Meu vizinho se chama Vlad

Um dia da caça, outro do caçador.

***

Já era outono, a floresta estava na sintonia do hallowen, com uma aparência calma e misteriosa. As folhas voavam ao ritmo do vento, e alguns fios do meu cabelo sintonizavam.

Paramos de correr quando já estávamos longe do alcance de Quanty. Vlad disse que podia sentir ele se aproximar com precisão e com um instinto único de assassino.

- Vamos parar aqui.- Vlad diz olhando ao redor.

- Não vi Nick em lugar nenhum...- Minha preocupação era óbvia.- E se o pegaram?

- Duvido que tenham pego.- responde.

- Temos que ir, não podemos parar.- digo andando pela floresta. Tudo estava em neblina.

- Eu não.- Vlad olha para mim.- Você vai ter que continuar sozinha.

- O quê?

- Eu vou atrasar Quanty, enquanto você vai embora.

- Não...

- Você precisa ir Jean.

- Eu não consigo...

- Consegue sim.- diz envolvendo delicadamente o meu rosto em suas mãos.- Você é veloz.

- Eu não sei como ser veloz...- digo em tom de desespero.- Eu tô tão perdida...

Ele me abraça bem forte e em seguida se senta na grama de um piso enraizado por caules de uma árvore com flores rosadas, Vlad encosta todo o seu corpo nela.

Me sento ao lado dele, pensando em como prosseguir sozinha, em como fugir sabendo que Vlad não estaria atrás de mim.

- Eu não quero deixar você.- admite.- Mas eu também preciso voltar. Eu tenho responsabilidades e o dever com o meu povo, com pessoas que eu amo.- diz pensativo.- E agora com tudo o que está acontecendo, não podemos ficar perto um do outro Jean.

Eu o encaro.

- Tá tudo um caos...

- Eles quebraram o equilíbrio.- Vlad explica.- Leis foram criadas para as nossas espécies poderem viverem em paz.

Eu passo a mão pelo rosto, aflita.

- O quê vai acontecer, se o equilíbrio for totalmente destruído?

- A era escura vai se repetir.- responde.

- Parece profético.

- É. Talvez.- diz passando a mão pelo rosto.- Sabe, quando eu te conheci, achei que era uma daquelas adolescentes medíocres.- confessa ele de repente.

Eu bufo.

- Ah qual é.... eu sou bem legal.

- Eu sei que é.- concorda.- Mas eu pensava que você era mesmo comum.

- Eu não te culpo.

- Não mesmo?

- Não.-viro o meu rosto pra olhá-lo.- Eu pensava que você era um serial killer.

Vlad faz uma careta.

- Eu meio que sou.

- E eu meio que sou medíocre.

Vlad fixa os olhos em mim.

- Você não é nada medíocre.- discorda.

- Não tenho certeza disso.

- Ah mas eu tenho. Você é a pessoa mais intensa e lutadora que eu conheço.

- Acha isso?

- É sério Jean.- diz Vlad com seriedade.- Você é uma garota forte e sem nem um pingo de medo de se arriscar. Não tem pavor de lutar por outros com quem se importa, nem se desespera quando tudo desmorona. Jean, você é a força de toda a natureza.