Prólogo

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Muitas coisas rondavam minha cabeça. A minha dor era profunda. Eu me sentia, muitas das vezes, sozinha, por mais que tenha pessoas muito importantes em minha vida. Mas, aqueles me acolhiam sempre que algo de errado comigo acontecesse, se foram para sempre e, a cada dia que passa, me sinto cada vez mais culpada. Hoje, meus pulsos são marcados por marcas permanentes, cicatrizes estão por várias partes do meu corpo, uns são intencionais, os do meu corpo, causados por um acidente marcado em minha vida. Já perceberam o quanto é ruim estar em depressão? Tratamentos não adiantam, psicólogos não sabem o que há de errado comigo. Posso dizer, que há muito tempo não sei o que é felicidade de estar em uma família, por mais que seja clandestina.

Tenho amigos que se importam comigo, e é graças a eles que não me matei até agora. Me pergunto o porquê de eu não conseguir esquecer isso e levar minha vida adiante, porém, por mais que eu tente, não consigo. Trago a memória o trauma que tive, os pesadelos vem com frequência, costumo acordar no meio dá madrugada soando frio. Muitos sentem pena de mim, alguns falam que sou fraca demais e que deveria esquecer e seguir em frente – como se eu nunca tivesse tentado. Com esse tipo de comentário, eu realmente deveria erguer a cabeça e parecer forte, mas aí vem as vozes em minha mente, me culpando pelo ocorrido.
Balanço a cabeça na tentativa de esquecer isso pelo o menos enquanto estudo. Visto minhas roupas normais: uma calça jeans clara, blusa com mangas compridas – até porque ninguém sabe que eu marco meus braços, nem mesmo meus amigos – e um all star vermelho. Pego minha mochila e saio da minha casa. E sim, eu ainda moro aqui. A padaria ainda funciona, faço os pães normalmente, só que com mais atrasos, é assim que me viro nos últimos três anos. Meu amigo, Adrien, me ajuda a bancar a padaria, eu não queria sair daqui pois foi o lugar que eu cresci, tive minha vida completa um dia. Ah sim, Adrien só me ajudou por causa de seu recurso financeiro, não que ele seja rico, mas tem o suficiente para durar anos. Ele insistiu e muito para eu me mudar para sua casa, não só ele, mas seus pais também, porém neguei, não por ignorância nem por autosuficiencia, mas porque eu não iria aguentar ver eles reunidos e eu “sobrando” como intrusa lá, até porque seu irmão Félix não gosta nada de mim.

— Você que é estranho, fica falando sozinho enquanto dorme. – reconheci a voz de Alya bem na entrada da escola. Estavam os três reunidos – Nino, Adrien e Alya – na porta da escola.

— E você uma psicopata que vive seguindo os outros como se todos fossem assassinos. – retrucou Nino.

— Ah gente, vamos combinar que nenhum de nós é normal aqui. – disse Adrien.

— Eu só estou dizendo que Nino poderia deixar de ser pessimista o tempo todo. – indagou Alya.

— E você por acaso sabe o significado dessa palavra?

— Pelo menos eu tenho um intelecto melhor que o seu.

— Lá vamos nós outra vez. –  bufou Adrien.

— Estão disputando quem se da bem na prova de física? – intervi, vendo que se eu não interrompesse ia durar o resto do ano.

— Oi Mari. – cumprimentou Adrien me dando um abraço e eu retribuo. Assim que desfez, continuou com o braço por cima dos meus ombros. – Acho que estão disputando quem é o mais incoveniente.

— Há há há senhor Agreste, como se você não estivesse no meio. E bom dia pra você também Cheng. – respondeu Alya já irritada.

— Bom dia Alya. – me joguei em cima dela dando-lhe um abraço.

— E pra sua informação senhora Césaire, não estou fazendo parte dessa discussão. – se defendeu Adrien.

— Marinette, por acaso você fez o dever de física? – Nino me perguntou.

— Ah mon Dio, estive tão ocupada com a padaria que me esqueci. – lamentei.

— Sabia que você ia esquecer. – se gabou.

— Espera, então isso foi pra me testar? – ele assentiu. – Uou, que belo amigo você. – o sinal me interrompe na hora do meu sermão, ponto pra ele. Enquanto eu entrava uma mão me puxa pelo ombro.

— Você está bem? – me virei, e a preocupação comigo era visível em seus olhos.

— Claro, os pesadelos continuam, mas estou viva, não estou? – disse sarcástica, mas seus olhos verdes não aceitaram nem um pouco minha desculpa.

— Por favor, me diz que, se precisar de ajuda, vai me procurar? – disse ele, meio que implorando.

— Você sabe que eu peço. – dou um sorriso sincero a ele. Ele me abraçou novamente e fomos para a sala de aula juntos.

Isso aconteceu, durante três anos seguidos. Adrien sempre se preocupou comigo, mesmo antes do acidente. Não que Alya e Nino fiquem de fora, pelo contrário, todos eles me ajudam e muito. Mas Adrien sempre teve um carinho imenso por mim, todos o dias me liga, conversamos muito, me ajuda tanto na padaria – quando possível – e nos deveres de casa.

Podem pensar que sou dramática ou insensata demais, mas não é todos os dias que perdemos nossos pais, se a vida nos avisasse, o sofrimento seria poupado, mas é tudo repentino. Me pergunto o que seria de mim se não fosse meus amigos. Fico muito feliz por saber que posso contar com eles, que eles me dão apoio.

New Opportunities {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now