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O início de tudo

05/01/2020

Um novo ano havia iniciado. Rápido e agitado. Em outros termos, o ano mal havia terminado, como começou. As festividades de fim de ano rendiam memórias inesquecíveis e únicas, mas também dores de cabeça e sujeira para limpar. Tanto o natal, quanto o ano novo, deixaram os brasileiros de cabelos para o alto de tanta agitação em uma duas semanas.

Principalmente os gaúchos, alguns optavam por passar em casa as festividades e outros alugavam alguma casa na a praia mais famosa do Rio Grande do Sul. Se a opção é de ir para um lugar sossegado, sem encontrar vizinhos ou conhecidos irritantes, não escolha Cassino. Lá, é provável que encontre até sua professora de fundamental ou um ex namorado babaca. Apesar desses detalhes, é um bom local para passar o dia e principalmente, o ano novo com os fogos de artifícios reinando pelo céu escuro, ofuscando as estrelas, refletindo pelo mar.

Mas, novamente, decidimos passar em casa. Preparando refeições que te entupiam. E durante uma semana, só havia um tipo de prato no cardápio: o que sobrou do Natal e Ano Novo. S

Eu estaria mentindo, ou melhor ocultando, em não admitir, que em minha residência a loucura não esteve presente, pois ela esteve. Eu nunca havia presenciado mamãe e Geovane beberem tanto, a ponto de dormirem no sofá abraçados. De vovó aprendendo a jogar baralho Uno com Juliana e Gabriel. De Peixoto tão sereno, quanto uma noite fria, nem transparecendo o quão bêbado estava. Do vizinho da frente berrando que não aguentava mais o ano e que o próximo, seria muito melhor. Bem, foi literalmente um espetáculo.

E janeiro, iniciou-se quente como em todos os anos, elevando a temperatura no alto. As contas de luzes apenas subiam e davam ataques no coração de quem as lias. Bem, o pampa ou é muito frio ou extremamente quente. Por sorte, que havia locais com bastante sombras e carrinhos de picolés distribuídos pela cidade, o que satisfazia a vontade de se gelar um pouco – apesar de que o verão é a melhor desculpa para beber uma cerveja gelada após o expediente.

E por benção do destino, ou melhor, da minha chefe, eu consegui quinze dias de férias para aproveitar o bastante na minha própria cidade, pois é raro as vezes em que viajo. Até conversei com Guilherme para viajarmos ao Cassino – eu não disse –, passar o dia e levar Gabriel e Juliana, bem, acredito que iremos semana que vem. É algo que está sendo planejado.

Até lá, aproveitamos sempre para sair após as dezesseis horas, assim o sol não estaria tão escarlate. E com bastante protetor solar em todo o corpo, principalmente no rosto. Apesar do calor, as tardezinhas eram as melhores, era o melhor horário para aproveitar um programa em alguns locais da cidade.

Sentindo um resquício do vento da tarde, ergo meu queixo para cima, observando as nuvens, lentamente, navegarem pela tonalidade azulada saturada. O dia estava realmente lindo. Não estava tão calor, tampouco frio. Estava perfeito. Perfeito para um encontro com alguém.

Encaro minha frente, notando o local familiar. As árvores de porte grande com as folhas recheadas de clorofila, presentando a calçada com excelentes sombras. A catedral Santa Teresa recém pintada, parecendo estar mais vibrante do que nunca. A fonte de água jorrando sem parar a água para cima e retornando para dentro, entregando uma visão privilegiada da catedral. Novamente estávamos aqui. Na praça Dante Alighieri. Onde tudo começou.

Aqui nada mudou. Mas em mim, tudo mudou a partir daquele dia. Parece uma grande bobagem repetir que o amor me mudou e me fez encontrar uma nova versão minha, como em livros de romances clichês. É uma bobagem. Mas é verídico. O amor realmente transforma. É loucura, eu sei. Mas foi o que aconteceu. É a minha experiência.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Where stories live. Discover now