estendidos, tapando o lençol e o travesseiro.

— Finalmente minhas folhas foram imprimidas... – murmuro observando uma pequena pilha de folhas, que eu acrescentaria em meu caderno. Aproveito para espreguiçar e ajeitar os óculos arredondados em meu nariz — Eu poderia ganhar uma folga agora né Safi?

Encaro a frajola que me observava falar sozinha com as órbitas amareladas, em resposta apenas se espreguiçou, levantando suas patinhas abertas para cima.

Até que a atenção que eu tinha sobre a felina, fora tirada ao escutar algumas batidas na porta da frente de casa, sinalizando que minha companheira havia chegado para me acompanhar nesse dia chuvoso. Safira, com seu focinho, identificou o cheiro familiar e sem me esperar, correu pelo corredor.

Sigo-a andando rapidamente, arrastando minhas pantufas no piso de cerâmica, escutando-o ecoar pelo ambiente.

Giro a chave que estava trancando a porta, afinal detestava ficar em casa com a porta destrancada. Com as mãos quentes por terem ficados por muito tempo debaixo de minhas coxas grossas, viro a maçaneta de metal, deparando-me com um oompa loompa com uma mochila amarela nas costas sorridente.

— Olá Ceci! – Ju exclama abraçando minha cintura e adentrando minha residência ao notar Safira sentada perto dos meus pés. — Oi Safi! Como você está?

— Eu agradeço de novo por ficar com a Ju de tarde, até então seria minha folga hoje, mas tenho uma consulta agendada de uma menina na clínica hoje – Carla argumenta gentilmente, passando as mãos sobre as mangas da jaqueta acolchoada vinho que estavam úmidas.

— Não precisa agradecer, Juliana é uma boa companhia, com certeza iremos aproveitar esse dia chuvoso – elogio a pequena que já havia sentado no sofá enquanto acariciava a frajola dengosa.

— Guigo irá chegar pela tardezinha, ele saiu com alguns amigos... Aí ele vira buscá-la ou ficar aqui... – comenta tentando segurar um sorriso em seus lábios finos. — Bom, eu vou indo. Até logo gurias!

— Até mamãe!

Observo as costas da mulher sendo tampada por um guarda-chuva grande se distanciar até o carro estacionado na calçada, aproveito para trancar a porta, afinal estava congelante lá fora.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin