Capítulo Quatro

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Havia quase uma semana que eu não ia a aula. Os médicos me disseram que seria melhor eu ficar em casa me repousando, devido o sangue que perdi. Não que eu não quisesse ir a escola, é que eu realmente não estava bem. Minha cabeça girava na maioria das vezes, sentia algumas pontadas na barriga seguidas de enjoos. O atestado foi meu melhor amigo. A padaria tinha que ficar fechada, eu não aguentaria a pressão da semana fazendo comida, atendendo clientes, era muita coisa pra alguém que acabou de sair do hospital porquê tentou se matar. Alya sempre passava na minha casa para me passar as matérias perdidas, me ajudando nas que eu tivesse dúvidas e também na hora de fazer minhas coisas daqui de casa. Neste momento, estávamos eu, ela e Nino no meu quarto, conversando sobre faculdade.

— Eu ainda acho que um curso suplementar não seria nada ruim. – disse Alya com um pedaço de biscoito na boca.

— Acha mesmo que música não é faculdade de verdade? – indagou Nino com certa descrença.

— Argh, você e essa sua mania de interpretar errado o que eu digo. – ela revirou os olhos. – Não disse isso, apenas digo que, já que quer ser DJ, um curso suplementar como, por exemplo, inglês, não seria nada mal. Sabe que terá que rodar o mundo caso faça sucesso. E o inglês é a língua fluente hoje em dia.

— Mas não significa que francês fique para trás. – interrompi. – Quer dizer, ele não vai precisar dizer muita coisa, até porque DJs quase não falam nada durante os shows. Muitos cantores de outros por aí vão em turnês sem saber alemão, por exemplo.

— Bem, pensando por esse lado, sim. Mas e quando ele se encontrar com um empresário ou coisa do tipo? Entrevistas, participações em programas de tv?

— A não ser que ele tenha um intérprete, um curso de outra língua não faz mal a ninguém, não é mesmo? – me dei por convencida.

O bom deles foi que, não me fizeram um interrogatório ou me deram um sermão por quase ter me matado, só disseram que ficaram preocupados e que eu poderia contar com eles se precisasse de algo.

— Agora, se eu fosse você, não me deixaria levar por nenhuma “gatinha” que aparecesse em alguma de suas festas, até mesmo homens suspeitos. – diz Alya com certo tipo de peso em sua voz. – A maioria que acaba fazendo isso some do mapa ou fica falido.

— Pior que é verdade. – completei. – Não só com DJs, mas com vários artistas e músicos. Muitos sumiram ou deixaram de se apresentar por conta disso.

— Eita, vocês falando assim parece até filme de suspense. – falou quase arregalando os olhos.

— Não, não meu querido. É a pura realidade.

— Vocês e essas suas ideia com a realidade. – digo rindo. – Como será? Digo, depois que nos formamos, e irmos cada um para seu caminho? Mesmo sendo daqui dois anos. – digo meio melancólica.

— Bom, pretendo morar com você, mas sem aluguel, traz muito prejuízo. – começa Alya, é um sorriso meio torto se forma em meu rosto.

— Se quisermos mesmo levar essa ideia adiante, devemos planejar a partir de agora. – rimos juntas.

— Se der tudo certo no meu futuro, – começou Nino – pretendo ir ao primeiro teste de DJs e partir rumo ao mundo. – diz esperançoso.

— Não vejo a hora de tudo isso acontecer, sabem? Cada um realizando seus sonhos, é melancólico isso que eu digo, é verdade. Mas, ah gente, não sei, dá uma alegria no peito. – Alya disse com um sorriso de orelha a orelha.

— Um brinde a nós? – digo estendendo meu copo de leite.

— Um brinde a nós. – os dois dizem em uníssono.

New Opportunities {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now