Meu sangue derramado.

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***

Uma vez meu pai me disse que o mundo era um lugar bem ruim. Que não importava a beleza e a quantidade de maravilhas no mundo, sempre no final poderíamos ver a sua escuridão e crueldade.

Passei minha infância ouvindo ele dizer que ainda havia esperança, que a paz habitaria de vez em todo o lugar. As vezes eu achava que ele estava citando algum livro. Mas vinha dele.

Meu pai tinha razão.

O mundo é um lugar bem ruim. Mas não por que ele foi construído com o mal, mas sim por ter sido infectado pela maldade das pessoas.

Guerras, caos e destruição atingiram desde sempre o lar de alguém, a vida e a família de alguém. A matança se espalha, a perda persiste, o ódio crava na alma e a sede por poder se torna algo implacável.

- Ela está ali!- ouço a voz da minha mãe.

Sinto algumas luzes no meu rosto, eram lanternas das armas apontadas em minha direção. Os atiradores desviaram e foram até Sophie e seu grupo.

Me levanto devagar quando ela corre até mim para me abraçar.

- Por favor, não me matem...- implora o garoto que eu havia atacado. Mas o atirador atira um dardo tranquilizante nele, fazendo com que ele fique inconsciente.

Os outros atiradores atiraram no resto de forma rápida e eficiente, em seguida carregaram todos.

- Pra onde levarão eles?- pergunto observando irem embora.

- Vão para a casa da Lorelai.- responde ela.- Lá tem um porão feito para segurar trinta lobisomens. Eles se aproveitaram do ataque a vila.- explica.- Algumas pessoas fugiram pra floresta para escapar das explosões. Eles deixaram uma trilha de corpos, Jean.

Lembro dos corpos de crianças na floresta perto da cabana e extremesso.

- Foram eles?

Ela concorda com a cabeça.

- Eles teriam matado mais um se você não tivesse impedido.

- Nick a salvou. Eu apenas ajudei.

- Tá tudo bem...

- Não, não está.- rebato calma.- Você não estava na vila, não estava aqui...- digo passando a mão lentamente pelo rosto.- Estão em guerra mãe.

- Eu sei.

- Eu vi corpos de inocentes, vi pessoas serem arremessadas ao ar com as explosões. Eu tentei salvar uma garotinha. Mas aí eu não consegui, eu a deixei morrer.

As lágrimas caem.

- Dion me contou o que aconteceu. A culpa não foi sua.

- Mas por que eu sinto que é?- pergunto enxugando as lágrimas.- Ah Deus, eu estou cansada de chorar...

- Então não chore.- diz ela.- Seja forte.

- Eu tento ser.

Ela passa a mão pelo o meu rosto, me analisando.

- Vamos sair daqui.

***

- Ela sabe.- ouço a voz de Quanty pelo corredor.

Alguém suspira.

- Não, mas é claro que não. Eles fizeram tudo certinho. Sem deixar rastros.

Viro para entrar no corredor e me deparo com Quanty e Margot conversando em segredo.

- O quê estão fazendo?- pergunto espantando eles.

Margot começa a suar.

- Estávamos apenas conversando.- responde ela.

Meu vizinho se chama Vlad Where stories live. Discover now