Capítulo Vinte e Três

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Estava sentada à sua frente, esperando alguma explicação plausível para tudo o que está acontecendo nesses últimos anos.

— Tudo o que eu queria, além da presença dos meus pais, era que eles pudessem perguntar o que estava acontecendo comigo. Não brigando como sempre fazem quando perguntam, mas sinceros, como se preocupassem de verdade. E, já que eles não me proporcionaram isso, meus dito “amigos” – fez aspas – me apresentaram o pessoal da racha. Lá eu me sentia completo, senti que as pessoas me compreendiam e me sentia livre ali, onde supostamente era meu lugar. Os dias foram passando, mais tempo eu passava naquele terreno, e quando vocês viajaram, me soltei de vez, aproveitei o máximo que pude. Uma semana antes havia conhecido um dos tais líderes de tudo aquilo. Mas então uns traficantes que também participava da racha pediu para eu perder a última corrida, só que não aceitei. Ele disse que tudo bem mas não era muito bem assim, aí o resto você já sabe.

Ele abaixou sua cabeça, nitidamente envergonhado,  algo que não achava possível. Admito que fiquei surpresa por ele dizer isso tudo pra mim. Era mais fácil entrar um policial malvado para ele admitir tudo do que para alguém que ele atormentou durante três anos - ou mais. Então o analisei. Não parecia estar escondendo nada, parecia sim estar cansado e sobrecarregado. Bufei, sem muitas opções.

— É Félix, por mais sincero que seja talvez nunca consiga te entender de verdade. – ele levantou sua cabeça, antes abaixada e me encarou enquanto falava – Eu sempre tentei entender o porquê de você ser tão mal comigo, sendo que nunca trocamos um aperto de mão ou um “Oi” sequer. Queria entender que mal te fiz para você ser tão grosso e insensível comigo. Me sentia um lixo toda vez que você dizia aquelas coisas, por mais poucas palavras que fossem. Só nunca pensei que chegaríamos nessa atual situação. Nunca desejei algo ruim para você por mais que te odiasse, mas espero realmente que isso mude você.

Permanecemos em silêncio. Não ousamos dizer nada, estávamos em nossos próprios pensamentos. Queria muito mesmo que ele se resumisse com a família e assumisse suas responsabilidades como filho e irmão, o adulto também que ele é e que tem um futuro brilhante pela frente. Nunca fomos próximos mas Adrien adorava dizer que tinha orgulho de Félix pela tamanha inteligência que o mais velho possuía. Sempre tirando notas boas e encantando os professores, mesmo sendo fechado - ao menos para nós. Tomei a palavra novamente.

— Olha, vou te propor um trato. – ele franziu o cenho e torceu o nariz, provavelmente achando que não seria uma boa ideia – Quando sair da cadeia, se é que vai ser preso, você vai me prometer, pelo bem da sua família, que irá mudar seu comportamento. Vai sair daqui outra pessoa e vai acabar com essas más influências que são seus ditos amigos.

— Só isso? Essa é sua proposta?

— Por que? Quer sugerir algo mais? – arqueei minha sobrancelha.

— Uma trégua talvez? Acho que tanto você quanto eu estamos cansados de importunar um ao outro. – estendeu a mão. Não me movimentar por um tempo até ele retomar – Estou falando sério.

— Tudo bem então. – estendi minha mão e apertei a sua. Assim que nos separamos, ouvi a porta sendo aberta, e um policial entrou.

— O tempo acabou. – encarei Félix mais uma vez, acenei com a cabeça sendo retribuída o gesto, e sai da sala.

O policial me levou de volta ao “portão” principal da delegacia . Respirei fundo ao pisar na calçada, me pus a observar a movimentação da cidade naquele momento. A rua estava com vários carros passando, pessoas com sacolas nos braços ou simplesmente andando como se não tivessem rumo, apenas felizes. Decida, atravessei a rua e rumei a casa dos Agreste, tinha muita coisa a ser dita hoje, por bem ou mal.

÷÷

Liguei para Adrien faz uns cinco minutos, marcamos de nos encontrar numa praça no centro da cidade. Respirei fundo enquanto passava as mãos pelos olhos. Por que tudo tinha que ser tão complicado? As coisas poderiam tanto ser resolvidas num estalar de dedos, seria tão mais simples.

