Capítulo Trinta e Um

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Três toques soaram a porta aproximadamente às nove da manhã. Alya se levantou prontamente para atender quem possivelmente esperávamos.

Era Henri.

— Você é realmente pontual. – ponderei surpresa. Minha amiga o cumprimentou e fez um sinal para que ele entrasse, o que não tardou em fazer, vindo em minha direção, entendendo a mão. A apertei.

— Não falho com minha palavra. – deu uma piscadela – Então, o que temos até agora?

Indiquei a cadeira perto da mesa que havia no quarto para que ele se sentasse e se sentisse mais a vontade.

— Testemunhos rasos, pessoas que dizem a mesma coisa e uma cápsula vazia – Chloe se pronunciou, entregando o objeto para o advogado dentro de um saquinho.

— Na realidade, não temos quase nada, é uma cidadezinha que as pessoas confiam umas nas outras, logo, vão se proteger – disse Alya.

— E uma vez que somos da capital sem ter uma mínima ideia do que aconteceu, é, estamos em desvantagem – completei.

Aquilo me fez pensar. Valia a pena correr todo esse risco? Quer dizer, não éramos detetives, nem investigadoras. Somos apenas três adolescentes no último ano do ensino médio querendo ter uma vida normal. Pra completar, eu acabei de sair de uma depressão depois de três anos, e aquilo estava me consumindo.

Tive que respirar fundo para não acabar surtando, mas voltei a me manifestar.

— Pelo que entendemos, é tudo permitido aqui, quase uma terra sem lei. Não há motivo algum para terem chamado a polícia, muito menos ter trago um "batalhão" para prender um bando de adolescentes dentro de carros bancando Toreto e sua família – fiz aspas com as mãos e um gesto bastante exagerado. Quando percebo, já estou andando de um lado para o outro.

Henri e as meninas me observavam atentos, mas também pareciam estar em seus próprios pensamentos. Queremos acabar com aquilo, e rápido. Isso não traria a liberdade de Félix, uma vez que ele realmente transportou drogas, mas alivia a pena dele pelo assassinato que não cometeu.

— Muito bem – falou Henri após um tempo – Vamos seguir passo a passo do depoimento de Félix, trouxe na minha pasta. Refazemos, montamos um mapa mental e coletamos o máximo de testemunhas que acharmos aqui. Estão de acordo? – concordamos ao mesmo tempo. Afinal, era ele o profissional aqui.

— Você tem cópias ou vamos fazer todos juntos? – perguntou Chloe.

— Todos juntos será melhor. Poderemos refazer algumas cenas, quem sabe achar mais coisas que foram esquecidas pelos policiais. Vamos levar essa investigação a fundo da maneira mais correta e limpa possível – dito e feito, pegamos algumas coisas e saímos do hotel.

Antes de irmos para a cidade, paguei a diária daquele dia. No carro de Henri, ele nos explicou que o julgamento aconteceria em cinco dias, ou seja, teríamos apenas hoje e o dia seguinte para conseguirmos alguma coisa, porém teríamos que agilizar, já que eu, Chloe e Alya não poderíamos faltar a escola. Estaríamos cansadas, mas seria por um bom motivo.

Quando chegamos, fomos até a linha de largada. Louise, que estava na loja que costumava trabalhar, se disponibilizou para nos ajudar. Explicou que todos ficavam ali, acompanhando a corrida pelos celulares que eram transmitidas imagens de outras pessoas que ficavam espalhadas pela estrada. Como sempre era a noite, os postes de iluminação se restringiam até certo ponto da cidade. Então, sobrava para os faróis ajudarem os "pilotos".

De acordo com o depoimento de Félix, naquela noite ele encontrou com um tal de Damon, que o emprestava o carro durante todas as vezes que corria. Em um momento específico, o homem disse que precisaria de um favor daquela vez, ou seja, as drogas estariam no carro, de fácil acesso no banco do passageiro para que, em determinado ponto da estrada, ele apenas jogasse para fora do carro, que o comprador pegaria depois. E foi o que fez, correu, jogou as drogas, e retornou para a linha de chegada. Ao retornar, estava um caos. Pessoas sendo apreendidas, Félix havia sido chamado pelo nome por um dos policiais, e foi naquele momento que as coisas saíram do controle. Segundo ele, não houve troca de tiros, apenas apreensões e pessoas sendo chamadas pelo nome. Não viu mais Damon desde que foi preso.

New Opportunities {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now