Capítulo Vinte

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“– Você está bem?
– Estou sim.
– Não está não.
– Por que?
– Seus olhos…
– O que tem eles?
– Eles não brilham mais.”

~•|•~

Três anos atrás…

— Vamos logo mãe, minha avó não para de ligar. – reclamo. Já era a terceira vez em cinco minutos que minha avó perguntava onde estávamos e porquê demoramos tanto.

— Por favor, Marinette, não me apresse novamente, não quero acabar xingando você. – ela disse por fim e estranhei aquilo, na verdade,  eles estão estranhos a semana inteira.

Pegamos nossas poucas “malas” – se é que posso chamar assim – e as colocamos no carro. Meu pai ainda estava dentro de casa fazendo sabe-se lá o que. Coloquei meus fones de ouvido a fim de aproveitar a paisagem da viagem até chegarmos a nosso destino. A verdade era que eu estava sim ansiosa para ver a vovó Lorena¹, fazia meses que não a via e queria muito comer mais de suas deliciosas madeleines²  com leite integral natural. Era meu lanche preferido, ela sempre fazia quando eu ia pra lá.

Quinze minutos haviam passado e nada do meu pai, já estava ficando inquieta com seu atraso, queria chegar logo em Colmar³.

— Mãe, por que papai tá demorando tanto? – perguntei intrigada.

— Coisas dele, Marinette, pode ir chamá-lo se quiser. – sorriu simples, então desci do carro e fui em direção a seu quarto. Subi as escadas correndo pois não via a hora de “cair na estrada”.

— O que? Não, elas nem suspeitam. Bem, talvez Sabine sim, mas… – peguei ele falando ao telefone, não interrompi pois não tinha a menor ideia do que ele estava falando pois, se fosse uma surpresa para mamãe, o aniversário dela e de casamento deles já havia passado, isso é estranho – Fique tranquilo, precisa confiar em mim, quando isso tudo acabar sequer vou me lembrar de você. – falou novamente após uma longa pausa. Soube que ele iria desligar o telefone então voltei para a porta da sala e fingi que havia chegado naquele instante.

— Hey pai… – forcei uma respiração ofegante, para ele acreditar.

— Filha? Por que não está no carro? – franziu o cenho, como se o que eu disse fosse uma coisa incomum.

— Eu… o senhor estava demorando, então vim ver se… – não completei a frase pois ele me interrompeu.

— Tudo bem, não precisava se preocupar. Vamos logo, sua avó deve estar de cabelos brancos já. – falou vindo em minha direção deixando um beijo em minha testa e trancando a porta.

E não, minha avó não gostava de cabelos brancos, sempre os tingia com tinta de cor castanho a cada quinze dias. Então, essa expressão cabia bem nela. Assim que entrei no carro novamente, estranhei o clima pesado que estava. Minha mãe observava a janela e o que tinha do lado de fora, meu pai estava bastante concentrado no volante para dizer qualquer coisa. Coloquei novamente meus fones e fiquei lendo um livro em PDF no celular. A viagem duraria cerca de duas horas praticamente, a cidade que minha avó vivia tinha uma beleza incomparável. As casas pareciam ter um estilo “rústico” por assim dizer. É que de fato não sei que estilo elas são. Todas bem grudadas umas nas outras com telhados pontudos e nas paredes cores vibrantes e variadas. Especialmente onde vovó morava havia um pequeno rio na frente de sua casa, com também uma pequena ponte – não no nível pont des arts ou neuf, mas era uma ponte.

Como saímos de casa já eram mais de três horas da tarde, chegaríamos lá por volta das seis horas ou seis e meia no mais tardar, se não fizermos uma parada ou algo do tipo.

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