Capítulo Quarenta e Um

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Felipe Ribeiro

— Lpê! — soou do meu rádio transmissor, era o Johny.

— Fala.

— Quero você aqui em casa, agora! — seu tom de voz não estava nem um pouco amigável.

— Já é. — o respondi com impassibilidade.

Já sabia do que se tratava. Manuela.
Após o meu banho, eu só queria ficar em casa quieto, curtir o meu luto em paz, sozinho, me afogando no meu próprio amargor sem que ninguém me incomodasse. Só que pro Johny, minha vida era dele, eu tinha que o servir não importasse a hora, se ele chamasse, eu tinha que atender.
Não deu em outra, assim que eu subi pra varanda da sua casa, vi a Manuela ainda respingada de sangue. Ela estava de braços cruzados, olhando pro chão enquanto visivelmente prendia seu choro.
Quando ela me notou, me olhou possessa, se ela tivesse o poder de me matar apenas com a força da mente, ela com certeza faria.
O Johny me viu chegar, mas não se importou com a minha presença, continuava olhando a paisagem como se não tivesse ninguém ali.

— Johny! — o chamei.

Ele se virou lentamente, me olhando com seriedade. Avistei sua pistola dourada em sua cintura, se destacando na sua roupa preta.

— Dá o papo logo! Faz rodeio, não! — disse ríspido, olhando pra vagabunda da Manuela com a minha pior feição. Aquela puta tinha feito a minha caveira pra ele.

— É o poste que mija no cachorro agora? — perguntou sarcástico — Tá maluco falar assim comigo, Lpê? — se aproximou — Perdeu a noção do perigo?

Fiquei em silêncio, com a mandíbula trancada e me controlando ao máximo pra não avançar nele. Olhei novamente pra Manuela, ela estava fodida na minha mão. Eu ia fazer da vida dela um inferno enquanto estivesse vivo.

— Vem cá. — se dirigiu à Manuela, a chamando com a mão esquerda.

Ela caminhou lentamente até nós, mas estava claro que ela estava fingindo fragilidade. Ela até poderia estar abalada, mas ela forçou essa aparência mais ainda quando foi chamada pelo Johny.

— Que porra é essa? — se referiu aos respingos de sangue e aos micro pedaços encefálicos que já estavam secos em seu corpo.

— Sangue. — respondi o óbvio.

— Tá de sacanagem com a minha cara? — perguntou se aproximando mais.

— Eu não fiz nada com essa piranha. — disse olhando nos seus olhos, ele não piscava.

— Vai se foder! Você me deu uma arma e me ameaçou! — berrou, incessante — Aquele filho da puta daquele gordo maldito puxou uma arma pra mim porque você mandou! — socou meu peito com toda a sua força.

— Não gostou? Então volta pra sua casa, porra! — berrei ainda mais alto, a fazendo me olhar com mais ódio ainda — Tá achando que tá aonde, vagabunda?! Essa porra aqui não é brincadeira, não! Não fode, porra! — me transformei, não tinha nada que eu odiasse mais do que x-nove.

Era regra, o que acontecia fora dos olhos do Johny, não chegava até ele! A gente se resolvia entre a gente, sozinhos e pronto, sem ter que meter ninguém nisso. Além dela ter feito chegar um assunto que nem deveria ter chego aos ouvidos dele, ela estava com raiva de eu ter matado um homem na sua frente, era pura birra. Mas ela estava esperando o que quando aceitou fazer o trabalho sujo pro Johny? Que quando trouxesse os rivais pra gente, nós tomássemos um café enquanto batêssemos um papo sadio sobre o tráfico?

— Seu filho da puta! Vai se foder, seu maluco! — gritou igualmente a mim.

— Cê me chamou de quê? — perguntei com estranheza, franzindo o cenho — Não fala da minha mãe, sua puta, piranha! — disse avançando nela.

Entre A Paz E O CaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora