Epílogo

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Amanda Linhares

Oito de Junho de Dois mil e Vinte e Um, volta das aulas acadêmicas remotas e presenciais.

Minhas mãos suavam frio enquanto eu olhava pro edifício que poderia tanto me dar um futuro farto de oportunidades, quanto poderia me fazer fracassar completamente, afinal, faculdade não significava absolutamente nada.

— Tá nervosa? — escutei a voz do Diogo se aproximando.

— Acho que... — respirei fundo — Quero voltar pra casa.

— Ah, não, Amanda! — minha mãe me repreendeu bem humorada — Estudou tanto pra passar pra essa faculdade e agora que ir embora?

— Olha... Eu sei que assusta. — senti a mão do Diogo na minha — Mas vai ser incrível, você vai ver. — me encorajou.

Respirei fundo e soltei o ar, fechando os olhos e os abrindo logo em seguida.

— Obrigada, gente. — apertei sua mão e peguei na mão da minha mãe, apertando também.

— Agora respira fundo e vai! — minha mãe me encorajou também — Minha professora de matemática.

Sorri e jurei que naquele momento desmoronaria em lágrimas, mas me segurei.
Soltei a mão de ambos e dei um passo, indo em direção à entrada da UERJ, sentindo meu estômago revirar.

— Boa sorte, caloura de Matemática! — Diogo disse alto, animado — Eu te amo demais!

Olhei pra trás e desci a máscara, sorrindo aberto e sentindo a energia boa deles comigo, me dando forças pra não desistir.

— E amor, já sabe, hein! Se sentir muita pressão... — esperou eu completar.

— Liga pro mozão. — disse rindo envergonhada.

Ele havia brincado assim comigo antes de me levar até à faculdade mas pelo visto ele havia levado a sério a frase rimada que ele inventou.

— Te amo, preta. — Diogo desceu sua máscara, não emitindo som, mas eu li seus lábios — Você é o meu orgulho.

— Também te amo. — fiz o mesmo, sem emitir sons.

Mandei um beijo no ar e fiz o mesmo com a minha mãe, me virando de vez e pisando dentro do campus. Meu sonho havia começado, finalmente caloura de Matemática pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Precisei de alguns passos adentro da faculdade pra me soltar, respirar e conhecer visualmente o local com outra ótica. Agora não mais de vestibulanda mas sim de aluna acadêmica.

— Que medo. — a voz repentina da Rebeca me assustou.

— Que que você tá fazendo aqui?! — perguntei rindo surpresa — Pensei que fosse faltar.

— Eu ia, mas... — respirou fundo — Primeiro dia de aula presencial, não podia faltar.

— Deixa eu adivinhar, o Miguel não deixou? — ri.

— É. — riu, expirando pensativa — Tô com medo de não ser nada do que eu imaginei.

— E não vai. — toquei seu ombro, a vendo murchar — Vai ser mil vezes melhor! — a encorajei.

— É, né? — sorriu — Você tem razão. — respirou fundo — Boa sorte pra nós então.

O sinal soou alto, as aulas iriam começar.

— Tô indo! — disse animada — A gente se vê no fim?

— Com certeza. — disse sorrindo — Até! — acenei, voltando a caminhar.

Entre A Paz E O CaosWhere stories live. Discover now