Capítulo Dezenove

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Amanda Linhares

Notificação nova! Meu coração acelerou ao sentir meu celular vibrar. Mas eu não podia nem pegar no mesmo, já que estava em horário de aula. Olhei pro visor que acendeu ao receber a mensagem e lá estava o nome dele, relaxei na cadeira, me senti mole de felicidade. Agradeci mentalmente por ele ter me chamado, eu estava sem coragem de puxar assunto com ele, com medo de estar o incomodando. A aula perdeu completamente o sentido pra mim, tudo o que eu queria era que a aula acabasse logo pra eu o responder.

— Escutei o celular vibrar, hein. — Rebeca riu, enquanto fazia anotações sobre a matéria, geografia.

— Ele mandou mensagem. — disse sorrindo — E essa professora? Não sai da sala nunca, já passou o horário dela.

— Ela sempre faz isso e cê nunca reclama. — maneou a cabeça — Ele mandou o que? — ela virou, me olhando.

— Perguntou se eu tô bem. — minha voz ficou notavelmente alegre.

Rebeca sorriu e voltou a atenção pro seu caderno, terminando de anotar o que estava no quadro e se virando de vez pra conversar comigo.

— Pede pra ir no banheiro! — disse animada.

— Vou tentar responder aqui, fica na minha frente.

— Se a professora ver cê mexendo no celular, ela vai confiscar. E tu sabe que só vai pegar nele de novo no fim da aula. — disse se posicionando na minha frente.

— Calma, ela não vai ver. Só continua me cobrindo. — desbloquei a tela.

Fui direto pra nossa conversa, sorri boba ao ler e reler a mensagem. Era bom ter alguém que na minha percepção era bonito, interessado em mim, fazia eu me sentir melhor de alguma forma. Eu sempre vivi sendo tratada como última opção na rodinha dos moleques da minha escola. Perdia pra qualquer garota branca padronizada. Ninguém da minha escola nunca havia demonstrado interesse em mim, só se interessavam na minha sapiência em ciências exatas, nada além disso.
Suspirei e formulei várias respostas na minha cabeça pra responder o policial.

— Amanda! — disse cochichando.

— Calma aí! — disse digitando.

Segundos depois, uma mão se estendeu na frente da tela. Bufei e lembrei que ainda tinha professora em sala.

— Me dá, Amanda. — disse calma.

Nem a respondi ou tentei me explicar, apenas desliguei a tela e a entreguei o aparelho, sem nem ter mandado a mensagem pro policial antes. Ele iria achar que eu estava nem aí pra ele. Torci mentalmente pra ele não desistir de mim e suspirei de ansiedade, só queria responder ele.

— Tentei te avisar ainda. — Rebeca riu.

— É... — encostei minha cabeça na vidraça da janela — Só final do dia agora. — disse sorrindo, mas chateada.

Lá na escola era assim. Se alguém era pego mexendo no celular, tinha o mesmo confiscado e só podia pegar de volta no final de todas as aulas, ou seja, às seis da noite. O ruim era que, praticamente, tínhamos acabado de chegar do primeiro intervalo. Olhei no relógio da parede e ainda eram onze e meia, bufei e continuei copiando os textos que eu ainda não havia copiado. Uma coisa era certa, o tempo passaria se arrastando.

༺༻

— Ah! Graças a Deus! — disse pegando meu celular, que estava em um plástico lacrado, na secretaria.

— Deu mole, Amanda? — Seu Bruno, um dos funcionários da escola, perguntou simpaticamente.

— Dei, nunca deixei isso acontecer — ri —, mas pra tudo tem uma primeira vez, né? — disse abrindo o plástico.

Entre A Paz E O CaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora