CAPÍTULO 19:

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      Entre as dez horas e meia noite, estavam ambos sentados sob a grama, conversando sobre muitas, muitas coisas. Mais do que nunca eles precisavam de algum tempo para conversar e pensar no que fazer num cenário como aquele que estavam vivendo. Midoriya ainda não havia recuperado memórias realmente importantes, mas tinha certeza que aquele era o seu par, e com ele desejava ficar para sempre, ou pelo menos, durante o período de vida que lhe restava. Um pouco mais tarde, depois que Katsuki contou brevemente sobre a última vez que estiveram juntos, ele falou:

— Não tivemos uma oportunidade de dançar da última vez... Foi tudo tão rápido. — Murmurou, e então o menor se levantou, batendo nas calças para tirar a terra. O loiro olhou-o atento, até que lhe estendesse a mão para levantar, tendo dito nenhuma palavra sequer.

    Izuku deu um pulinho para trás e fez uma reverência cortês, com uma expressão travessa no rosto e então, Bakugou o cumprimentou com um beijo estalado nas costas de sua mão.

— Então, vamos recomeçar com uma dança, você aceita? — Esticou a destra para cima, com a palma aberta e os dedos afastados.

— Só se você conseguir me acompanhar. — O alfa levou sua mão ao encontro da outra um pouco menor, e com ambas as destras perfeitamente posicionadas, fizeram um primeiro giro no sentido horário.

— Não se preocupe, eu assisto muitas séries de época, te garanto que as danças não mudaram muito. — Deram um passo para trás, arqueando o corpo para frente e girando entorno do próprio eixo, para que pudessem repetir o movimento anterior no sentido contrário. — Eles nunca serão criativos como um dia fomos.

— Temo que tenha razão. — Riram juntos, aproveitando o que nem mesmo aquele bosque sepulcral poderia tirar deles.

       Depois que dançaram um pouco mais, decidiram que já era hora de voltar, e depois de colocar seus calçados, começaram a andar por dentre o matagal de mãos dadas, com pequenas pausas silenciosas entre o barulho do vento e da folhagem.

— Você sente medo?

— É claro que sim, nunca se sabe... — Riu nervoso.

— Você está certo, mas compreende que se fôssemos guiados pelo medo nunca teríamos tido um momento como esse aqui. — Virou o rosto para olhá-lo e então ambos pararam de frente um para o outro, o mais baixo sabia que Katsuki queria lhe dizer alguma coisa. — Eu tive medo, por centenas de anos eu estive apavorado... E, eu ainda sinto medo. Meu pior pesadelo é vê-lo morrer mais uma vez, mas... Agora eu entendo mais do que nunca, que não vai adiantar fugir disso, então preciso aproveitar as oportunidades que tenho com você, da melhor maneira possível, ainda que nada pareça favorável.

— Então, na verdade, a floresta aokigahara é uma boa oportunidade?? — Foi levemente sarcástico, tentando aliviar um pouco o clima tenso que o assunto sempre trazia consigo.

— Não exatamente, acho que nem todo mundo deve achar uma boa opção entrar aqui para dançar no escuro. — Riram novamente, mas ambos sabiam exatamente sobre o que tudo aquilo se tratava, é muito mais do que somente uma tentativa de superar seus piores medos, mas principalmente a visão de que, nem tudo pode ser assim tão ruim, e, se o universo continuasse conspirando contra eles como sempre estivera, criariam suas próprias oportunidades e fariam delas as melhores do mundo, nem que para isso tivessem que encontrar beleza e calmaria num bosque conhecido pelas tragédias que acolheu e escondeu entre seus arbustos.

      Cada vez mais próximos do lugar por onde iriam embora, Izuku resolveu mudar de assunto. — Bom, e que tal se a gente aproveitasse a oportunidadeee... — Cantarolou, fazendo com que o loiro semicerrasse os olhos em sua direção, desconfiado do que viria a seguir. — Para realizar alguns estudos e quem sabe isso refresque a minha memória. — Saltitou.

『 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞𝐝 𝐭𝐨 𝐀𝐥𝐩𝐡𝐚 』 Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum