pés diferentes
13/10/2019
A manhã calorosa se ponderou enquanto o domingo amanhecia, o frio quase inexistente, se dissipava com tristeza para o norte. Os dias amenos se tornavam mais fixos, apesar de haver tardes que te obrigavam a retirar alguma peça do corpo e deixar, ora a perna, ora os braços expostos. Foi necessário até mesmo organizar o guarda-roupa recheado de blusões e moletons, carregando-os para a parte superior das prateleiras e as roupas frescas mais para baixo.
Coço meu rosto, sentindo a preguiça impregnar meu corpo com tamanha força, aproveito para repousar minha mão direita sobre o celular que vibrava ao lado do travesseiro, observo a tela com os botões brilhantes pulsarem. No mesmo instante em que deslizei a opção "aceitar", escutei a voz familiar ressoar através do microfone:
— Bom dia molinha! Já está acordada?
— Bom dia... Recém acordei, algum problema? – questiono retirando a coberta fina que cobria meu corpo.
— Não... só que minha mãe perguntou se tu gosta de lasanha de panqueca, ela irá fazer com recheio de...
— Soja Guilherme — ouço uma voz feminina gritar.
— Isso, soja – completa entusiasmo. — Então, tu gosta né?
— Gosto sim... – respondo encaixando o celular no ombro e pressionando com a orelha. — Eu irei tomar banho agora e...
— Está bem! Mãe, ela gosta... Eu chegarei aí logo, quando tu terminar de se vestir, mesmo que moramos um no lado do outro, preciso te acompanhar — Peixoto me interrompeu, era possível ouvir algumas batidas suaves de panelas. — Mamãe acordou cedo e bastante animada, ela fez uma torta de limão vegano... diz ela que achou a receita sem querer na internet.
— Ela não está tendo trabalho demais?
— Claro que não, eu estou ajudando – responde animado. — Vou desligar, ela quer que eu cuide as panquecas, até logo molinha.
Descanso o braço na lateral da minha cintura, segurando o celular em minhas mãos. Ao mesmo tempo em que coçava meus olhos pela segunda vez, um sorriso ganhou destaque em meus lábios, acordar e já escutar a voz rouca de Peixoto ao meu lado, era uma sensação calorosa. Antes que eu pudesse levantar da cama, Safira miou e pulou em cima de minhas pernas, se aconchegando por ali.
— Safi... mamãe tem que levantar, ela irá almoçar com seus avós – murmuro afagando o pelo preto, no topo de sua cabeça. — Teu papai está ajudando a mãe dele... espero que ele não queime nada.
Minhas pálpebras ergueram ao ver a felina me encarar, como se ela tivesse entendido cada sílaba que eu havia proferido dos meus lábios secos. Às vezes me questiono, se os gatos domésticos, consegue nos compreender e só finge que não, por terem famas de frios. Noto-a se levantar, espreguiçar suas patas, alongando o corpo de duas cores e pular para fora da cama, indo em direção a porta entreaberta.
Sem deixar os minutos passar, decido levantar para poder começar a me arrumar. Enrolo meus cabelos úmidos em minha toalha bege, após sair do cômodo cheio de vapor, por conta da água quente do chuveiro elétrico, vestindo uma blusa bordo sem estampa e uma calça jeans preta skinny, justa em minhas pernas encorpadas.
Os últimos trinta minutos, foram utilizados para secar um pouco os fios encaracolados e finalizar com creme de pentear. Massageio meu rosto com protetor solar e presenteio meu pescoço, com um espirrada de perfume floral de essência de pitanga. Antes de sair do meu santuário, calço meus all-star preto e posiciono meu celular no bolso de trás da calça.
BINABASA MO ANG
Meu cupido é um felino [FINALIZADO]
RomanceO amor é um sentimento puro que infecta o coração dos seres humanos, deixando-os viciados no parceiro, na mitologia romana, o cupido ou Deus do amor, tinha o poder de unir as pessoas por conta de suas flechas mágicas. Para Cecilia, o responsável que...