— Estou incomodando? – levantei a cabeça num salto, e lá estava ele.

Com um sorriso inconfundível, igual ao da mãe, com suas roupas tradicionais: calça jeans e uma camisa estilo polo com um desenho de skate e um escrito “Summer in the city”. Lindo como sempre. Me levantei e fui em sua direção.

— Jamais. – coloquei meus braços em volta do seu pescoço lhe dando um selinho, logo depois o abraçando, que não demorou muito a retribuir.

— Não sabia que tava com tanta saudade assim. – revirei os olhos sorrindo, o puxei para o banco atrás de nós.

— Você nunca deixa de ser convencido, não é mesmo? – arqueei a sobrancelha.

— Ah, nem vem que você gosta desse meu lado charmoso. – se gabou, e apenas ri – Então, sobre o que queria falar comigo?

— Bem, espero que não fique zangado, mas ….fui visitar o Félix. – vi seu olhar ficar confuso e não tardei em explicar – Tá, eu sei que não nos damos bem e que ele poderia ter sido agressivo comigo, mas não foi nada disso. – vi a tensão em seus ombros se desfazer, mas permaneceu sério – E acho que você devia vê-lo também.

— Vou fazer isso antes dele ser transferido. – suas palavras me chocaram.

— O que? Como assim transferido? – perguntei incrédula.

— Ele fez uma coisa ilegal, precisa ser julgado. Semana que vem vão levá-lo para a prisão de Paris. – suspirou olhando para frente.

— Vocês não conseguiriam pagar a fiança?

— O caso dele é complicado, infringiu várias leis e acobertou várias pessoas, incluindo traficantes.

— Entendo. – ficamos em silêncio, até ele retomar.

— De qualquer jeito, eu quero ir falar com ele. Quem sabe finalmente não teremos uma conversa civilizada de irmão pra irmão? – sabia que era uma pergunta retórica, então apenas sorri.

— Vai dar tudo certo, quando menos esperar ele vai estar de volta na sua vida como um irmão de verdade. – encarei suas orbes esmeraldinas, cheias de esperança.

— Não sei o que faria sem você, sinceramente. – ele me disse, sério.

Devagar, selei meus lábios aos seus. Ambos precisávamos disso, e admito, era simplesmente maravilhoso beijá-lo. Coloquei minha mão em sua nuca enquanto me puxava mais para si. Era dia de semana, então não havia muitas pessoas naquela praça, poderíamos aproveitar uns minutos. Começamos por alguns selinhos, até que ele pediu passagem, cedi. O beijo era calmo mas cheio de amor por nossa parte, com uma necessidade também. Nossas línguas pareciam estar em uma dança lenta e bonita – por mais que isso soasse estranho, era isso que sentíamos, pelo menos eu sim. Fazia carinho em sua bochecha durante o beijo, ele fazia o mesmo em minha cintura, até que o ar nos faltou, e aos poucos fomos nos afastando.

— Isso é tão bom. – ele disse, depois riu. O acompanhei.

— É, não posso negar, você beija bem mesmo. – continuei com o carinho em seu rosto.

— Quer tomar um sorvete?

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OLA OLA MEUS AMORES, BEM ESSE CAPÍTULO FOI CURTINHO PQ NÃO VOU FOCAR MUITO NA SITUAÇÃO DO FÉLIX, SÓ NO BÁSICO. OS PRÓXIMOS FOCAREI MAIS NA AMIZADES DAQUELE BONDE MESMO KSKSKSKS E TEM TAMBÉM O BAILE NÉ GALERA, VOU VER SE CONSIGO ENCURTAR O TEMPO PARA NÃO DAR MUITOS CAPÍTULOS - PELO MENOS NÃO MAIS QUE O NECESSÁRIO.

ESPERO MESMO QUE ESTEJAM GOSTANDO, ESTOU DANDO MEU MÁXIMO PARA SAIR LEGAL A ESTÓRIA TODA.

COMENTÁRIOS E VOTOS SÃO MUITO BEM VINDOS, CRÍTICAS TAMBÉM.

2BJS E ATÉ A PRÓXIMA!!!

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