Coração partido

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***

Depois que Nicholas me carregou até o meu quarto, perdi completamente a consciência. Eu não estava mais ouvindo as pessoas falando e muito menos vendo o que estava acontecendo ao meu redor, tudo estava escuro.

Frio e calmo.

Senti um desconforto enorme nos meus braços, parecia que tinha algo dentro deles, tentei abrir os olhos mesmo estando muito fraca e tendo muita dificuldade. A luz estava penetrante, mesmo de olhos fechados eu conseguia sentir desconforto com a claridade. Me lembrei rapidamente de estar na banheira completamente submersa na água, pensando em alguma coisa na qual eu não me recordava bem, apenas foquei no momento em que eu estava sendo afogada. A imagem do homem me mantendo de baixo da água era tão clara quanto a sensação de desespero que eu senti querendo viver.

— Ei...— Nicholas surge ao meu lado.— Como está se sentido?

— Tonta.— digo tentando enxergar o rosto dele.— O homem que me atacou...

— Ele está detido. O colocaram nas masmorras até decidirmos o destino dele.

— Eu me lembro disso.— sinto Nicholas tocar o meu braço.— A dor no meu peito... ela passou, como...

— Por sorte, Lorelai tem um médico na matilha dela. Mesmo não havendo um antídoto por perto, ele inseriu tubos nos seus braços pra drenar o seu sangue na esperança de limpar completamente o veneno do espinho ghontü dele.— explica.— Como o seu corpo se cura muito rápido, ele também produz sangue muito mais rápido. Então não foi um problema o seu sangue ser drenado, já que depois tudo iria se repor.

Quando a minha visão consegue ficar mais clara, vejo Nicholas me encarando com um olhar calmo. Ele estava concentrado em mim, acariciando meu rosto delicadamente.

— Pensei que eu ia morrer hoje.— confessei com a voz baixa.

— Eu nunca deixaria isso acontecer com você.

— Não pode me proteger pra sempre, Nick.— digo me levantando para ficar mais perto dele.— Em algum momento, eu não sei... pode acontecer que eu não resista.

Ele se aproxima e encosta a testa dele na minha.

— Eu fiquei desesperado.— diz com a voz baixa.

— Está tudo bem...— digo tocando o rosto dele.— Eu sei que você fez tudo o que pôde e olha pra mim, agora eu estou bem.

— Por pouco, Jean.— ele rebate.— Eu não sei o que eu faria se nada desse certo.

— Ainda bem que nunca vai precisar saber disso.— digo ainda fraca.— Eu vou me recuperar rápido, sou bem forte.

Ele se afasta para me olhar bem nos olhos.

— Claro que é.— diz com um sorriso de canto.

A tela ao meu lado começou a apitar e Nicholas se levantou pra ir checar.

— O que foi?— perguntei preocupada.

— O seu sangue está limpo, não tem mais traços de veneno ou algo parecido.— diz deslizando os dedos pelo monitor.— A drenagem funcionou.

— Então quer dizer que eu já posso tirar isso?— digo tirando rapidamente e sem pena as agulhas com tubos do meu braço. As entradas cicatrizaram sem demora, depois toquei o meu peito e percebi que a ferida feita pela estaca também havia cicatrizado.

Quando me levanto para sair da maca, minhas pernas tremem e antes de cair, Nick me segura.

— Vai com calma.— diz me colocando sentada na maca.— Você está limpa, mas ainda não tem sangue suficiente no seu corpo. Drenamos quase tudo.

Meu vizinho se chama Vlad Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin