Minha espada, meu escudo.

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***

Acordo no meio da noite sem ao menos ter tido um pesadelo. Eu havia dormido do nada, não tinha nem percebido.

Estranhei quando toquei meu abdômen, ele não estava mais dolorido. Levanto minha blusa de seda e fico confusa quando o hematoma não estava mais lá, a superfície da minha pele estava mais limpa e macia.

Me levanto da cama e me surpreendo quando meu corpo demonstra mais firmeza, pois antes eu estava bastante fraca.

- Eu fiquei acordado durante dias.- me viro e vejo Vlad encostado na varanda.- Eu não sabia como você estava.

- Como entrou aqui?

- Subi a varanda.- ele se inclina um pouco para frente e cruza os braços. Vlad estava usando sua jaqueta preta de couro, seus pés estavam descalços e seu cabelo estava bagunçado. Ele sempre mostrava como era belo para qualquer um que olhasse pra ele.- Eu disse para todos os serviçais verem você todos os dias, mas parece que você nem se quer respondia quando eles batiam na porta.

Eu dou de ombros.

- Eu precisava ficar só.

Ele aperta os lábios.

- Eu fiquei preocupado.

- Não precisa fingir que se preocupa comigo.

- Isso não é verdade.- ele rebate.- Eu me importo com você. Já não provei isso?

- Várias vezes.

- Então por que duvida?

- No começo eu duvidava.- eu sento na cama.- As escolhas que você toma sobe pressão são escolhas que me machucam, que machucam outras pessoas.

- Como Olive.

- É, como a Olive.

- Eu não tive escolha Jean.

Eu o encaro com lágrimas no rosto.

- Sempre temos escolha. Sempre.

- Dessa vez não.

- Eu sei. Mas... deveria ter havido alguma brecha.- Passo a mão pelo rosto.- Transformou ela, por que não tinha outra saída. Olive já estava morrendo, já tinha perdido muito sangue...

- Não se torture.

- Eu não sei se ainda dava para salvá-lá...

- Jean.

- Ela tava morrendo, ela tava sofrendo dolorosamente...

- Ei...

- A culpa não foi sua.- digo limpando as lágrimas.

- Foi minha culpa, Jean.

- Não, Vlad.- Eu levanto da cama e vou até ele.- Eu fiquei dias aqui dentro tentando entender se você tinha errado em transforma-lá, eu te culpei por ter feito isso, eu tentei te odiar e não confiar mais em você. Mas não tem como... como eu poderia te odiar?

Vlad me envolve nos braços.

- Tá tudo bem.- a voz dele abafava nos meus cabelos.

- A culpa não é sua.- digo chorando.

- É sim, Jean. E eu vou viver com isso pra toda eternidade.- diz acariciando o meu cabelo.

- Seu pai fez isso. A culpa é dele.

- Shh...

- Ele quem deve viver com a culpa. Você não merece isso...

- Eu mereço muito mais, Jean. Você o ouviu no grande salão. Não sou nada santo.

- Então é verdade, você matou gente inocente?

Sinto o peito dele se encher de ar lentamente.

- Você tem que comer alguma coisa.- Diz mudando de assunto.

- Eu não estou com fome.- digo me afastando.

- Jean, eu estou ouvindo o seu coração. Ele está muito fraco. E a sua pressão sanguínea tá muito baixa, como ainda não passou mal?

- Amanhã eu como. Agora eu só quero dormir.

Ele respira profundamente.

- Tudo bem. Vá pra cama.

Eu me joguei na cama cansada. Vlad veio até mim e se deitou bem do lado, havia uma pequena distância entre nós dois.

- Você vai ficar aqui?-pergunto.

- Vou. Se você ainda não passou mal, é por que ainda vai passar. Então vou ficar aqui com você, por via das dúvidas.

- Tudo bem.- digo me virando.

- Boa noite Jean.

Eu fecho os olhos lentamente, eu estava muito cansada.

- Boa noite Vlad.

Meu vizinho se chama Vlad Where stories live. Discover now