Capítulo Onze

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Minha respiração estava pesada, ofegante. Olhei ao meu redor. É apenas outro pesadelo, pensei. Não acredito que haviam voltado, passei meses sem tê-los, agora retornaram, e ainda piores. Não conseguiria dormir novamente, então me levantei e fui para a cozinha. A casa estava deserta – o que não é novidade – , até porque já passado dá hora de Adrien voltar para casa, não poderia viver aqui o resto da vida. O silêncio me dava calafrios, sou uma pessoa que adora quaisquer tipo de barulho, por mais que seja irritante, é melhor que um silêncio predominante num lugar vazio. Bebi apenas um copo de água já que havia jantado e nem teve tempo da digestão ainda. Mal colocava a cabeça no travesseiro que já viam as malditas lembranças daquele dia. Suspirei, enfim fui até a varanda da minha casa, do lado do meu quarto. Dessa vez, sabia que ninguém poderia vir aqui e se certificar se estou bem. Seria uma ideia ruim eu pular daqui?

Penso muitas vezes se sou uma pessoa nada normal, pelo simples fato dos pensamentos suicidas que me vem a mente. E, por pior que seja admitir, Félix tinha razão. Sou uma psicopata suicida, acrescentando o fato de que pareço não ligar para meus amigos, ou qualquer pessoa que demonstre algum tipo de afeto por mim. Chega até ser chato ficar sempre pensando nisso e, é, não tem como. Olho para o relógio. São quatro e vinte e cinco da madrugada, faltam mais de três horas para dar o horário de ir a escola. Preparei um chocolate quente, peguei alguns biscoitos e me sentei perto da janela na sala. Observava a cidade luz novamente durante a madrugada, e era uma sensação boa, às vezes penso em sair em horário tipo agora só para ver como é sentir o ar gélido em plena manhã, mesmo o sol não tendo nascido. Depois, olho para meu reflexo. Não sou um tipo de garota bonita, que possa ser desejada por alguém, não tenho esse porte. Meus olhos são azuis claros, que ao sol, ficam da cor do mar. Puxei minha mãe nesse sentido, e o cabelo negro azulado também. Observando melhor meu nariz, lembro muito meu pai, um pouco empinado, fininho a frente. Suspiro, reclinou minha cabeça, e fecho meus olhos na tentativa de dormir pelo menos um pouco.

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É por esse motivo que não gosto de acordar cedo demais. Quando voltei a "dormir", era pra ser apenas um cochilo, mas foi até demais. Eu estava correndo agora, até mesmo parando os carros e me desculpando por entrar na frente deles. Assim que chego ao pé da escada me curvo e coloco as mãos em meu joelhos. Respiro pesadamente pela mini corrida que tive. Me levanto e entro na escola, estou vinte minutos atrasada. Antes passo no bebedouro e bebo um pouco de água. Ando lentamente até a sala, já que não estou com ânimo algum para aulas – o que não é nenhuma novidade.

— Qual a desculpa da vez, senhorita Cheng? – perguntou a professora quando entrei na sala.

— Apenas me atrasei, me desculpe. – digo indo ao meu assento, ela nada disse e voltou sua atenção a aula novamente.

— Pode desembuchar, o que houve com você? Está tão cabisbaixa. – diz Alya quase sussurrando para não ser ouvida, colocando a mão em meu ombro.

— Te conto depois. – dou um sorriso e e olho para frente, na tentativa de prestar atenção a aula, mas não consigo. Não me lembro quando, mas foi Alya que me tirou do transe que estava quando deu o sinal para o intervalo.

— Muito bem, diz pra gente amiga. Vocês está tão voada hoje. Mais que o normal. – ela se levantou. Adrien e Nino estavam a minha frente, também na esperança de respostas.

— Não foi nada, não precisam se preocupar, foi apenas um pesadelo que tive. Nada demais. – dou de ombros.

— Isso é o que você diz, não sua feição. – Adrien diz colocando suas mãos em seu bolso da calça.

— Como? – pergunto.

— Não te perguntamos isso a toa, sua expressão durante a aula toda estava estranha. – Nino afirmou.

New Opportunities {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now