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Balanço do amor

08/09/2019

Felizmente – ou infelizmente –, o nono mês do ano havia chegado para nós alertar que o fim do ano estava quase próximo, trazendo consigo a variação do clima, afinal no final de setembro, a primavera começaria trazendo consigo a beleza das flores.

Por mais que os dias fossem recheados pela fina camada da geada pelos campos da serra e pelo frio que congelava rapidamente as pontas dos dedos, havia dias que isso se extinguia e o sol se tornava mais uma vez responsável pelo calor.

O azul-claro reinava pela extensão do globo, com poucas nuvens dispersadas, deixando os raios solares ultrapassarem, penetrando nossa pele gélida. O domingo acabou amanhecendo calmo, apenas com uma brisa fria, que era esquecida pela fonte de energia alaranjada.

Encaro o vidro da janela com um adesivo de aviso grudado, notando que eu já estava chegando ao meu destino.

— Até que não está muito cheio – o garoto ao lado comenta, em seguida se levanta do banco, indo na direção a porta da saída. — Espero que tenha algo para comer, eu estou faminto.

Em silêncio, enquanto caminhava até a saída segurando fortemente nas barras, observo as duas silhuetas em minha frente descerem de mão dadas na calçada. Apesar que a garota de rabo de cavalo estava mais animada do que seu acompanhante.

Logo que eu havia chegado em casa na sexta-feira a noite, habitualmente acompanhada do meu vizinho, fui recepcionada por um convite irrecusável, afinal não era só Peixoto que queria ir, mas a sim a pequena tagarela, Juliana.

— Ceci! Vamos, me dê a mão – Ju exclamou, virando seu rosto para trás e levantando seu braço. — Temos que atravessar a rua juntos!

Apenas concordo deixando um sorriso rechear meus lábios e enlaço nossas mãos, notando Guilherme sorrir gentilmente ao lado dela.

Logo atravessamos a faixa de pedestres pintada com listras brancas grossas no asfalto, até estar de frente para a entrada do parque cinquentenário. O espaço que permitia os visitantes adentrarem a área recheada de árvores de portes grandes, apresentava duas colunas retangulares acinzentadas em cada lado, com um espaço para passar por ela, onde cada uma suportava leões dourado.

— Dois leões! Que legal! Eles estão em posição para uivar, certo? – Ju questiona fascinada pela estátua de concreto.

— É como se eles protegessem o local... Ele foi inaugurado em 1925 para comemorar os cinquenta anos de colonização italiana – Peixoto comentou observando atentamente o local. — Meses depois da inauguração, ele foi entregue para a população e desde então virou um ponto histórico e turístico... eu acabei lendo uma reportagem esses dias.

Aproveitamos para continuar caminhando, passando por um portão esverdeado de ferro, que trancava o parque a noite. Bem na entrada, a direita, havia uma cabana retangular, onde era possível visualizar pelas aberturas quadrangulares, alguns bancos de madeira distribuídos pelo local.

Acredito que o parque cinquentenário é uns dos pontos turísticos mais bonitos de Caxias, afinal a vegetação se estendia por todo ele. Desde as gramíneas aparadas, onde as árvores bloqueavam os raios solares de colidirem contra nossos rostos, projetando silhueta das folhas, em volta na trilha de pedra em forma de mosaico. Os visitantes aproveitavam para correr pela trilha pela manhã ou ao entardecer, ou passear aos finais de semana, para aproveitar o ambiente sossegado.

Quase chegando no meio do local, uma pequena área revestida por areia, rodeado de minúsculos troncos, encontrava-se um parquinho infantil, onde vários balanços e escorregas estavam presentes. Automaticamente, os olhos da garota ao meu lado brilharam como faróis e não tardou de correr até uns dos balanços, sentando-se sobre a superfície azulada.

Meu cupido é um felino [FINALIZADO]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora