Se afogando em pensamentos.

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***

— Cheguei! — Dylan diz com entusiasmo.—Você nem sabe o que aconteceu.

Saio da varanda e abro o guarda roupa, queria sair um pouco pra refrescar a mente.

— O que aconteceu?

Ela respirou fundo, estava com a respiração ofegante.

— Eu beijei uma garota.— disparou.— E eu gostei muito... — Dylan apertou os lábios e ficou meio desconfiada.– Eu acho que...

Eu dou um sorriso de canto.

— Não me diga— digo cruzando os braços.

— Você sabia! — ela acusou.—Você já sabia e nunca me chamou atenção.

— O quê?

— Que eu jogava no outro time.

Eu dei uma risada de leve. Realmente, já desconfiava há muito tempo, pelo jeito que a Dylan falava dos homens e também como olhava para as mulheres.

— Não tinha muita certeza.— digo —Porém, fico feliz que tenha descoberto sozinha e admitido isso. Eu tô orgulhoso.

— Obrigada, Vlad. Isso é importante.- seu sorriso foi de orelha a orelha, mas desapareceu rapidamente ao pensar em algo com as sobrancelhas juntas.— Pera aí, é por isso que nunca fazia sexo comigo?

Faço uma careta.

— O quê? Claro que não, Dylan. De onde tirou isso?

— Mas é verdade, você e eu... nunca rolou. Assim, apenas no ritual de ligação quando você me transformou em noiva.- ela dá um suspiro.

— Dylan, você sabe que não foi por isso. E aliás, não só você. Eu não faço sexo com nenhuma de vocês três, só aconteceu uma vez e foi apenas pra completar a transição.— eu endireito a minha postura.

— Mas você nunca nos disse o motivo.- questionou ela— Você cuida tão bem de nós três, até mesmo da Safíre que está longe agora. Nunca tocou na gente, nos deu liberdade...

— Merecem liberdade. Estão presas a mim até o nosso casamento, o mínimo que eu posso fazer é deixar que sejam livres do jeito que querem— digo em um tom abalado — Me desculpe, Dylan.

— Ei...— ela me abraça.— Você é o cara mais gentil que eu já conheci. Sem falar que é muito gato e tem um corpão.— a gente ri.— E olha que eu já conheci muitos caras. Mas você me deu uma escolha, entre ter uma vida patética e continuar sendo medíocre... ou ter imortalidade e aproveitar tudo o que eu poderia ter.

— Não sente falta de ser humana?

Ela abaixa a cabeça.

— Raramente.— confessa.— Mas eu não me arrependo da minha escolha. Eu sei que você se arrepende de ter me transformado, eu sei e nem precisa dizer em voz alta. Dá pra ver só de olhar a sua cara...

— Não vamos tocar nesse assunto de novo, ok?— digo— Isso é problema meu, só... esquece isso. Por favor.

Coloco minha jaqueta de couro preta.

— Você tá de saída?

— Vou dar uma volta, preciso pensar um pouco. Quando Olive voltar, diga a ela pra parar de estourar o meu cartão de crédito.— deixo bem claro antes de fechar a porta e sair.

Eu caminhei a noite toda e sem rumo, eu nem sabia pra onde tava indo. Só queria me afastar um pouco de toda a realidade e esquecer por algum tempo, por mais que fosse pouco, quem eu era.

Mentalmente eu estava cansado.

Eu passei a minha vida toda treinando, estudando e fazendo tudo o que o meu pai mandava pra ser um líder impecável. Mas aí ele queria que eu me esforçasse cada vez mais conforme eu fui crescendo, pra no final eu não ser apenas impecável. Mas implacável.

Ele sempre foi a única família que eu tinha, então eu nunca o desafiava.

Ao dobrar a esquina, vejo uma boate que parecia ser interessante.

— Wow, pera aí.— o segurança me para na porta.— Vai ter que esperar no final da fila ô bad boy.

— Olha, eu tô com um pouquinho de pressa pra encher a cara. Então libera a passagem e eu te dou uma boa quantia. Beleza?

— Escuta aqui.— ele coloca a mão no meu ombro pra me afastar.— Eu não vou pedir de novo, vai para o final da fila. Ou eu te arrasto pra lá.

Eu dou um sorrisinho e em seguida pego a mão dele e a torço para trás. O cara bufa de dor e tenta retirar a mão, mas eu a torci ainda mais.

— Ninguém, ninguém... toca na minha jaqueta.— digo bem baixo e de forma grossa.— Entendeu?

— Sim!— responde com dificuldade.

As pessoas ficaram olhando e cochichando. Eu fixo os meus olhos nos dele.

— Você vai me deixar entrar.— eu estava o persuadindo.— E você vai se mostrar mais gentil.

— Pode entrar, senhor.— diz e em seguida eu o solto.

— Obrigada.

Entro na boate e logo percebo que estava mesmo lotada. O som estava quase estourando as paredes acústicas, tinham dançarinas dançando em cima dos bares e cheio de luzes neon. No centro tinha uma pista enorme e no teto havia um deque brilhoso.

Eu vou direto ao bar e me sento no único banco disponível.

Já tinha tomado várias vezes bebida alcoólica, mesmo não fazendo algum efeito em mim, eu achava divertido. Podia acabar com toda a bebida desse lugar e nem ia sentir diferença alguma. Pra um vampiro, a única coisa que é capaz de nos deixar bêbado é o sangue humano. Quanto mais você bebe, mais você entra em êxtase, por isso que pra alguns é muito difícil parar. Por essa razão, existe a quantidade certa pra se alimentar.

Faço um sinal para o barman.

— O que vai querer?— pergunta enxugando o fundo de um copo.

— Tequila. Pura.

— Boa pedida.— ele rapidamente pega um dos copos pequenos bem atrás dele e o enche com a bebida. Ele acrescenta o limão no balcão e um pouco de sal.— Se passar o sal no limão e beber rápido, vai ficar ainda mais doidão.

Dou uma risada.

— Vai precisar de um milhão desses pra isso.— ele franze a testa e em seguida eu viro copo, chupo bem forte o limão e lambo o sal. Eu bato o copo no balcão e balanço a cabeça. Meu cabelo devia estar todo bagunçado a essa altura.— Manda outra.

Sinto alguém se aproximando de mim, quando olho de relance é uma mulher. Ela se encosta no balcão olhando pra mim com um sorriso.

— Oi, bonitão.— diz ela com uma voz doce.— Por que não paga uma bebida pra mim?

— Eu não tô interessado.

— Qual é...— ela protesta.— Ah... você tem namorada. Mas tudo bem.— ela se aproxima mais um pouco pra passar a mão na minha perna.— Eu também não me importo se for comprometido...

Eu me viro para olhar ela. Seus olhos verdes estavam completamente vidrados.

— Já disse— meu tom era sério.— Eu não estou interessado.

— Olha...— sua mão deslizava na minha coxa até eu a agarrar de lá.— Gosto disso.

— Eu também gosto.— digo.— Mas não vindo de você.

Ela se solta de mim e se ajeita.

— Quem perdeu foi você.— diz indignada e depois se retira.

— Eu em.— faço um sinal para o barman novamente depois de virar mais um copo.— Me dá logo a garrafa toda.

Meu vizinho se chama Vlad Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora