Laboratório subterrâneo.

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***

Parecia que aquele campo nunca acabava, eu não conseguia avistar nenhuma saída ou floresta por perto, apenas nevoeiro e o soar dos corvos. Estávamos procurando por qualquer coisa que nos levasse até o lugar que tanto falaram. "O laboratório"

Mas o que eu devo encontrar lá? Armas, talvez?

Minha cabeça não estava muito bem desde a morte da minha mãe. Eu estava confusa, não conseguia raciocinar direito. Parecia que as vezes estava rodando no lugar, e isso estava quase me deixando maluca.

Estávamos em um pequeno cemitério, mas não tinha lápides batizadas, apenas cruzes e túmulos com formato de casas.

— Está pensando em quê?— pergunta Nick do meu lado.

— Nada.

— Você está bem?

— Unhum. Só um pouco cansada.

— Vamos parar um pouco.— diz enquanto eu continuo andando.

— Olha, tá tudo bem.— garanto.— Não podemos parar agora, chegamos muito longe pra isso.

— Acontece que nós vamos, sim.

— Como?

— Quando foi a última vez que bebeu da bolsa?

— Antes de entrarmos nas colinas.— respondo sem entender.— O quê isso tem a ver com...

— Suas pupilas estão completamente dilatadas, Jean.— eu toco os cantos dos meus olhos.— E o seu coração está em um ritmo muito fraco.

— Eu estou bem.— digo séria.

Nicholas suspira lentamente.

— Nós vamos voltar.— diz ele dando meia volta, mas eu me altero.

— Você quer o tempo todo me controlar.— disparo.

— O quê?— ele se vira.

— Você me ouviu.— implico.— Sabe, eu estou cansada de ouvir seus conselhos, suas ordens e qualquer palavra que saia da sua boca.

Aquelas palavras foram duras, tanto que pude ver a surpresa no rosto dele.

— Não sabe o que diz, você está com sede.—rebate calmo.

— Agora tudo o que eu disser é por causa da maldita sede?

— Eu sei quando você se altera por causa dela.

— Você não me conhece para saber isso.— argumento.— Pare de tentar colocar uma coleira em mim.

—Eu jamais faria algo assim.— ele elevou a voz.— Só quero cuidar de você.

Senti meus olhos arderem.

— Eu sei me cuidar.

Dou um passo em falso e acabo caindo no chão. Meu cotovelo havia batido em algo que rapidamente afundou na lama. Olhei para trás e vi um dos túmulos se abrir lentamente, fazendo um ruído meio barulhento.

Só percebi que fui engolida tarde demais, Nicholas segurou a minha mão na tentativa de me puxar, mas não deu certo. Acabei caindo em um profundo buraco, onde havia pouca luz e com bastante terra no piso.

— Jean!

Levanto do chão e tiro a poeira das calças.

— Eu estou bem!—respondo bem alto.

Nicholas desceu bem rápido que mal pude acompanhar.

— Você me deu um susto.— diz preocupado.

— Como eu disse, eu estou bem.

Ele olha ao redor junto de mim, aquele local estreito onde estávamos parecia ser uma caverna subterrânea, com apenas esse corredor como caminho.

Depois de alguns minutos andando de baixo daquele cemitério, nós encontramos uma porta feita de metal com uma manivela. Eu usei a força para tentar abrir, o que no final funcionou.

Lá dentro estava escuro, tentei achar algum tipo de interruptor, mas não havia nada do tipo no local.

— Eu não enxergo nada.— Nicholas diz esfregando a mão no meu rosto.

— Essa é a minha cara.

— Foi mal.— sua risada ecoou. O lugar deveria ser enorme.

Eu toco em algo que parecia ser uma alavanca, puxo devagar e me afasto quando surgiu um barulho de algo ligando. Um motor talvez?

As luzes estavam voltando de forma lenta, piscando algumas vezes de forma rápida. Mas depois que ficaram normais, meus olhos se arregalaram com a imagem daquele lugar. Era um laboratório enorme, estávamos no deque onde ficava a entrada. Lá embaixo havia computadores e mesas com vidros cheios de experiências, um telão do tamanho de um balão de ar quente ficava exibido na parede de frente para nós.

E as paredes.... as paredes estavam cheias de depósitos de armas.

Havia algumas portas lá embaixo também, mas  eu não ousei descer. Eu não queria acreditar no que estava vendo, era tudo assustador pra mim.

— É exatamente como o meu pai descreveu no diário.— Nick comenta admirado.

Enxerguei alguns recipientes em cima das mesas, eram embriões dentro deles?

Cheguei lá embaixo em uma fração de segundos, quando me deparei já estava com um deles na mão. Era um bebê que estava nele, um bebê.

Nos outros haviam órgãos e membros, mas a maioria havia embriões. E eu sei bem o motivo, sei por minha causa. Eu não era a primeira naquele projeto, eles tentaram muitas vezes com bebês diferentes.

— Isso é tão triste.— digo em voz baixa.— Esse lugar não deveria existir.

— Você tá chorando?

Limpo o rosto quando ele aparece atrás de mim. Eu nem percebi que estava chorando.

— Vamos embora, temos que avisar os outros sobre esse lugar.

Coloco de volta o recipiente e subo as escadas do deque.

— Mas nem terminamos de checar o local.

— Se quiserem, vocês podem revirar isso aqui. Mas eu não quero mais passar um minuto nesse laboratório.

— Escuta.

— O quê?

— Eu não faço ideia de como você está lidando com tudo isso. Mas Jean, se você me contar o que se passa na sua cabeça...— ele me olha de uma forma, uma forma que não sei explicar.

— Você não entenderia. Nem eu sei o que está havendo comigo ou aqui dentro.— cutuco a cabeça.— Irei avisar a Lorelai.

Meu vizinho se chama Vlad Where stories live. Discover now