Capítulo Trinta

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— O sol tinha que sair da toca justo hoje? Fala sério! – ouvi de longe a voz reclamona de Chloe. Pela vigésima vez.

— Não faz meia hora que estamos aqui e você só sabe reclamar do sol, a Cinderela esqueceu o protetor por acaso? – Alya caçoou. De novo.

Apenas revirei os olhos e continuei minha busca. Era sábado, estávamos perto do meio dia, e o sol estava realmente forte justamente hoje, mas isso não iria me impedir. Estávamos na zona onde costuma ocorrer a racha que Félix participava, e sim, foram várias vezes. A polícia não fechou o local como esperávamos, pelo contrário, deixou-o aberto a todos. Nessa parte da cidade ficavam apenas algumas fábricas e poucos moradores, era amplo, com muita poeira e terra. Parecia muito um cenário de Velozes e Furiosos.

Mesmo com uma garrafinha de água e meu ânimo levantado, o lugar parecia não conter nada que nos ajudasse de verdade. Latas de cerveja, garrafas de refrigerante, até camisinha havia nesse lugar. Nada útil para provar a inocência de um homem.

— Será que estamos procurando no lugar errado? – falei para mim mesma, porém as garotas ouviram.

— Amiga, pode até ser, só que nem começamos direito. Essa área é muito grande, não podemos nos concentrar só aqui. A racha tem a meta de percurso de no mínimo dez quilômetros, cinco voltas. – Alya explicou – Se formos procurar a fundo isso, vai levar alguns dias. A não ser que peçamos ajuda.

— Sem falar que nem mesmo temos informações direito, você arrastou a gente direto pra cá. – mais uma reclamação.

— Eu dei a opção de não vir. – olhei-a com tédio.

— Okay, mas é verdade, você por acaso conversou com o detetive do caso? – ergueu uma das sobrancelhas.

Ela estava certa. Eu estava disposta a provar a inocência do meu cunhado, mas sequer pensei em conversar como detetive ou até mesmo o advogado. Viemos direto para cá, o que não nos dá nenhuma vantagem, já que, segundo Alya, a área é grande e isso pode levar dias.

Respirei fundo. Precisávamos de uma solução.

— Okay, não pretendo ir pra casa tão cedo. Alya, você tem a rota da corrida? – perguntei a ela, e sua cabeça balançou em confirmação – Preciso dela, podemos trocar de celular ou qualquer outra coisa. Vou seguir pelo menos um pouco desse caminho pra achar algo. Se não conseguir nada ligo pra vocês, voltamos e amanhã tento falar com o advogado. Talvez tenhamos mais chances com ele do que diretamente com a polícia. – expliquei, e elas ouviram com atenção.

— Muito bem, pode levar meu celular amiga, poupa mais tempo para nós. Vou pro lado oposto enquanto isso. – se dispôs a ruiva.

— Fazer o que, vou ficar aqui mesmo e ver o que as pessoas sabem sobre. Talvez ajude. – disse Chloe.

Concordamos e partimos em direções contrárias, enquanto eu anotava mentalmente meu plano que havia tido na noite anterior. Era simples: se resumia em buscar uma prova nesse local, pegar informações sobre quem havia supostamente sido morto pelo Agreste, ir a delegacia e talvez, só talvez mesmo, fazer um pouco de drama caso algo dê errado. Só que essa parte deixaria com a loira – ela com certeza leva mais jeito do que eu.

Olhei para o céu, nenhuma nuvem. O calor estava realmente insuportável naquele dia.

A cidade onde ocorrem as corridas proibidas ficava ao norte de Paris, eram cerca de três horas de carro. Nenhuma de nós sabe dirigir ainda, então repartimos o Uber – que custou o olho da cara, mas aqui estamos. Passaríamos a noite aqui, depois voltaríamos a Paris. Até lá, estamos focadas em achar pistas.

Olhando para o celular de Alya, seguia atentamente o caminho da racha, marcados pelo uso excessivo de pneus ali, então a estrada era perfeita e não havia como errar. A vasta área de terra puxada para o marrom se estendia longamente sem alguma casa ou estabelecimento ao redor, apenas a "pista". Por enquanto não havia nada que chamasse a atenção, ao contrário de onde estávamos todas, que era como o ponto de encontro onde todos esperavam pelos corredores e era o ponto de partida.

New Opportunities {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now